O PT nunca dá o braço a torcer nem abre mão do protagonismo em nenhum roteiro. Apossou-se sem escrúpulos da “autoria” das manifestações populare de junho. A histórica mobilização que levou milhares de jovens em protesto às ruas (teve dia em que a conta passou de um milhão), convocados pelas redes sociais, está sendo recontada.
A nova versão cara de pau é a de que a mobilização aconteceu graças ao bom desempenho do governo. Malabarismo à parte, não dá para menosprezar a destreza de lulopetistas em manipular fatos adversos para torná-los favoráveis. Ou se fazerem de vítimas.Vivem a queixar-se da mídia “tendenciosa”, “oposicionista”, “golpista” ou lá como a chamem. Porém, na sexta-feira, durante o Foro de São Paulo, Lula admitiu estar na hora de pararem de reclamar e criarem seus próprios meios de comunicação.
Afinal, agora passou a existir um modelo disponível; espetacularmente testado. No qual enxergaram enfim os resultados práticos. E o mais importante: fácil de se apoderarem dele.
Qual modelo?
Aquele que a ex-senadora Marina Silva enxergou de primeira, explicava o que era e ninguém entendia. Quer dizer, quase ninguém entendia o alcance das redes sociais na política. No Foro, Lula falou ainda da necessidade de uma nova forma de organização. Tipo a que foi demonstrada nas manifestações.
Portanto, neste momento, o fato de Dilma ter sancionado ontem o Estatuto da Juventude tem um peso bem maior do que se poderia imaginar. Intenções também.
A partir do estatuto, cerca de 51 milhões de brasileiros com idade entre 15 e 29 anos são declarados jovens. Ou seja, ¼ da população do país. Mais. Torna-se obrigatório a criação de espaços para jovens serem ouvidos e estimulados a participar de articulações políticas.
O que pode ser ótimo, desde que não haja doutrinação. E, sim, estímulo para pensar com liberdade.
Mais. O Observatório Participativo da Juventude (Participatório), que funcionava desde julho, está oficializado. A página na internet foi criada pela Secretaria Nacional de Juventude, subordinada à Secretaria Geral da Presidência da República.
Seu ponto chave é o diálogo com os movimentos sociais (redes) e a sociedade (portais e blogs); relações interministeriais, parlamentares e outras áreas de governo. Até porque, apesar de, aos 29 anos, muitos jovens serem pais e mães de crianças crescidas, terem famílias para sustentar, ainda pertencem a uma faixa de idade com força e energia para militar no asfalto.
Algum problema? O Black Bloc...
06 de agosto de 2013
Ateneia Feijó é jornalista.
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