Novo paradigma: cego guiando cegos |
Tenho pensado bastante no panorama político internacional, que parece caminhar para desastres econômicos no Ocidente e para o surgimento de novas ditaduras no Oriente Médio, isso sem falar de uma iminente grande guerra. O compromisso de manter esse blog atualizado sempre que possível contribuiu para ordenar as idéias e complementá-las com mais pesquisas e estudos, já que não posso desrespeitar meus leitores, que além de leiais, mostram-se muito qualificados nos comentários e e-mails.
Em todo o mundo vejo a estabilidade desaparecendo do dia-a-dia das pessoas para dar lugar a hábitos, costumes e crenças sem nenhuma relação com nossa cultura e que, pior ainda, nada trazem de benefícios reais. Ouso dizer que nunca, na história humana, o mundo foi liderado por seres tão desprezíveis, mesquinhos, sem caráter e sem inteligência. O que tenho notado com muita freqüência é que por trás das atitudes políticas irresponsáveis e desonestas está uma profunda decadência intelectual e moral não apenas das lideranças, mas também das populações e das instituições representativas.
As causas desta marcha da vaca (ou ovelha?) para o brejo me parecem bem evidentes: as ideologias modernas minaram a capacidade intelectual da maioria das pessoas expostas a seus venenos e armadilhas cognitivas. Mesmo entre os melhores noto certa impotência mental, certo desânimo, que em alguns chega ao niilismo estúpido e irresponsável, feito ovelhas caminhando rumo ao precipício (ou brejo?) - mééééééé.
Por essas e outras, eu pergunto: Onde estão os excelentes?
...
Um texto sábio. Leia.
O Homem-Massa
Numa boa ordenação das coisas públicas, a massa é o que não actua por si mesma. Tal é a sua missão. Veio ao mundo para ser dirigida, influída, representada, organizada – até para deixar de ser massa, ou, pelo menos, aspirar a isso. Mas não veio ao mundo para fazer tudo isso por si. Necessita referir a sua vida à instância superior, constituída pelas minorias excelentes. Discuta-se quanto se queira quem são os homens excelentes; mas que sem eles – sejam uns ou outros – a humanidade não existiria no que tem de mais essencial, é coisa sobre a qual convém que não haja dúvida alguma, embora leve a Europa todo um século a meter a cabeça debaixo da asa, ao modo dos estrúcios para ver se consegue não ver tão radiante evidência. Porque não se trata de uma opinião fundada em factos mais ou menos frequentes e prováveis, mas numa lei da " física " social, muito mais incomovível que as leis da física de Newton. No dia em que volte a imperar na Europa uma autêntica filosofia – única coisa que pode salvá-la –, compreender-se-á que o homem é, tenha ou não vontade disso, um ser constitutivamente forçado a procurar uma instância superior. Se consegue por si mesmo encontrá-la, é que é um homem excelente; senão, é que é um homem-massa e necessita recebê-la daquele.
Ortega y Gasset - A Rebelião das Massas
01 de agosto de 2013
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