Que tipo de sociedade queremos para o Brasil?
Toda
sociedade possui uma cultura ou lógica existencial capaz de desenvolver sinapses
cerebrais em seus indivíduos – meio que automaticamente, uma vez que é assim que
a vida individual se insere e passa a fazer sentido na coletividade –
predispondo-os a se sobressaírem no desenvolvimento de certas características
peculiares.
Assim, é
“natural” que uma geração nascida numa sociedade beligerante desenvolva
atributos e habilidades próprios de guerreiros. Numa sociedade assim os covardes
certamente virariam párias! Do mesmo modo, espera-se que uma criança sul-coreana
se torne um cientista, pois naquele país há uma política de Estado clara e séria
(há não muito tempo implantada) de desenvolvimento educacional e
tecnológico.
Nessa
mesma toada assistimos hoje no Brasil a construção de uma sociedade de
vagabundos: uma “Geração Estado-Dependente”. (Nota: vagabundo aqui, não
primeiramente no sentido de delinquente segundo o jargão policial, mas sim como
qualificação do preguiçoso que não valoriza o mérito pessoal, que não se esforça
para estudar e trabalhar visando a seu próprio progresso)
O
“BOLSISMO” – implantado na esfera federal no governo do PSDB e intensificado no
governo do PT, que numa jogada eleitoreira oportunista usurpou sua paternidade e
maternidade – é o pai e a mãe dessa “Geração Estado-Dependente”.
O próprio
ex-presidente Lula vaticinou seu nascimento quando logo no início do seu
primeiro mandato em visita ao nordeste do país disse mais ou menos isso:
“antigamente, quando chovia o sertanejo corria, pegava sua enxada e ia
plantar seu feijão, sua macaxeira... mas, com essas bolsas-esmola, ninguém quer
mais isso, pois sabe que receberá um vale-isso, um
vale-aquilo”.
Antes que
os monopolistas da justiça e bem social universal comecem a berrar, quero deixar
claro que sou favorável sim! a certas medidas assistencialistas pontuais
destinadas de fato aos pobres, porém o que se assiste hoje é a uma descarada
compra de votos oficializada através dos inúmeros programas sociais.
(O perfil
dos beneficiários do Bolsa-Família foi ilustrado por aquela senhora no Ceará que
no contexto da boataria do fim do Bolsa-Família disse mais ou menos isso em
entrevista: “eu fui depositar o dinheiro na poupança do meu esposo, como faço
todo mês, e como eu já estava lá na lotérica aproveitei pra ver o meu
bolsa-família, daí consegui sacar dois meses juntos”. Vamos lá: a verdade é
que a gente poupa o que excede à satisfação das necessidades
básicas)
Sim, diga-se de propósito: sou contra o tal do
“passe-livre”. “Não existe almoço grátis”. Ônibus, combustível, motoristas...
não caem do céu. Alguém tem que pagar por isso. Lógico, também sou contra a
máfia “empresas de ônibus x políticos”, sou contra a tarifa elevada e a
péssima qualidade do serviço prestado (sim, uso transporte público numa média de
50% dos meus deslocamentos para o trabalho, e não tenho gratuidade), sou contra
também políticos vagabundos. (Nota: vagabundo aqui, primeiramente no sentido
mesmo de delinquente, segundo o jargão policial)
Mas, vamos combinar: se diante
da satisfação de um DESEJO dos mais idiossincráticos, como por exemplo, o
cidadão querer se deslocar da Augusto Montenegro para a Praça da República, afim
de curtir um bom e velho rock’n roll, o Estado estiver obrigado a levá-lo e
trazê-lo gratuitamente, o que esse mesmo cidadão esperará desse mesmo Estado
diante de NECESSIDADES básicas suas, como alimentação e moradia?
Ora, ora... se
é meu direito ter meus DESEJOS satisfeitos pelo “Estado-Babá”, por qual lógica
não seria meu direito também a satisfação de minhas NECESSIDADES por esse mesmo
“Estado-Babá”?
O meu
desejo é que o Brasil, primeiramente, garanta o direito natural à vida por não
mais permitir que seus cidadãos sejam assassinados, pois essa é uma das razões
fundamentais da existência do Estado (no Brasil são cerca de 50 mil assassinatos
por ano ou 20,4 assassinatos por 100 mil habitantes – a ONU considera estado de
violência epidêmica taxas acima de 10 mortes violentas por 100 mil habitantes).
Depois, meu desejo é que o Brasil cumpra sua obrigação constitucional de prover
educação que capacite e qualifique seus cidadãos para tocarem suas próprias
vidas com dignidade, formando assim uma sociedade que trabalha e tem condições
de pagar, inclusive, pelo seu próprio “pão e circo”.
06 de agosto de 2013
Jordanio Ribeiro, Perito Criminal
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