Mais de 1,4 mil brasileiros naturalizados vão participar do pleito.
Para se candidatar, estrangeiros devem ter a cidadania brasileira.
Para se candidatar, estrangeiros devem ter a cidadania brasileira.
Candidatos nascidos em Uganda, Uruguai e até no Irã disputam as eleições municipais no Brasil neste ano. Levantamento realizado pelo G1 com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aponta que 1.450 cidadãos naturalizados brasileiros irão participar do pleito.
Para disputar um cargo eletivo no Brasil, o estrangeiro precisa da cidadania brasileira e ter título de eleitor expedido ao menos um ano antes da eleição. Em 2012, a participação caiu 18% em relação às últimas eleições municipais, em 2008, quando 1.770 estrangeiros concorreram.
Neste ano, os candidatos são de pelo menos 35 países das Américas, Europa, Ásia e África. Ao G1, alguns deles relataram ter migrado para o Brasil fugindo de regimes totalitários ou em busca de melhores condições de vida.
O médico Jetender Singh Kalsi disputa a Prefeitura de Morro Grande (SC). Filho de indianos, Jetender nasceu em Uganda, no leste da África, mudou-se para o Brasil em 1972, quando tinha apenas 2 anos, e instalou-se com a família em Vila Alegre (RS). “Uganda estava em guerra e o Brasil nos ofereceu refúgio”, conta.
“Queremos fazer mudanças no município. Considero Morro Grande como a cidade do meu coração”, diz o candidato, que não cogita deixar o país.
Apenas 189 dos 1,4 mil candidatos estrangeiros declararam a cidade natal no registro de candidatura. Os demais preferiram citar as cidades brasileiras onde vivem.
Dentre os 189, o Uruguai é o país com o maior número de representantes, com 22 candidatos, seguido de Líbano (19), Bolívia (14), Itália (12) e Espanha (12).
A funcionária pública Nélida Rodriguez nasceu em Montevidéu e disputa pela primeira vez uma vaga na Câmara Municipal de Jaciara (MT).
Ela conta que veio para o Brasil com o marido e o filho pequeno há 32 anos. Primeiro moraram em Cuiabá, depois em Jaciara. A família deixou a cidade natal durante a ditadura militar uruguaia.
"Desde que cheguei, sempre estive envolvida em programas sociais. Tenho um desejo grande de mudar as coisas”, afirma.
“Tenho viajado muito pela América e vejo que o Brasil é o melhor país para se morar. A gente só precisa de pessoas que realmente queiram trabalhar e de ética, porque este país abraça todas as pessoas de qualquer parte do mundo”, complementa.
O estado brasileiro com a maior concentração de candidatos naturalizados é São Paulo, com 213, seguido de Minas Gerais (194) e Bahia (155).
Dois iranianos concorrem a cargos em São Paulo: Farvardin Asazadeh Asgarabadi, de 45 anos, é candidato a vereador em Pindamonhangaba, e o corretor de imóveis Peyman Rahbaran luta por uma vaga na Câmara Municipal da capital.
Natural de Teerã, a capital iraniana, Asgarabadi deixou o país em 1991, em busca de melhores condições de ajudar a família.
Depois de sete anos no Japão, chegou ao Brasil em 1998. Pai de dois filhos, o camelô virou candidato após convite de integrantes da comunidade:
“Meu sonho é que Pindamonhangaba cresça e seja famosa como as praias de Santa Catarina.
O Brasil me recebeu de portas abertas e eu quero ajudar o país”, afirma.
Asgarabadi conta que concorre com o nome de urna “Taliban”: “É que no Japão, cada letra tem um significado. Se você colocar a palavra na vertical ela significará várias coisas. Taliban é trabalho, amizade, lazer, igualdade, bondade, ajuda e novidade”, explica.
Já Rahbaran usará o nome pelo qual é conhecido pelos moradores no Centro de São Paulo: Patrício. Ele afirma que pretende angariar votos dentre naturalizados brasileiros e imigrantes que se identificam com o seu modo de ver a cidade.
