A eleição para as mesas diretoras das duas casas do Congresso, nesta metade do mandato presidencial, é vista – e com razão política – como etapa importante do processo sucessório.
Há uma candidatura tida como imbatível, no Senado, a de Renan Calheiros, mas a eleição na Câmara poderá trazer surpresas. O deputado Henrique Alves, do Nordeste, parecia imbatível, mas, enquanto as horas passam, seu favoritismo começa a perder o ímpeto das semanas anteriores.
Não é necessário buscar a causa desse desgaste que pode vir a ser reversível, mas o processo político, mais do que o das outras empresas humanas, é conduzido por variáveis sempre imprevistas e quase sempre indomáveis. As favas não estão contadas.
Esses pleitos, no âmbito do poder legislativo, nem sempre são decididos pela unanimidade nas bancadas e dos acordos interpartidários. Move-os o relacionamento pessoal dos candidatos com seus colegas de parlamento acima do interesse doutrinário e das razões dos grupos corporativos que se sobrepõem às bancadas formais.
Como qualquer um pode aspirar ao cargo, há três candidatos à presidência da Câmara, à frente das chapas para a composição da Mesa. A que parece mais forte, daquelas que confrontam o favoritismo de Henrique Alves, é a liderada pelo mineiro Júlio Delgado, do PSB de Juiz de Fora. Outra candidata ao cargo, Rose de Freitas, do Espírito Santo, disputa dentro do próprio PMDB, mas não parece provável que a sua postulação prospere.
CENÁRIO NACIONAL
Não cabe aqui discutir as razões atualíssimas que conspiram contra o potiguar, posto que divulgadas pelos meios de comunicação. É melhor examinar o quadro, em sua atualidade, dentro do cenário nacional. O PMDB continua sendo o maior partido nacional, mas chocho dos ideais que o construíram, uma vez que a sua espessa seiva doutrinária desapareceu ao desaparecerem seus grandes líderes, como Tancredo, Ulysses, Montoro, Severo Gomes.
Além disso, milita a questão federativa. Ainda que seja, a rigor, candidato do Nordeste, Henrique Alves se apóia no eixo peemedebista de São Paulo e do Rio, que não é suficiente para garantir-lhe o êxito. As bancadas do Sudeste e do Sul, além de parcelas do PMDB de outros estados do Nordeste, não trabalham com o mesmo entusiasmo pela vitória do filho do grande homem público que foi Aluísio Alves, isso sem falar nas forças de oposição.
Essa situação favorece a candidatura do parlamentar mineiro que tem tido uma atuação marcante na Câmara. Não será fácil a disputa, e mais difícil ainda a sua vitória. Mas, qualquer que venha a ser o resultado do pleito, daqui a vinte dias, é saudável que haja o confronto.
É assim que se pratica a democracia republicana.
(do Blog do Santayana)
22 de janeiro de 2013
Mauro Santayana
Nenhum comentário:
Postar um comentário