Realmente há algo de podre no Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, que nem mesmo a genialidade de Shakespeare conseguiria justificar. Mas é um assunto tabu. Nenhum jornal ou revista entra nesse tema.
As irregularidades existentes no BNDES passam ao largo do Tribunal de Contas da União e da imprensa em geral. Como se diz na gíria, está tudo dominado. Ou adestrado, como ensina Helio Fernandes.
Essa podridão existe desde sempre e só foi quebrada na rápida gestão do professor de economia Carlos Lessa, o melhor presidente da história do BNDES, que comandou a instituição de janeiro de 2003 a dezembro de 2004, mas fez uma revolução e deixou sua marca indelével.
No início do governo Lula, quando assumiu o banco, tendo como vice-presidente o engenheiro Darc Costa, ex-coordenador do Centro de Estudos Estratégicos da Escola Superior de Guerra, Lessa imediatamente sentiu o cheiro da podridão que submetia o BNDES aos interesses escusos do sistema financeiro nacional e internacional.
O professor de Economia e ex-reitor da UFRJ ficou estupefato. Não conseguia entender por que o BNDES, em qualquer de suas operações, era obrigado a pagar uma taxa de risco de 4% a algum banco intermediário, que açambarcava toda a lucratividade do negócio.
O sistema funcionava como se o BNDES fosse incapaz de gerir suas operações de financiamento, tendo de recorrer a alguma outra instituição bancária sempre que fosse conceder um empréstimo. Ou seja, o BNDES não era mais um agente financiador, mas apenas um repassador de recursos públicos para instituições e empresas privadas nacionais e estrangeiras.
Lessa logo sentiu a podridão no BNDES
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DESABAFO DE LESSA
“Ora, por que a Petrobras tem de pagar 4% a algum banco para receber financiamento do BNDES?” – perguntava Lessa aos diretores. “Por que, a cada empréstimo de R$ 1 bilhão que fazemos à Petrobras, esse tal banco intermediário tem de ficar com R$ 40 milhões? Isso não tem justificativa. A Petrobras não pode pagar R$ 40 milhões simplesmente para o dinheiro atravessar a rua” – afirmava.
Carlos Lessa não titubeou e virou o jogo.
Sem consultar seus superiores imediatos ou interessados (o presidente Lula; o chefe da Casa Civil, José Dirceu; o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles; ou o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, ao qual o BNDES era subordinado), Lessa simplesmente baixou um ato interno determinando que o banco passaria a se responsabilizar diretamente por toda operação acima de R$ 10 milhões, as quais não mais sofreriam intermediação de outros bancos, fossem estatais ou privados, nacionais ou estrangeiros.
Ou seja, o risco dos financiamentos acima de R$ 10 milhões passaria a ser da responsabilidade do BNDES, sob avaliação da equipe técnica da instituição. Somente as operações abaixo de R$ 10 milhões seriam indiretas, com participação obrigatória de banco intermediário.
O pedido indireto de financiamento seria submetido a esse banco, que analisaria a viabilidade do investimento em função do mercado específico, avaliaria o risco de inadimplência e aprovaria ou não o financiamento.
Caso a operação indireta fosse aprovada, o BNDES automaticamente liberaria os recursos a serem repassados, enquanto o banco intermediário receberia a taxa adicional de 4% ao ano, que representaria seu lucro, mas assumiria o risco de inadimplência do financiamento.
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REAÇÃO DOS BANQUEIROS
A decisão de Lessa pegou os bancos de surpresa, mas não houve a menor reação, nenhuma nota em jornal ou revista, nada, nada. Os banqueiros não passaram recibo, mas começaram a agir nos bastidores do governo, tentando desmoralizar e demitir Carlos Lessa. Com o beneplácito da chamada grande imprensa, foram publicadas mais de 100 notas em colunas ou artigos anunciando que Lessa estava prestes a ser demitido. E não é exagero, foram mais de 100 notícias dessa “próxima demissão”, porque a assessoria de Lessa, conduzida pelo jornalista Paulo Jerônimo, as contava, uma a uma.
Para demitir Lessa, os banqueiros conquistaram o apoio dos ministros Antonio Palocci, da Fazenda, e Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
A pressão para afastar Lessa partiu desses três e foi liderada por Palocci. O todo-poderoso ministro da Casa Civil, José Dirceu, não interferiu em nada. Estava mais preocupado em pavimentar seu caminho para suceder Lula, não queria brigar com os banqueiros nem imaginava o que viria pela frente.
