Enquanto a atenção da sociedade é hipnotizada pelo espetáculo das máscaras e do quebra-quebra, os donos do poder fabricam uma reforma política para que tudo continue na mesma e, se der, para piorar a qualidade da nossa democracia.
Blackblocks, anarcoprimitivismo, vandalismo revolucionário e por aí vai, são nomes novos de história velha. Mussolini e Hitler formaram organizações paramilitares que utilizavam a violência para dissolver comícios e manifestações de trabalhadores. Isso tinha a conivência dos governantes de então e seus patrocinadores, que apoiaram por debaixo do pano o fascismo e o nazismo para combater os adversários, que na ocasião eram principalmente os socialistas e comunistas. Deu no que deu.
A história se repete com nova embalagem. É a mesma receita de oportunismo, conservadorismo e totalitarismo, agora com as máscaras da revolução salvadora e da estética libertária.
MASCARADOS CONTRA A SOCIEDADE
A violência nas ruas aqui e agora não é contra o poder, nem contra os governos, nem contra o capital. É contra a sociedade.
Tirando a participação de um ou outro desavisado e dos ladrões miseráveis, as blitzkriegen de mascarados não têm nada de selvagens e voluntárias.
São artificiais, programadas, calculadas, organizadas para afastar o povo das ruas, esvaziar as manifestações pacíficas e cancelar a agenda contra a governança ruim, o descaso com os serviços públicos, a corrupção e a impunidade. E ajudar na reeleição.
Há suspeitas que esta mesma tática foi usada para enfraquecer o movimento Occupy.
Enquanto a atenção da sociedade é hipnotizada pelo espetáculo das máscaras e do quebra-quebra, os donos do poder fabricam uma reforma política para que tudo continue na mesma e, se der, para piorar a qualidade da nossa democracia.
JULGAMENTO DO MENSALÃO
As digitais dos interessados no esvaziamento das manifestações da multidão – o grande acontecimento de junho – estão cada vez mais evidentes nas ações dos mascarados. Só não vê quem não quer.
O slogan “Moralismo não!” pichado durante as depredações em São Paulo é provavelmente uma antecipação de outro objetivo político dos seus mentores e organizadores: atacar a próxima etapa do Julgamento do Mensalão, que deve recomeçar nos próximos dias.
Vale lembrar que uma das linhas de defesa política dos mensaleiros é o argumento de que todo poder é corrupto e, em consequência, de que o combate à corrupção é manifestação de moralismo conservador. Trata-se de um projeto de legitimação filosófica da corrupção e, de quebra, de ajuda aos companheiros encrencados no STF.
TIRAR DE CENA A MULTIDÃO
O Brasil enfrenta problemas e injustiças sociais que exigem ações decisivas e urgentes. Não é, porém, a violência que vai viabilizar as mudanças necessárias. Estamos muito distantes de uma situação em que a insurreição violenta seja a forma mais eficaz de reivindicação e oposição ao poder.
Ao contrário do que se pode supor, é mais fácil para o poder controlar a violência de alguns mascarados que enfrentar a manifestação pacífica de milhões de pessoas, dentro das regras democráticas.
O país precisa de mais democracia para enfrentar a injustiça e conquistar melhores condições de vida.
Se o estado não fez o dever de casa e a sociedade organizada não cobrou mudanças porque foi cooptada, a conta está sendo apresentada pela pouco conhecida e muito temida multidão, que parece não depender de líderes e de organizações para acontecer como fato político de extrema grandeza.
A resposta do poder às manifestações de junho tem sido o retorno do mesmo: agentes políticos acumpliciados nas instituições representativas e nas organizações sociais investem para tirar de cena a multidão. Usam as velhas estratégias da astúcia política escancarada e da violência mascarada.
06 de agosto de 2013
Altamir Tojal
(Esse Mundo Possível)
Blackblocks, anarcoprimitivismo, vandalismo revolucionário e por aí vai, são nomes novos de história velha. Mussolini e Hitler formaram organizações paramilitares que utilizavam a violência para dissolver comícios e manifestações de trabalhadores. Isso tinha a conivência dos governantes de então e seus patrocinadores, que apoiaram por debaixo do pano o fascismo e o nazismo para combater os adversários, que na ocasião eram principalmente os socialistas e comunistas. Deu no que deu.
A história se repete com nova embalagem. É a mesma receita de oportunismo, conservadorismo e totalitarismo, agora com as máscaras da revolução salvadora e da estética libertária.
MASCARADOS CONTRA A SOCIEDADE
A violência nas ruas aqui e agora não é contra o poder, nem contra os governos, nem contra o capital. É contra a sociedade.
Tirando a participação de um ou outro desavisado e dos ladrões miseráveis, as blitzkriegen de mascarados não têm nada de selvagens e voluntárias.
São artificiais, programadas, calculadas, organizadas para afastar o povo das ruas, esvaziar as manifestações pacíficas e cancelar a agenda contra a governança ruim, o descaso com os serviços públicos, a corrupção e a impunidade. E ajudar na reeleição.
Há suspeitas que esta mesma tática foi usada para enfraquecer o movimento Occupy.
Enquanto a atenção da sociedade é hipnotizada pelo espetáculo das máscaras e do quebra-quebra, os donos do poder fabricam uma reforma política para que tudo continue na mesma e, se der, para piorar a qualidade da nossa democracia.
JULGAMENTO DO MENSALÃO
As digitais dos interessados no esvaziamento das manifestações da multidão – o grande acontecimento de junho – estão cada vez mais evidentes nas ações dos mascarados. Só não vê quem não quer.
O slogan “Moralismo não!” pichado durante as depredações em São Paulo é provavelmente uma antecipação de outro objetivo político dos seus mentores e organizadores: atacar a próxima etapa do Julgamento do Mensalão, que deve recomeçar nos próximos dias.
Vale lembrar que uma das linhas de defesa política dos mensaleiros é o argumento de que todo poder é corrupto e, em consequência, de que o combate à corrupção é manifestação de moralismo conservador. Trata-se de um projeto de legitimação filosófica da corrupção e, de quebra, de ajuda aos companheiros encrencados no STF.
TIRAR DE CENA A MULTIDÃO
O Brasil enfrenta problemas e injustiças sociais que exigem ações decisivas e urgentes. Não é, porém, a violência que vai viabilizar as mudanças necessárias. Estamos muito distantes de uma situação em que a insurreição violenta seja a forma mais eficaz de reivindicação e oposição ao poder.
Ao contrário do que se pode supor, é mais fácil para o poder controlar a violência de alguns mascarados que enfrentar a manifestação pacífica de milhões de pessoas, dentro das regras democráticas.
O país precisa de mais democracia para enfrentar a injustiça e conquistar melhores condições de vida.
Se o estado não fez o dever de casa e a sociedade organizada não cobrou mudanças porque foi cooptada, a conta está sendo apresentada pela pouco conhecida e muito temida multidão, que parece não depender de líderes e de organizações para acontecer como fato político de extrema grandeza.
A resposta do poder às manifestações de junho tem sido o retorno do mesmo: agentes políticos acumpliciados nas instituições representativas e nas organizações sociais investem para tirar de cena a multidão. Usam as velhas estratégias da astúcia política escancarada e da violência mascarada.
06 de agosto de 2013
Altamir Tojal
(Esse Mundo Possível)
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