Ninguém suporta a ambição de Mercadante. O primeiro negro esperança dos EUA virou negro decepção. Covas, doentíssimo, nada a ver com o cartel da Siemens.
Essa questão sobre a Siemens é muito mais grave, importante e profunda do que parece. A montagem desse cartel ocorreu em 2000. Surpreendente ou inexplicável: a Siemens comandou tudo, preparou a licitação para ele mesma, isolada, e escolheu as outras quatro empresas que iriam disputar e “desistiram”.
Em troca de receberem grandes fatias das obras, o que caracteriza o cartel.
Agora, 13 anos depois, a mesma Siemens vem a público e denuncia toda a armação do cartel, da qual se favoreceu e ainda se favorece. Quem sabe apanhados despreparados e desprevenidos para a denúncia da própria Siemens, os que estiveram no Poder ou perto dele tentam se livrar da responsabilidade, das mais diversas maneiras
E consideram que a forma irrepreensível seria jogar toda a culpa no governador Mário Covas, doentíssimo, que em 2000 não foi uma só vez ao Palácio Bandeirantes. E morreria logo em 2001, no início do segundo mandato.
O responsável por tudo era o vice Alckmin. Covas tinha um histórico de doença desde 1986, quando se elegeu senador, mesmo indo para o hospital com enfarto violento. Foi eleito porque eram duas vagas e dois únicos candidatos, ele e FHC.
(Amanhã, contarei a precariedade da saúde de Covas e os truques e política de malandragens e acordos de bastidores nessa sujíssima eleição de 1986
A Siemens e as outras 4 envolvidas e beneficiadas pelo cartel se recusam a explicar qualquer coisa, não dão notas oficiais sobre o cartel. Se limitam, as cinco empresas, a uma declaração coletiva:”Estamos colaborando com as investigações”.
Ora, no dicionário da Justiça, Civil ou Militar, “colaboração” é praticamente confissão para receber pena menor. Na Justiça Criminal foi criada até a expressão “delação premiada”, que garante a impunidade, desde que a “delação” seja substancial.
De qualquer maneira, além dos responsáveis que transaram administrativamente com a Siemens e tentam se livrar da punição, outra dúvida inexplicável: por que a Siemens, com a concordância das outras quatro, denunciou tudo (?) 13 anos depois?
“MOROSIDADE” DA JUSTIÇA
Obrigado pela correção, Werneck. Mas total restrição a essa palavra tão usada, morosidade. Ela está sendo usada no lugar de cumplicidade. Nenhum processo pode demorar 35 anos e estar longe de solução.
E isso só aconteceu pela irresponsabilidade e impunidade de desembargadores, ministros do STJ e do próprio Supremo. Se tivessem sido punidos pela indecência e indignidade dos “engavetadores” de processos, isso não se repetiria.
E desculpas para Darcy, não lembro o nome dos que votaram nesse 7 a 4, três eram do então Tribunal Federal de Recursos, praticamente desconhecidos. E louvores para João Batista, que lembra os processos sobre as indenizações dos planos econômicos e do caso Varig, que estão com Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa.
Não adianta nada cobrar, mas todo protesto representa responsabilidade. Eles lêem logo pela manhã, sôfregos. Não podem tomar providências por causa dos famosos “interesses criados”, esses, supremos.
INCOMPREENSÍVEIS CONCESSÕES DE OBAMA
Corretíssimo, Almério Nunes. O “sistema” nos EUA tem mais importância do que o próprio presidente. Talvez por isso, tenha concordado que um negro ocupasse o cargo. E com isso, razoavelmente comportado, se saído bem e reeleito.
Mas inexplicável e incompreensível é que as concessões extravagantes tenham vindo assustadoramente no segundo mandato. Agora, sendo o fim da vida pública, poderia se “desaptar” (Obrigado, usei a sua palavra) e governar de verdade. Pois não é que nem tentou, quando teria tudo para assumir de verdade? E combater logo a liberdade e privacidade, comprometendo até a conquista de um pouco mais de igualdade.
