A mudança no Regimento Interno da Câmara dos Deputados só oficializa uma prática inacreditável da Casa: a “semana de três dias”, pela qual as Excelências, embora recebam pela semana inteira, trabalham, quando o fazem, de terça a quinta. Mas oficializar uma prática nojenta, em vez corrigi-la, é também nojento.
O inconcebível presidente da Câmara, Marco Maia, do PT gaúcho, teve a ousadia de dizer que não há Parlamento no mundo que trabalhe como o nosso. É verdade: não há Parlamento no mundo que trabalhe como o nosso. Trabalha pouco, trabalha mal, trabalha sem olhar os custos – isso é coisa para o caro leitor e para este colunista, que têm de esticar o dinheiro até o fim do mês. E como custa caro!
Inúmeros prédios suntuosos, com grife de Oscar Niemeyer, muito mármore, muito granito, muitos carpetes, assessores que nem cabem nos gabinetes ─ e isso, a propósito, não causa problemas, porque boa parte nem aparece por lá. E mais assessores, ainda, para manter nas bases eleitorais, tudo por nossa conta.
Não devemos esquecer, claro, o sem-número de passagens aéreas à disposição de cada parlamentar, nem os magníficos salários complementares ─ auxílio-paletó, para que as Excelências possam renovar sempre seus guarda-roupas e aparecer bem na TV Câmara, salários extraordinários, ajudas de custo, apartamentos funcionais periodicamente reformados e com nova mobília – coisa fina!
Se os deputados oficializaram a semana curta, é claro que ninguém é de ferro. De que serão? A Bíblia responde: são de barro.
E na pior acepção do termo.
21 de outubro de 2012
PUBLICADO NA COLUNA DE CARLOS BRICKMANN
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