"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 21 de outubro de 2012

VALEU, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL!

    No Rio, manifestantes comemoram resultado parcial do julgamento

Se o número de manifestantes não era grande, sobrou bom humor na homenagem "Valeu, STF", organizada na manhã deste domingo por um grupo de moradores da Zona Sul, na orla do Leblon e Ipanema, para comemorar o resultado parcial do julgamento dos mensaleiros.
Ao som de "Se gritar pega ladrão", de Bezerra da Silva, entre outras músicas alusivas à corrupção, cerca de 60 pessoas, muitas usando toga preta e a máscara do ministro Joaquim Barbosa, percorreram a pé dos postos 12 ao nove, debaixo de sol forte, levando faixas e um cheque gigante de R$ 153 milhões, emitido pelo "Banco do Mensalão" e assinado por "Lalau da Silva", para simbolizar a devolução do dinheiro supostamente desviado pelo esquema.
Enquanto os manifestantes avançavam, o engenheiro Marcelo Medeiros, animador do movimento, recebia aplausos ao citar os nomes dos ministros do STF. Houve vaias apenas quando ele se referiu ao revisor do julgamento, Ricardo Lewandowski, e ao ministro Dias Toffoli, cujas decisões têm contrariado sistematicamento os votos do relator pela condenação dos mensaleiros.
Medeiros ainda tentou socorrer Lewandowski, explicando que o voto divergente do revisor legitimava o julgamento, mas as vaias não cessaram.
Pelo clima da manifestação, "Valeu, STF" se parecia mais um bloco de carnaval com ares cívicos do que um protesto político. Uma das faixas anunciava que "O Brasil mudou, a pizzaria fechou".
A cada instante, o locutor oficial avisava: quem comprasse a máscara de Joaquim Barbosa por R$ 10, teria direito a participar da chopada de encerramento, no Posto Nove. Medeiros só ficava mais sério quando mencionava as cifras do mensalão.
- Essa grana tem de ser devolvida - bradou.
O ato deste domingo foi iniciativa do Movimento 31 de Julho, lançado neste dia, em 2011, para protestar "contra a corrupção, a impunidade e a roubalheira". O jornalista Altamir Tojal, um dos organizadores, não se importou com o quórum acanhado.
Ele disse que a campanha é forte na internet, principalmente nas redes sociais. O blog do movimento, segundo ele, recebe de 100 a 200 visitas diárias, sempre discutindo temas que envolvem a ética na administração pública.
Os ministros do STF não foram os únicos homenageados pelo movimento. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e a Polícia Federal, responsável pelas investigações sobre o mensalão, receberam aplausos. Faltou pouco para que o locutor também convencesse os presentes de que Silvio Pereira, o Silvinho, mensaleiro que fez acordo para não ser julgado, colaborando com as investigações, também merecia homenagens.
No fim da passeada, uma simpatizante do PT, a paranaense Salete Cesconeto, provocou os manifestantes, mas o gesto foi rebido com humor.
Afinal, faltavam apenas poucos metros para o quiosque onde a chopada os aguardava.
Julgamento pode terminar até o final da semana
A pedido do relator Joaquim Barbosa, o Supremo Tribunal Federal vai acelerar a conclusão do julgamento do processo do mensalão. A ideia é terminar tudo até a próxima quinta-feira, inclusive com a dosimetria das penas, ou seja, o cálculo de quantos anos cada condenado deve ficar preso.
Barbosa já comprou passagem para viajar no dia 29 para a Alemanha, onde vai se submeter a um tratamento de saúde. Os ministros estão confiantes de que vai dar tempo de terminar o julgamento no prazo fixado, mas explicam que não haverá prisões neste ano.
21 de outubro de 2012
camuflados

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