“A capital paulista já é minha casa, meu lar. Estou plenamente integrado e quero ser um vereador ativo, não daqueles sedentários passivos, que ficam na cadeira querendo fazer nada. Eu quero ajudar”, afirma.
O corretor deixou o Irã há dez anos, mas diz que continua acompanhando as discussões internacionais sobre a comunidade muçulmana e os riscos de guerra envolvendo o seu país natal.
“Eu acho que as pessoas têm que pensar na sua rua, nas coisas que acontecem ao seu redor.
Não importa se eu tenho uma mansão ou uma casinha, a minha rua, o meu bairro, o meu município são importantes, eu tenho que discutir e querer fazer algo para melhorar”, afirma.
Legislação
Os estrangeiros naturalizados podem concorrer a cargos eletivos no Brasil desde que sejam naturalizados. “O candidato precisa tirar o título de eleitor com antecedência de pelo menos um ano antes do pleito. E, para isso, precisa ter o certificado de naturalização”, explica o advogado Alberto Rollo, especialista em direito eleitoral.
A exceção é a corrida eleitoral para a Presidência da República. O cargo é exclusivo para brasileiros nascidos no país, conforme estabelece a Constituição Federal. Também é vedado aos brasileiros não natos ocuparem a vice-presidência, a presidência do Senado e da Câmara dos Deputados.
Salvo os casos previstos na Constituição, os brasileiros natos e os naturalizados possuem os mesmos direitos e deveres. Caso o candidato naturalizado seja indiciado por crimes ou tenha o mandato cassado, “ele responderá a processos da mesma forma que qualquer brasileiro nato”, explica Alberto Rollo. “O brasileiro naturalizado sofre as mesmas consequências que qualquer cidadão do país”, acrescenta.
Portugueses
Já os portugueses que pleiteiam um cargo no Brasil somam 61.
O número é 50% menor que o registrado nas eleições de 2008, quando 123 portugueses se candidataram.
A eles não é exigida a cidadania brasileira, apenas a residência permanente no país.
De acordo com a Constituição, eles possuem os mesmos direitos políticos inerentes aos brasileiros.
05 de outubro de 2012
Aline Lamas e Tahiane Stochero Do G1, em São Paulo
Para disputar um cargo eletivo no Brasil, o estrangeiro precisa da cidadania brasileira e ter título de eleitor expedido ao menos um ano antes da eleição. Em 2012, a participação caiu 18% em relação às últimas eleições municipais, em 2008, quando 1.770 estrangeiros concorreram.
Neste ano, os candidatos são de pelo menos 35 países das Américas, Europa, Ásia e África. Ao G1, alguns deles relataram ter migrado para o Brasil fugindo de regimes totalitários ou em busca de melhores condições de vida.
Em cima, Jetender (esquerda) e Patrício (direita);
abaixo 'Taliban' e Professora Nélida (Foto:
Reprodução/TSE)
abaixo 'Taliban' e Professora Nélida (Foto:
Reprodução/TSE)
“Queremos fazer mudanças no município. Considero Morro Grande como a cidade do meu coração”, diz o candidato, que não cogita deixar o país.
Apenas 189 dos 1,4 mil candidatos estrangeiros declararam a cidade natal no registro de candidatura. Os demais preferiram citar as cidades brasileiras onde vivem.
Dentre os 189, o Uruguai é o país com o maior número de representantes, com 22 candidatos, seguido de Líbano (19), Bolívia (14), Itália (12) e Espanha (12).
A funcionária pública Nélida Rodriguez nasceu em Montevidéu e disputa pela primeira vez uma vaga na Câmara Municipal de Jaciara (MT).
Ela conta que veio para o Brasil com o marido e o filho pequeno há 32 anos. Primeiro moraram em Cuiabá, depois em Jaciara. A família deixou a cidade natal durante a ditadura militar uruguaia.