Obama tem mais 3 anos e meio de suposta autonomia para ficar ao lado do povo. Que com a repercussão dos EUA no mundo, não favorece apenas os americanos, mas os cidadãos dos mais variados países. Será que Obama tem receio de ser incluído “entre os quatro presidentes dos EUA” que saíram do palco dramaticamente, como você mesmo lembrou?
Obama, com medo da liberdade, desperdiça tudo o que construiu ou conquistou, principalmente por ser negro e confiável. Continua negro, mas perdeu a confiança. Apesar da “solidariedade” de Putin e a insensibilidade de Obama, Rússia e EUA podem reviver a “guerra fria”.
Está “fria” mesmo. Conclusões ou constatações só no dia 20 de setembro, quando Obama tem uma viagem marcada à Rússia. Se for, vai seguir as regras diplomáticas. Se não for, um novo período de isolamento entre essas potências.
Mas a Rússia depende e até precisa muito mais dos EUA, do que o contrário. Obama está preocupadíssimo com a viagem, tem conversado muito com John Kerry, Secretário de Estado, a Hillary Clinton do segundo mandato.
De qualquer maneira, Obama se complicou todo. Se não viajar para a Rússia, desmarcar ou desistir do que está na agenda há meses, uma interpretação. Se confirmar, outra diferente. Mas aí não obterá nada durante um ano.
Putin não é confiável, deu asilo por 1 ano, como jogada estratégica. Mas durante esse tempo, não poderá mudar de posição, entregar Snowden.
Qualquer cidadão de qualquer país pode mudar de posição. Até presidentes de potências mundiais. Só que terá que pagar o preço, até invisível, mas real. Principalmente, um negro esperança.
A partir de 2016/17 (fim dos mandatos), Obama não poderá disputar ou exercer qualquer cargo. Pretendia se despedir com liderança respeitada e democrática. Mas pela trajetória percorrida, sair de corpo inteiro já será uma façanha.
MERCADANTE MERCADANDO CONTRA MANTEGA
O maior problema interno de Dona Dilma (são tantos) é o relacionamento entre ministros. O da Educação combate todos, faz campanha geral, mas seu principal alvo é Mantega.
Sendo economista, muitos afirmam:
“Quer ser ministro da Fazenda, a mesma ambição de 2003, quando Lula assumiu e ele se elegeu senador”.
Tenta também derrubar Dona Hoffmann, novamente a explicação: “Mercadante quer ocupar a Chefia da Casa Civil, no caso de haver reeleição já estaria no cargo-trampolim”.
Aí, bobagem dele, a atual titular vai sair mesmo, quer ser governadora. Se perder terá ainda 4 anos de mandato no Senado.
TUDO ESTÁ SAINDO ERRADO
Mas o ministro da Educação, por exagero no presente, está perdendo as chances no futuro. A insistência com que fala sobre a questão do “Mais Médicos”, superando inteiramente o ministro da Saúde, provoca reações. E já tem sido cortado de viagens presidenciais, antes era o primeiro a ser relacionado.
E a declaração pública do senador Dornelles arrasou Mercadante. E foi crítica dura, com nome, frontal. E o ministro nem pôde responder, as credenciais do senador do Estado do Rio, incomparáveis.
PS – Até o diretor brasileiro no FMI vota contra as ordens de Mantega, segue Mercadante. O ministério da Fazenda deveria demiti-lo.
PS2 – Mantega não tem autonomia de voo para nada, tem que aceitar todas as impropriedades diretas e indiretas.
PS3 – O ministro da Fazenda só tem o apoio de Dona Dilma, que nas atuais circunstâncias é “apoio-contra”.
ANISTIA E PUNIÇÕES
O comandante da Polícia Militar eliminou as punições a PMs, punidos desde 2011. O Secretário de Segurança, Beltrame, criticou o comandante, “quero explicações à sociedade”. O comandante da PM disse publicamente: “Não comentarei as declarações do secretário Beltrame”.
Diante disso, a pergunta é obrigatória:
“Qual é a hierarquia no caso, quem é subordinado a quem?”. E cabralzinho serginho, na sua versão de humilde e “nada arrogante” e “sem soberba”, o que fará?
Hélio Fernandes
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