Em 2006, como se esperava, após quatro anos como governador, com ações projetadas por um forte marketing, Aécio chegou em condições de ser o candidato do PSDB ao Planalto.
À época, havia dois problemas a serem superados: derrotar Lula, um fenômeno político sem precedentes na história recente do Brasil, e conseguir desmontar o feudo paulista dentro do próprio partido.
O mineiro sucumbiu a essa última batalha, “cedendo” a vez para o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Provavelmente, Aécio perderia a primeira disputa também, como ocorreu com o tucano paulista.
No entanto, na avaliação de muita gente do meio político, caso forçasse a situação naquele momento e conseguisse a indicação, mesmo derrotado, Aécio já teria em seu currículo uma campanha presidencial com a projeção de seu nome país afora, uma carência ainda hoje sentida pelo senador mineiro.
Em 2010, os personagens mudaram, mas a história se repetiu. Ao fim de mais quatro anos como governador, tendo como portfólio a inauguração da Cidade Administrativa, uma “mini-Brasília” em Minas Gerais, orçada em mais de R$ 500 milhões, Aécio tentou novamente consolidar seu nome como presidenciável do PSDB. O cenário era animador. Sem Lula, a aposta do PT era Dilma Rousseff, até então, uma ministra linha-dura sem nenhum traquejo político.
Novamente, o cavalo passou arriado diante do tucano. Serra, com a retaguarda do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, impôs sua candidatura, e Aécio, em nome da unidade partidária, tirou seu time de campo e assistiu, com certo deleite, ao segundo naufrágio (2002 e 2010) – e, talvez, o derradeiro – do ex-governador paulista.
Mais de dez anos depois da primeira eleição para um cargo no Executivo, parece ter chegado, finalmente, a hora de Aécio. Com o grupo de Serra sem força política e com o PSDB paulista desgastado por três derrotas consecutivas na corrida presidencial, o campo ficou aberto pela primeira vez para o ex-governador de Minas Gerais. Mas há uma enorme interrogação pairando sobre se Aécio está pronto para a disputa. O tempo roubou a jovialidade da imagem e do discurso do mineiro.
E não há cirurgia plástica – o senador se submeteu, recentemente, a duas intervenções no rosto – para remediar tal problema. Em uma década, o PSDB e Aécio – este, mais calvo e menos eloquente – ainda não encontraram o espaço para a oposição, ficaram isolados e sem articulação
05 de março de 2013
Murilo Rocha (O Tempo)
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