"Desde que cheguei, sempre estive envolvida em programas sociais. Tenho um desejo grande de mudar as coisas”, afirma.
“Tenho viajado muito pela América e vejo que o Brasil é o melhor país para se morar. A gente só precisa de pessoas que realmente queiram trabalhar e de ética, porque este país abraça todas as pessoas de qualquer parte do mundo”, complementa.
saiba mais
O estado brasileiro com a maior concentração de candidatos naturalizados é São Paulo, com 213, seguido de Minas Gerais (194) e Bahia (155).
Dois iranianos concorrem a cargos em São Paulo: Farvardin Asazadeh Asgarabadi, de 45 anos, é candidato a vereador em Pindamonhangaba, e o corretor de imóveis Peyman Rahbaran luta por uma vaga na Câmara Municipal da capital.
Natural de Teerã, a capital iraniana, Asgarabadi deixou o país em 1991, em busca de melhores condições de ajudar a família.
Depois de sete anos no Japão, chegou ao Brasil em 1998. Pai de dois filhos, o camelô virou candidato após convite de integrantes da comunidade:
“Meu sonho é que Pindamonhangaba cresça e seja famosa como as praias de Santa Catarina.
O Brasil me recebeu de portas abertas e eu quero ajudar o país”, afirma.
Asgarabadi conta que concorre com o nome de urna “Taliban”: “É que no Japão, cada letra tem um significado. Se você colocar a palavra na vertical ela significará várias coisas. Taliban é trabalho, amizade, lazer, igualdade, bondade, ajuda e novidade”, explica.
Já Rahbaran usará o nome pelo qual é conhecido pelos moradores no Centro de São Paulo: Patrício. Ele afirma que pretende angariar votos dentre naturalizados brasileiros e imigrantes que se identificam com o seu modo de ver a cidade.
“A capital paulista já é minha casa, meu lar. Estou plenamente integrado e quero ser um vereador ativo, não daqueles sedentários passivos, que ficam na cadeira querendo fazer nada. Eu quero ajudar”, afirma.
O corretor deixou o Irã há dez anos, mas diz que continua acompanhando as discussões internacionais sobre a comunidade muçulmana e os riscos de guerra envolvendo o seu país natal.
“Eu acho que as pessoas têm que pensar na sua rua, nas coisas que acontecem ao seu redor.
Não importa se eu tenho uma mansão ou uma casinha, a minha rua, o meu bairro, o meu município são importantes, eu tenho que discutir e querer fazer algo para melhorar”, afirma.
Legislação
Os estrangeiros naturalizados podem concorrer a cargos eletivos no Brasil desde que sejam naturalizados. “O candidato precisa tirar o título de eleitor com antecedência de pelo menos um ano antes do pleito. E, para isso, precisa ter o certificado de naturalização”, explica o advogado Alberto Rollo, especialista em direito eleitoral.
A exceção é a corrida eleitoral para a Presidência da República. O cargo é exclusivo para brasileiros nascidos no país, conforme estabelece a Constituição Federal. Também é vedado aos brasileiros não natos ocuparem a vice-presidência, a presidência do Senado e da Câmara dos Deputados.
Salvo os casos previstos na Constituição, os brasileiros natos e os naturalizados possuem os mesmos direitos e deveres. Caso o candidato naturalizado seja indiciado por crimes ou tenha o mandato cassado, “ele responderá a processos da mesma forma que qualquer brasileiro nato”, explica Alberto Rollo. “O brasileiro naturalizado sofre as mesmas consequências que qualquer cidadão do país”, acrescenta.
Portugueses
Já os portugueses que pleiteiam um cargo no Brasil somam 61.
O número é 50% menor que o registrado nas eleições de 2008, quando 123 portugueses se candidataram.
A eles não é exigida a cidadania brasileira, apenas a residência permanente no país.
De acordo com a Constituição, eles possuem os mesmos direitos políticos inerentes aos brasileiros.
05 de outubro de 2012
Aline Lamas e Tahiane Stochero Do G1, em São Paulo
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