Temos assistido nos últimos anos o anúncio, pelas administrações Lula e Dilma, de que o Programa Bolsa Família supostamente aumentou a renda do povo brasileiro. Tal anúncio vem embalado no constante crescimento da capacidade de consumo das classes “C” e “D” e aumentando sobremaneira o mercado consumido de nosso país. Mas até onde esse fato é realmente uma verdade verificável?
Tal assertiva é, no mínimo, uma falácia. Isso porque o Programa Bolsa Família é um programa de transferência de renda, ou seja, a renda é transferida de um setor produtivo para um setor, até então, não-produtivo. Em regra, esses programas visam induzir o desenvolvimento em setores deficitários da economia e costumam ser temporários, visto que não devem servir de muleta ao setor produtivo.
Outro fator a ser considerado é que se formos medir de maneira real e criteriosa programas de transferência de renda iremos perceber que esses, de forma direta, reduzem a renda da sociedade no curto prazo. Até podem vir a gerar renda no médio e longo prazo, mas no curto prazo reduzem a renda da sociedade.
Um exemplo típico é um casal com um filho adolescente: ao decidirem dar uma mesada ao filho os pais transferem parte de sua renda ao jovem. A renda do jovem não soma a dos pais para o cálculo da renda familiar, ao contrário, ao se realizar esse cálculo esse valor deverá ser reduzido da renda total da família.
Quando as pessoas percebem isso o governo defende a transferência de renda afirmando que o aumento do consumo está provocando um circulo virtuoso ao país por meio do consumo nas classes que não estavam no mercado até então. Nova falácia e, ainda por cima, perigosa. Na realidade, essa vaidade governamental pode vir a se converter em um pesadelo futuro para a equipe econômica
A grande questão nesse caso é o fato de que boa parte do público do Bolsa Família é um público que não tinha como comprovar renda e que, após esse programa passou poder a fazê-lo. Com a estabilização da economia oriunda do Plano Real possibilitando com que se torne possível financiamentos de médio e longo prazo para a aquisição de bens de consumo esse público veio com força ao mercado adquirir bens aos quais não tinham acesso.
O grande problema embutido nisso é que toda espécie de financiamento é uma forma de alavancagem econômica. A pessoa capta no mercado um capital que não possui para pagar com um capital que possui expectativa de realizar no futuro – para utilizar um termo contábil. Contudo, a falta de planejamento financeiro, aliado as enormes possibilidades de crédito pode colaborar para que se crie um cenário de perspectivas perigosas no futuro.
Outro fator desconsiderado é o fato que a expansão do mercado de crédito e o conseqüente aumento do consumo provoca um aumento na demanda em relação à oferta fazendo com que os produtos encareçam gerando inflação. Dessa forma, é essencial que se monitore o mercado de forma permanente para que não se crie condições para que a inflação se descontrole em algum setor.
Utilizar a expansão do crédito como argumento de aumento de renda da população em decorrência do Bolsa Família é agir de forma completamente sem critério, visto que a relação existente entre um fato e outro não é vinculado, especificamente a renda. Programas de Transferência de Renda podem ter eficácia em determinadas condições e situações, todavia os mesmos devem ser sempre por tempo limitado e com objetivos claros a ser alcançados, caso contrário se convertem apenas em assistencialismo oficial com objetivos meramente políticos sem qualquer objetivo de desenvolvimento.
Espero haver evidenciado que, diferente do que se vem sendo alardeado pelo Governo, o Bolsa Família não aumentou a renda do povo brasileiro e, em alguns casos, pode estar servindo, inclusive, como fator de redução ao atuar como agente inflacionário ao expandir, de forma descontrolada, o mercado de crédito.
Sandro Schmitz
23 de junho de 2012
Tal assertiva é, no mínimo, uma falácia. Isso porque o Programa Bolsa Família é um programa de transferência de renda, ou seja, a renda é transferida de um setor produtivo para um setor, até então, não-produtivo. Em regra, esses programas visam induzir o desenvolvimento em setores deficitários da economia e costumam ser temporários, visto que não devem servir de muleta ao setor produtivo.
Outro fator a ser considerado é que se formos medir de maneira real e criteriosa programas de transferência de renda iremos perceber que esses, de forma direta, reduzem a renda da sociedade no curto prazo. Até podem vir a gerar renda no médio e longo prazo, mas no curto prazo reduzem a renda da sociedade.
Um exemplo típico é um casal com um filho adolescente: ao decidirem dar uma mesada ao filho os pais transferem parte de sua renda ao jovem. A renda do jovem não soma a dos pais para o cálculo da renda familiar, ao contrário, ao se realizar esse cálculo esse valor deverá ser reduzido da renda total da família.
O Bolsa Família não aumentou a renda do povo brasileiro e, em alguns casos, pode estar servindo, inclusive, como fator de redução ao atuar como agente inflacionário ao expandir, de forma descontrolada, o mercado de crédito
A grande questão nesse caso é o fato de que boa parte do público do Bolsa Família é um público que não tinha como comprovar renda e que, após esse programa passou poder a fazê-lo. Com a estabilização da economia oriunda do Plano Real possibilitando com que se torne possível financiamentos de médio e longo prazo para a aquisição de bens de consumo esse público veio com força ao mercado adquirir bens aos quais não tinham acesso.
O grande problema embutido nisso é que toda espécie de financiamento é uma forma de alavancagem econômica. A pessoa capta no mercado um capital que não possui para pagar com um capital que possui expectativa de realizar no futuro – para utilizar um termo contábil. Contudo, a falta de planejamento financeiro, aliado as enormes possibilidades de crédito pode colaborar para que se crie um cenário de perspectivas perigosas no futuro.
Outro fator desconsiderado é o fato que a expansão do mercado de crédito e o conseqüente aumento do consumo provoca um aumento na demanda em relação à oferta fazendo com que os produtos encareçam gerando inflação. Dessa forma, é essencial que se monitore o mercado de forma permanente para que não se crie condições para que a inflação se descontrole em algum setor.
Utilizar a expansão do crédito como argumento de aumento de renda da população em decorrência do Bolsa Família é agir de forma completamente sem critério, visto que a relação existente entre um fato e outro não é vinculado, especificamente a renda. Programas de Transferência de Renda podem ter eficácia em determinadas condições e situações, todavia os mesmos devem ser sempre por tempo limitado e com objetivos claros a ser alcançados, caso contrário se convertem apenas em assistencialismo oficial com objetivos meramente políticos sem qualquer objetivo de desenvolvimento.
Espero haver evidenciado que, diferente do que se vem sendo alardeado pelo Governo, o Bolsa Família não aumentou a renda do povo brasileiro e, em alguns casos, pode estar servindo, inclusive, como fator de redução ao atuar como agente inflacionário ao expandir, de forma descontrolada, o mercado de crédito.
Sandro Schmitz
23 de junho de 2012
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