O jornalista Bernardo Mello Franco, neto do embaixador Afonso Arinos e bisneto do senador Afonso Arinos, escreveu um artigo muito inteligente e interessante na Folha de São Paulo de quinta-feira 27, partindo do humor para chegar a uma conclusão política. Referiu-se a um imaginário diário da presidente Dilma no qual, em sua visão de repórter, estaria a dualidade entre ela e o ex-presidente Lula. Traçou um roteiro de ficção. Mas o que é a ficção senão parte da realidade montada pelos artistas?
A dualidade começa pelo julgamento do Mensalão agora em agosto no Supremo Tribunal Federal. Pelo evangelho de Dilma, segundo Mello Franco, interessa a seu projeto a condenação pelo menos da maior parte dos acusados. Concordo. São aliados incômodos, dos quais os ocupantes do poder têm natural dificuldade de se livrar. Não podem ser repelidos, aceitá-los é um desastre. Eles obrigam os personagens–alvo, no caso a presidente da República, ao exercício permanente de uma sintonia fina.
Implica, o que não é sempre fácil, em sinalizar publicamente que eles, os aliados incômodos, não falam em nome do poder, tampouco são ponte entre interesses particulares e a política de governo. Isso ficou claro, por exemplo, quando a revista Veja publicou reportagem sobre a visita de Sérgio Gabrielli a José Dirceu no escritório do Hotel Naoum. O que aconteceu? Menos de duas semanas depois, a Petrobrás passou a ser presidida por Maria Graça Foster.
Quando, ao vencer as eleições de 2010, Dilma Roussef dirigiu-se para a entrevista coletiva acompanhada exclusivamente de Antonio Palocci, deixou claro o prestígio deste, indicando-o de público para a Casa Civil. Mas Palocci precipitou-se, deixou-se deslumbrar e foi exonerado de um dos principais postos da República. Não fosse isso, estaria lá até hoje. Tornou-se um aliado incômodo, Deus nos livre dos falsos amigos.
Erenice Guerra mais um caso. Não fora a sua atuação no final do governo Lula, estaria até hoje na Casa Civil. Jogou o destino pela janela da ambição. Exemplo definitivo o do próprio José Dirceu. Não fosse o Mensalão, seria ele, hoje, o presidente da República. Como acentua Bernardo Mello Franco, com total razão. Era o capitão do time, na realidade o primeiro ministro de uma administração presidencialista.
Mello Franco certa está também quando fala das eleições municipais. Dilma não se preocupa com o destino da candidatura de Fernando Haddad. Tanto faz.Ela está plenamente empenhada no pleito em Belo Horizonte. Patrus Ananias, do PT, é efetivamente seu candidato.
Ali, na capital mineira, se desenrola um capítulo importante na política com reflexo na sucessão presidencial. É que o prefeito Márcio Lacerda, que é do PSB, apoiado pelo senador Aécio Neves, disputa a reeleição.
Uma vitória sua será uma vitória de Aécio. É tudo o que Dilma Rousseff não deseja, pois o nome do ex-governador de Minas Gerais já foi lançado no PSDB como o candidato a presidente da República em 2014. O Datafolha apontou 44 para Lacerda, 27 para Patrus. Vanessa Portugal é a terceira com apenas 4 pontos. Mas existem outros candidatos. De qualquer forma Ananias tem de subir para levar a disputa ao segundo turno. Esta, portanto, é uma eleição chave.
As demais cidades não têm repercussão nacional. Nem o Rio, pois na capital do RJ os que apóiam Eduardo Paes, apóiam Dilma, inclusive o senador Lindberg Farias, do PT, candidato à sucessão estadual de aqui a dois anos. Os cenários atuais não são imutáveis de modo absoluto.
Mas são indicativos de tendências básicas. Sem dúvida, porém, Mello Franco está certo quanto ao diário de Dilma. Como ele parece ter adivinhado, sua passagem da arte para a realidade não é mais necessária.
A dualidade começa pelo julgamento do Mensalão agora em agosto no Supremo Tribunal Federal. Pelo evangelho de Dilma, segundo Mello Franco, interessa a seu projeto a condenação pelo menos da maior parte dos acusados. Concordo. São aliados incômodos, dos quais os ocupantes do poder têm natural dificuldade de se livrar. Não podem ser repelidos, aceitá-los é um desastre. Eles obrigam os personagens–alvo, no caso a presidente da República, ao exercício permanente de uma sintonia fina.
Implica, o que não é sempre fácil, em sinalizar publicamente que eles, os aliados incômodos, não falam em nome do poder, tampouco são ponte entre interesses particulares e a política de governo. Isso ficou claro, por exemplo, quando a revista Veja publicou reportagem sobre a visita de Sérgio Gabrielli a José Dirceu no escritório do Hotel Naoum. O que aconteceu? Menos de duas semanas depois, a Petrobrás passou a ser presidida por Maria Graça Foster.
Quando, ao vencer as eleições de 2010, Dilma Roussef dirigiu-se para a entrevista coletiva acompanhada exclusivamente de Antonio Palocci, deixou claro o prestígio deste, indicando-o de público para a Casa Civil. Mas Palocci precipitou-se, deixou-se deslumbrar e foi exonerado de um dos principais postos da República. Não fosse isso, estaria lá até hoje. Tornou-se um aliado incômodo, Deus nos livre dos falsos amigos.
Erenice Guerra mais um caso. Não fora a sua atuação no final do governo Lula, estaria até hoje na Casa Civil. Jogou o destino pela janela da ambição. Exemplo definitivo o do próprio José Dirceu. Não fosse o Mensalão, seria ele, hoje, o presidente da República. Como acentua Bernardo Mello Franco, com total razão. Era o capitão do time, na realidade o primeiro ministro de uma administração presidencialista.
Mello Franco certa está também quando fala das eleições municipais. Dilma não se preocupa com o destino da candidatura de Fernando Haddad. Tanto faz.Ela está plenamente empenhada no pleito em Belo Horizonte. Patrus Ananias, do PT, é efetivamente seu candidato.
Ali, na capital mineira, se desenrola um capítulo importante na política com reflexo na sucessão presidencial. É que o prefeito Márcio Lacerda, que é do PSB, apoiado pelo senador Aécio Neves, disputa a reeleição.
Uma vitória sua será uma vitória de Aécio. É tudo o que Dilma Rousseff não deseja, pois o nome do ex-governador de Minas Gerais já foi lançado no PSDB como o candidato a presidente da República em 2014. O Datafolha apontou 44 para Lacerda, 27 para Patrus. Vanessa Portugal é a terceira com apenas 4 pontos. Mas existem outros candidatos. De qualquer forma Ananias tem de subir para levar a disputa ao segundo turno. Esta, portanto, é uma eleição chave.
As demais cidades não têm repercussão nacional. Nem o Rio, pois na capital do RJ os que apóiam Eduardo Paes, apóiam Dilma, inclusive o senador Lindberg Farias, do PT, candidato à sucessão estadual de aqui a dois anos. Os cenários atuais não são imutáveis de modo absoluto.
Mas são indicativos de tendências básicas. Sem dúvida, porém, Mello Franco está certo quanto ao diário de Dilma. Como ele parece ter adivinhado, sua passagem da arte para a realidade não é mais necessária.
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