Ao participar da audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, terça-feira, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que a crise econômica mundial deve se estender por mais dois anos, refletindo-se num menor crescimento do Produto Interno do nosso país. Excelente reportagem de Marli Prado, Folha de São Paulo de 3 de junho, reproduziu as declarações e focalizou amplamente o tema. A foto é de Ueslei Marcelino.
Para focalizar amplamente o tema, ouviu opiniões de Otávio de Barros, do Bradesco, Armando Castelar, da Fundação Getúlio Vargas, Mônica de Bolle, de Galanto Consultoria. Os especialistas colocaram suas versões e previsões, incluindo a necessidade da contenção dos gastos públicos e ampliação dos investimentos governamentais. Os investimentos oficiais impulsionam as aplicações de capital da iniciativa privada. Tudo perfeito. Não há dúvida quanto a teoria. Na prática, muda de figura.
Vamos por escalas. O Diário Oficial de 31 de janeiro deste ano revelou que, em 2011, o programa de investimentos federais atingiu 103,8 bilhões. Dados do secretário do Tesouro Nacional, Arno Hugo Augustin. Exatamente na véspera, um dia antes, o titular da STN revelou que, no último exercício, o governo pagou 169,8 bilhões de reais de juros aos bancos para rolar a dívida interna, hoje no patamar de 2 trilhões.
O contraste é evidente: está inclusive no título deste artigo. O Brasil pagou mais juros à rede bancária do que investiu no desenvolvimento econômico. Para 2012, o panorama não difere muito.
Os investimentos programados elevam-se a 107 bilhões. O desembolso com o giro do endividamento vai, na melhor das hipóteses, repetir o quadro de 2011. São 8,5% anuais para um montante de aproximadamente 2 trilhões. O impasse continua.
O círculo vicioso também. Não há sinais de ruptura. O país não cresce porque investe pouco. E investe pouco porque arrecada abaixo da necessidade real (a sonegação é muito alta) e gasta demais com os juros bancários. Os da Selic. Porque os juros de mercado permanecem altíssimos.
Qualquer pessoa pode conferir o que afirmo, inclusive o professor Flávio José Bortolotto, cujos comentários sobre matérias econômicas são sempre magníficos. Basta compulsar os extratos bancários que são dirigidos a todos os correntistas.
Contêm propostas de crédito e informam as taxas utilizadas para financiamento de saldos negativos nos cheques especiais e no refinanciamento de despesas através de cartões de crédito. O governo da presidente Dilma Roussef determinou a diminuição desses juros e das taxas da rede bancária. Até agora em vão. Fácil constatar, como estou sugerindo.
Alexandre Tombini – acentua Marli Prado – previu um crescimento global da ordem de 2,3%, neste ano, abaixo dos 3 pontos, resultado do ano passado. A perspectiva é de expansão moderada, de acordo com a economia chinesa. Hoje solução para tudo. A inflação brasileira deve fechar o exercício, em dezembro, com 4,5%. Não está otimista quanto ao primeiro, mas acredita que o segundo semestre em nosso país será melhor.
O governo anunciou desonerações tributárias para tentar estimular a atividade econômica – acrescentou. Mas as desonerações, entretanto, digo eu, vão inevitavelmente significar uma restrição de receita pelo menos na mesma proporção. São contradições, todas essas, que antagonizam com o ritmo de progresso. E, sobretudo, com qualquer política pública voltada para a redistribuição justa da renda nacional. Recordo uma expressão magistral do presidente Roosevelt ao assumir a Casa Branca em 1933: mede-se o desempenho do governo pela capacidade que tiver de assegurar o suficiente aos que têm pouco.
Para focalizar amplamente o tema, ouviu opiniões de Otávio de Barros, do Bradesco, Armando Castelar, da Fundação Getúlio Vargas, Mônica de Bolle, de Galanto Consultoria. Os especialistas colocaram suas versões e previsões, incluindo a necessidade da contenção dos gastos públicos e ampliação dos investimentos governamentais. Os investimentos oficiais impulsionam as aplicações de capital da iniciativa privada. Tudo perfeito. Não há dúvida quanto a teoria. Na prática, muda de figura.
Vamos por escalas. O Diário Oficial de 31 de janeiro deste ano revelou que, em 2011, o programa de investimentos federais atingiu 103,8 bilhões. Dados do secretário do Tesouro Nacional, Arno Hugo Augustin. Exatamente na véspera, um dia antes, o titular da STN revelou que, no último exercício, o governo pagou 169,8 bilhões de reais de juros aos bancos para rolar a dívida interna, hoje no patamar de 2 trilhões.
O contraste é evidente: está inclusive no título deste artigo. O Brasil pagou mais juros à rede bancária do que investiu no desenvolvimento econômico. Para 2012, o panorama não difere muito.
Os investimentos programados elevam-se a 107 bilhões. O desembolso com o giro do endividamento vai, na melhor das hipóteses, repetir o quadro de 2011. São 8,5% anuais para um montante de aproximadamente 2 trilhões. O impasse continua.
O círculo vicioso também. Não há sinais de ruptura. O país não cresce porque investe pouco. E investe pouco porque arrecada abaixo da necessidade real (a sonegação é muito alta) e gasta demais com os juros bancários. Os da Selic. Porque os juros de mercado permanecem altíssimos.
Qualquer pessoa pode conferir o que afirmo, inclusive o professor Flávio José Bortolotto, cujos comentários sobre matérias econômicas são sempre magníficos. Basta compulsar os extratos bancários que são dirigidos a todos os correntistas.
Contêm propostas de crédito e informam as taxas utilizadas para financiamento de saldos negativos nos cheques especiais e no refinanciamento de despesas através de cartões de crédito. O governo da presidente Dilma Roussef determinou a diminuição desses juros e das taxas da rede bancária. Até agora em vão. Fácil constatar, como estou sugerindo.
Alexandre Tombini – acentua Marli Prado – previu um crescimento global da ordem de 2,3%, neste ano, abaixo dos 3 pontos, resultado do ano passado. A perspectiva é de expansão moderada, de acordo com a economia chinesa. Hoje solução para tudo. A inflação brasileira deve fechar o exercício, em dezembro, com 4,5%. Não está otimista quanto ao primeiro, mas acredita que o segundo semestre em nosso país será melhor.
O governo anunciou desonerações tributárias para tentar estimular a atividade econômica – acrescentou. Mas as desonerações, entretanto, digo eu, vão inevitavelmente significar uma restrição de receita pelo menos na mesma proporção. São contradições, todas essas, que antagonizam com o ritmo de progresso. E, sobretudo, com qualquer política pública voltada para a redistribuição justa da renda nacional. Recordo uma expressão magistral do presidente Roosevelt ao assumir a Casa Branca em 1933: mede-se o desempenho do governo pela capacidade que tiver de assegurar o suficiente aos que têm pouco.
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