Essa podridão existe desde sempre e só foi quebrada na rápida gestão do professor de economia Carlos Lessa, o melhor presidente da história do BNDES, que comandou a instituição de janeiro de 2003 a dezembro de 2004, mas fez uma revolução e deixou sua marca indelével.
No início do governo Lula, quando assumiu o banco, tendo como vice-presidente o engenheiro Darc Costa, ex-coordenador do Centro de Estudos Estratégicos da Escola Superior de Guerra, Lessa imediatamente sentiu o cheiro da podridão que submetia o BNDES aos interesses escusos do sistema financeiro nacional e internacional.
O professor de Economia e ex-reitor da UFRJ ficou estupefato. Não conseguia entender por que o BNDES, em qualquer de suas operações, era obrigado a pagar uma taxa de risco de 4% a algum banco intermediário, que açambarcava toda a lucratividade do negócio.
O sistema funcionava como se o BNDES fosse incapaz de gerir suas operações de financiamento, tendo de recorrer a alguma outra instituição bancária sempre que fosse conceder um empréstimo. Ou seja, o BNDES não era mais um agente financiador, mas apenas um repassador de recursos públicos para instituições e empresas privadas nacionais e estrangeiras.
Lessa logo sentiu a podridão no BNDES
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DESABAFO DE LESSA
“Ora, por que a Petrobras tem de pagar 4% a algum banco para receber financiamento do BNDES?” – perguntava Lessa aos diretores. “Por que, a cada empréstimo de R$ 1 bilhão que fazemos à Petrobras, esse tal banco intermediário tem de ficar com R$ 40 milhões? Isso não tem justificativa. A Petrobras não pode pagar R$ 40 milhões simplesmente para o dinheiro atravessar a rua” – afirmava.
Carlos Lessa não titubeou e virou o jogo.
Sem consultar seus superiores imediatos ou interessados (o presidente Lula; o chefe da Casa Civil, José Dirceu; o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles; ou o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, ao qual o BNDES era subordinado), Lessa simplesmente baixou um ato interno determinando que o banco passaria a se responsabilizar diretamente por toda operação acima de R$ 10 milhões, as quais não mais sofreriam intermediação de outros bancos, fossem estatais ou privados, nacionais ou estrangeiros.
Ou seja, o risco dos financiamentos acima de R$ 10 milhões passaria a ser da responsabilidade do BNDES, sob avaliação da equipe técnica da instituição. Somente as operações abaixo de R$ 10 milhões seriam indiretas, com participação obrigatória de banco intermediário.
O pedido indireto de financiamento seria submetido a esse banco, que analisaria a viabilidade do investimento em função do mercado específico, avaliaria o risco de inadimplência e aprovaria ou não o financiamento.
Caso a operação indireta fosse aprovada, o BNDES automaticamente liberaria os recursos a serem repassados, enquanto o banco intermediário receberia a taxa adicional de 4% ao ano, que representaria seu lucro, mas assumiria o risco de inadimplência do financiamento.
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REAÇÃO DOS BANQUEIROS
A decisão de Lessa pegou os bancos de surpresa, mas não houve a menor reação, nenhuma nota em jornal ou revista, nada, nada. Os banqueiros não passaram recibo, mas começaram a agir nos bastidores do governo, tentando desmoralizar e demitir Carlos Lessa. Com o beneplácito da chamada grande imprensa, foram publicadas mais de 100 notas em colunas ou artigos anunciando que Lessa estava prestes a ser demitido. E não é exagero, foram mais de 100 notícias dessa “próxima demissão”, porque a assessoria de Lessa, conduzida pelo jornalista Paulo Jerônimo, as contava, uma a uma.
Para demitir Lessa, os banqueiros conquistaram o apoio dos ministros Antonio Palocci, da Fazenda, e Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
A pressão para afastar Lessa partiu desses três e foi liderada por Palocci. O todo-poderoso ministro da Casa Civil, José Dirceu, não interferiu em nada. Estava mais preocupado em pavimentar seu caminho para suceder Lula, não queria brigar com os banqueiros nem imaginava o que viria pela frente.
AMANHÃ:
Demissão de Lessa foi uma
grande vitória dos banqueiros
Demissão de Lessa foi uma
grande vitória dos banqueiros
30 de julho de 2012
Carlos Newton
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