"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A NOVA ECONOMIA: ADEUS À CHINA, SAUDAÇÕES À ÁFRICA?

 



Mudança no palco – A África ocupará o lugar da China… Os recursos de mão de obra no “Império Celeste” estão prestes a serem esgotados.
Este é um desafio sério a toda a economia moderna. Alguns analistas reputam que a salvação virá do continente africano que irá tornar-se uma nova fonte de mão-de-obra barata e, futuramente, o centro da produção mundial. Será assim mesmo?
 
A base do “milagre chinês” foi a fusão de um sistema autoritário rígido com uma reserva enorme da mão-de-obra barata. Mas quaisquer reservas não são infinitas. Jack Goldstone, professor da Universidade de Jorge Maisson, Washington, declarou no Fórum Gaidar-2013, realizado em Moscou, que dentro de alguns anos o crescimento da mão-de-obra chinesa vai ceder lugar à recessão devido ao envelhecimento geral da população.
Isto quer dizer que os modelos econômico e social dos últimos trinta anos estarão ameaçados. O professor americano reputa que as áreas de produção asiáticas devem deslocar-se gradualmente para a África.
 
Tanto os economistas, como os especialistas em estudos orientais estão de acordo de que o recurso básico da China será esgotado em breve. Eis a opinião de Andrei Ostrovski, vice-diretor do Instituto do Extremo Oriente junto da Academia de Ciências Russa.
 
“Com efeito, a mão-de-obra chinesa torna-se cada vez mais cara e dentro de uns dez anos o seu preço será comparável ao respectivo parâmetro de Taiwan, Hong-kong, Coréia e Japão.
 
O nível salarial irá subir substancialmente todos os anos. O problema está ligado basicamente ao fato de que a partir de 2016 vai diminuir a cota economicamente ativa na população da China. Por isso, irá crescer o custo da mão-de-obra. Além disso, irá exercer a sua influência a elevação da qualificação dos quadros.”
 
Ao mesmo tempo, os peritos encaram com ceticismo a tese a respeito do futuro papel da África. Eis a opinião de Ruslan Grinberg, diretor do Instituto de Economia junto da Academia de Ciências Russa.
 
“Quanto à ideia de que depois do preço da mão-de-obra na China atingir o nível europeu toda a produção vai passar para a África, esta ideia é totalmente exótica.
 
Na África não existem condições necessárias e é pouco provável que a produção seja transferida para este continente. Falta também a respectiva infra-estrutura. A sua edificação é toda uma epopeia. Neste caso deve existir a força de vontade do Partido Comunista, o que se deu na China. Ou a exemplo do Partido Comunista, na Coréia. Creio que no caso da África isto não dará certo.”
 
Com efeito, os investimentos afluem para os países do Continente Negro. Todavia o perito em estudos orientais Andrei Ostrovski constata que tanto os EUA, como a China, investem nos ativos relativos à matéria-prima, de que necessitam para o desenvolvimento da produção nos seus próprios territórios.
 
Mas a questão básica não é a África. O trabalho mal pago tornou-se uma das causas da crise econômica.
 
O trabalho barato não somente freia as tecnologias, mas também intensifica a desigualdade social. Aliás, Ruslan Grinberg ressalta que jamais faltam as produções que requerem o trabalho braçal. (Da Rádio Voz da Rússia)

22 de janeiro de 2013
ucho.info

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