"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 6 de agosto de 2013

"O IMPORTANTE ALERTA DE GUSTAVO LOYOLA"

"O importante alerta de Gustavo Loyola"
 
 O cobertor é curto. O governo distribui benesses para todos os lados, mas não consegue estimular o crescimento econômico, só a inflação. Diante desse quadro, ele opta por sacrificar o último pilar da herança bendita da era FHC: a responsabilidade fiscal. Já temos um câmbio que não é tão livre assim, uma meta de inflação bem afrouxada, e agora o governo Dilma caminha, a passos largos, para o assassinato da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Em seu artigo de hoje no VALOR, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola coloca o dedo nessa ferida. Vários economistas têm apontado para esse risco crescente, mas poucos foram tão diretos como Loyola. Se essa situação não for revertida logo, o Brasil correrá sérios riscos à frente. O problema, como aponta o economista, é que nada indica que haverá mudança de rumo. Pelo contrário…

Segue o trecho final da coluna, cujo alerta deveria servir para a reflexão de todos:

Dessa maneira, o superávit de 2,3% do PIB prometido pelo governo passou a depender de receitas excepcionais de concessão, cuja ocorrência é incerta, assim como de uma melhora na arrecadação federal, o que parece improvável diante do enfraquecimento da atividade econômica no decorrer de 2013. De todo modo, o pecado maior não se encontra tanto na redução do superávit em si, mas na gestão pouco transparente e errática na política fiscal, o que compromete a confiança dos investidores na trajetória da economia brasileira nos próximos anos. A ameaça de rebaixamento do “rating” da dívida soberana brasileira tornou-se real, depois de vários anos de melhoras sucessivas na classificação do risco Brasil.

Outro aspecto preocupante é o fato de estarmos às vésperas de um ano eleitoral, que promete uma disputa acirrada pela reeleição da presidente Dilma. A experiência de situações assemelhadas no passado sinaliza que 2014 tem tudo para ser um ano de “bondades” com impactos nas finanças públicas, tais como a revisão da tabela do IR, aumento real dos benefícios previdenciários e de assistência social etc. Tudo isso agravado pela erosão da base política do governo no Congresso Nacional que pode ensejar a aprovação de medidas de alto impacto fiscal, como o fim do fator previdenciário.

Por tudo isso, a política fiscal encontra-se numa encruzilhada. Ou o governo volta à rota da responsabilidade fiscal que trouxe tantos benefícios ao país ou a situação se tornará irreversível, comprometendo seriamente o edifício construído a duras penas nas últimas duas décadas. Caso isso ocorra, os prejuízos para o país em termos de crescimento e estabilidade macroeconômica serão incalculáveis.

Como considero pequenas as chances de o governo Dilma tomar a decisão certa diante da encruzilhada, recomendo a todos que se preparem para “prejuízos incalculáveis”. Como diz o provérbio chinês, “Espere o melhor, prepare-se para o pior, e receba o que vier”. Só não digam que não foram avisados…

06 de agosto de 2013
Rodrigo Constantino, Veja online

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