"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 5 de março de 2013

BILLIE JEAN

       
          Artigos - Cultura 
       
maqpeda
O controle psicológico, por meio da educação, da mídia, da gestão de empresas e do controle social, conduz a uma sociedade igualmente totalitária, na qual os modos primitivos de controle foram substituídos por técnicas não aversivas.

Em seu hit Billie Jean, Michael Jackson canta “Be careful of what you do ‘cause the lie becomes the truth” (Cuidado com o que você faz, porque a mentira vira verdade). Ou, como se dizia antigamente, “quem não vive conforme pensa, acaba pensando conforme vive”.
 
Boas frases para definir a “dissonância cognitiva”, técnica de manipulação psicológica em que, por exemplo, o manipulador constrange você, num contexto de liberdade relativa, a agir contra os seus princípios, o que faz com que você modifique os seus valores para diminuir a tensão que o oprime.
 
Esta e diversas outras formas de engenharia comportamental – friamente concebidas e cruelmente aplicadas, destinadas à lavagem cerebral – são descritas por Pascal Bernardin no livro Maquiavel Pedagogo, importante lançamento das editoras Vide Editorial e Ecclesiae, obra imprescindível para quem quer entender por que o sistema educacional mundial (com raríssimas exceções) não tem mais o objetivo de ensinar (o ensino, agora, deve ser “não cognitivo”), mas de servir de instrumento de uma revolução cultural e ética cujo propósito é mudar os valores e criar o cidadãozinho bem-comportado da Nova Ordem Mundial (leia-se ditadura global).
 
Amplamente documentado, o livro mostra como UNESCO, Conselho da Europa, Comissão de Bruxelas e OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) promovem uma revolução pedagógica visando criar uma nova sociedade, numa sofisticada reapresentação da utopia comunista (não devemos nunca nos esquecer do aviso de Fátima: “a Rússia espalhará os seus erros pelo mundo”). A partir de uma mudança de valores, da manipulação da cultura e da modificação das atitudes e dos comportamentos pretende-se fazer a revolução psicológica e, ulteriormente, a revolução social.
 
Para atingir este objetivo são usados os resultados de pesquisas pedagógicas obtidos pelos soviéticos e pelos criptocomunistas norte-americanos e europeus. São utilizados métodos ativos para inculcar, nos estudantes (e, de modo mais geral, em toda a sociedade), valores, atitudes e comportamentos definidos de antemão. Os traços mais relevantes dessa revolução pedagógica são: testes psicológicos (em grande escala), subordinação do ensino livre, anulação da influência da família e informatização mundial das questões do ensino e o censo de toda a população escolar e universitária.
 
Assim deve ser, segundo tais planejadores, a educação futura: para a massa, o ensino não cognitivo, pura doutrinação esvaziada de toda substância intelectual; para a elite, uma verdadeira formação intelectual necessária ao trabalho mental (não isenta da doutrinação comuno-globalista). Tudo isso visando criar a sociedade dual, em que só existirão duas classes: dirigentes e dirigidos, elite e povo, senhores e escravos.
 
É este o objetivo do livro: demonstrar que não existe qualquer contradição entre democracia aparente e socialismo (ante-sala do comunismo, segundo Olavo de Carvalho). O socialismo não é um sistema econômico, mas um sistema social, que pode acomodar-se ao capitalismo, para dele se livrar, se necessário, quando a revolução psicológica tiver sido concluída. O controle psicológico, por meio da educação, da mídia, da gestão de empresas e do controle social, conduz a uma sociedade igualmente totalitária, na qual os modos primitivos de controle foram substituídos por técnicas não aversivas, das quais o povo não tem conhecimento. Manipulado, ele não percebe que o seu comportamento é controlado, de modo diverso, com mais eficácia do que num sistema totalitário, no qual a sua revolta latente haveria de lhe garantir a sua última proteção psicológica.
 
Não se deixe manipular – leia urgentemente este livro. (Que, a bem da verdade, devia ter chegado antes, pois o original é de 1995. Mas, antes tarde do que nunca. Parabéns à Vide Editorial e à editora Ecclesiae.)
E, acima de tudo, viva conforme pensa, senão... (Be careful of what you do, otherwise...).


05 de março de 2013
Ricardo Hashimoto
é engenheiro e coach.

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