"Fizemos uma extensa pesquisa em todos os meios de comunicação até encontrá-lo. Contamos com nossos melhores repórteres. Foram meses de árdua e delicada investigação", discursou Florisberto Fernandes, representante da entidade, enquanto passava o indicador sobre a tela de seu iPad orgânico e falava em três celulares biodegradáveis ao mesmo tempo.
Há um grupo – majoritário, segundo os cálculos secretos da própria entidade – que vê no profissional um perigoso remanescente da economia fóssil a ser banido do ecossistema da informação.
"Mas não podemos julgar sem antes ouvir o Outro Lado", ponderou Fernandes, exibindo para as câmeras a 15ª versão do Manual de Conduta Ética e Moral da entidade, impressa em folhas de cânhamo.
Um grupo minoritário dentro da Abraji defende que o jornalista é um animal em
extinção e, como tal, deveria ser incluído na lista de espécies em risco.
A tese
tem ganho força e já há consenso de que é necessário manter o profissional sob
vigilância.
"Instalaremos nele um colar eletrônico e ele ficará sob a observação
de ONGs criativas, biólogos verdes e neurologistas sustentáveis, até que se
possa formar um juízo melhor sobre seus hábitos e caráter. Já firmamos um
convênio com o Observatório da Imprensa para coordenar os trabalhos", anunciou
Florisberto, exibindo seu bloquinho de anotações produzido por uma ONG de
inclusão social conveniada ao Ministério da Pesca.
Com o desassombro de quem não teme a controvérsia e o vigoroso debate de ideias, Fernandes afirmou que "conhecimento e criatividade são as chaves para a sustentabilidade".
Jornalistas presentes tomaram nota da frase e, ao fim da tarde, pelo menos três grupos de discussão foram constituídos para avaliar suas implicações.
Os ingressos recicláveis para “Mundo Verde e jornalismo criativo: interfaces” poderão ser comidos com requeijão artesanal na hora do coffee-brake.
The i-Piaui Herald
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