Como na cantiga infantil, ”o que era doce se acabou”. Texto da revista britânica The Economist chama o crescimento brasileiro de “moribundo”, acusa o intervencionismo malsucedido do governo Dilma e sugere a demissão de Guido Mantega, ministro da Fazenda. Leia texto da VEJA.com a respeito.
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A sucessão de declarações desastradas, a perda de confiabilidade perante os analistas financeiros e a condução desastrosa da política econômica são credenciais suficientes para que a presidente Dilma Rousseff – que quer ser vista como uma competente gestora – demita seu ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Uma decisão como essa a ajudaria a reconquistar a tão necessária confiança do mercado no país.
Os conselhos são da tradicional revista britânica The Economist, que dedicou três matérias à economia brasileira – a qual recebeu o nada elogioso adjetivo de “moribunda” – na edição desta semana.
Na reportagem intitulada “Quebra de confiança: Se quer mesmo um segundo mandato, Dilma Rousseff tem mudar a equipe econômica”, a Economist literalmente “pede a cabeça” de Mantega. “Ela insiste que é tão pragmática.
Se é mesmo, deveria demitir Mantega, cujas previsões exageradamente otimistas implicaram a perda de confiança dos investidores”, diz. A Economist acrescenta: “Dilma deve designar uma nova equipe econômica capaz de conquistar a confiança do mercado”.
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Novos desafios
A revista relembra seus leitores que a presidente iniciou seu mandato em 2011 com uma economia em forte expansão. De lá para cá, o cenário mudou radicalmente. Após uma forte desaceleração no ritmo de crescimento ao longo do ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) do país encontra-se paralisado em 2012 e custa a recobrar vigor – a despeito dos esforços do ministro da Fazenda, que encerrará este ano com uma renúncia fiscal de 45 bilhões de reais, transformados em estímulos à produção.
A Economist destaca que os motores do crescimento brasileiro na última década estão se esgotando. “Os preços das exportações de commodities, embora continuem elevados, não estão mais em trajetória ascendente.
Os consumidores hoje usam mais a sua renda para pagar dívidas por meio das quais conseguiram comprar carros e televisões [do que para continuar consumindo]”, explica. A reportagem argumenta que, diante deste cenário, o Brasil deveria lutar para melhorar sua produtividade e taxa de investimento. Mas aí reside o problema. Mantega e sua equipe parecem perdidos quando o assunto é promover a tão sonhada “redução do custo Brasil”.
A matéria reconhece que Dilma Rousseff tem se mostrado preocupada em ampliar a competitividade brasileira e conseguir desenvolvimento econômico por meio da atração de investimentos – elemento necessário para expandir e aperfeiçoar a capacidade produtiva nacional. Elogia, inclusive, alguns esforços para estimular o crescimento, como o corte na taxa de juros para sua mínima histórica, de 7,25%; as desonerações das folhas de pagamento das empresas; os planos de investimento em infraestrutura etc.
“Intrometida-chefe”
Contudo, a Economist não poupa críticas à forma com que Dilma tem conduzido seu governo, com excesso de intervencionismo estatal, fechamento da economia, entre outras medidas pouco ortodoxas.
“A preocupação é que a presidente seja, ela própria, uma intrometida-chefe”, ironiza a reportagem. “Um bom exemplo é o aparente desejo de Dilma de reduzir o retorno sobre o investimento na ‘base do porrete’, não só para bancos, mas também para as empresas de energia elétrica e fornecedores de infraestrutura”, em referência à insistência do Palácio do Planalto em querer convencer empresários a investir ao mesmo tempo em que lhes nega um retorno adequado para participar dos investimentos.
“Ainda mais do que Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff parece acreditar que o estado deve direcionar as decisões do investimento privado. Tais microintervenções derrubam a confiança na política macroeconômica”, sentencia a Economist.
Caso ela e seu ministro da Fazenda – com quem parece compartilhar das mesmas ideias – prossigam com a intenção de intervir em tudo, o “espírito animal” do empresariado não retornará. Assim, o que o Brasil mais precisa atualmente, que são investimentos para melhoria da competitividade, não virá nem por milagre.
Reeleição em risco
A Economist finaliza sua reportagem relembrando que Dilma espera ser reeleita em 2014 graças a um cenário de pleno emprego e salários reais em alta. Mas há um risco nessa aposta.
Para a revista, essas conquistas podem ser comprometidas se a presidente não for capaz de proporcionar um crescimento econômico mais vigoroso. “Os eleitores terão de julgar se, na tentativa de conciliar tantas ‘bolas econômicos’, ela não teria deixado cair a maioria delas”.
07 de dezembro de 2012
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