Luiz Inácio Lula da Silva, agindo como Presidente paralelo do Brasil, cria as maiores dificuldades para que a “Presidenta” Dilma Rousseff possa substituir o ministro Guido Mantega – que já manifestou o desejo de deixar a Fazenda. Lula vetou até o nome do economista Ricardo Amorim – que agradava a empresários daqui e do exterior, por ser considerado um grande estrategista global.
O jovem Ricardo Amorim fora indicado pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. Economista, formado pela USP, é pós-graduado em Administração e Finanças Internacionais pela ESSEC de Paris, Amorim era um nome bem visto até pelo ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso,de quem é amigo. Talvez por tal motivo Lula tenha barrado o nome dele e de outro cogitado entre os empresários: o também economista Armínio Fraga,ex-presidente do BC do B na gestão FHC.
Mantega corre o risco de ficar na Fazenda por falta de um substituto que agrade a Lula – que não deseja a saída do aliado, pressionado pelos ridículos resultados da economia. O grande vencedor do Troféu Algemas de Ouro continua amarrando o governo de sua sucessora. A própria reeleição – que Dilma se viu forçada a anunciar que vai disputar – a tornou ainda mais refém de Lula.
A pressão por mudanças nos rumos da economia é grande. Em quase todas as conversas particulares que Dilma teve com grandes empresários, na última semana, foi discutida a necessidade de uma substituição no Ministério da Fazenda para sinalizar ao mercado que Dilma, em seu terceiro ano de mandato e rumo à reeleição em 2014, implementaria mudanças, principalmente na área fiscal e na ampliação de crédito do BNDES para grandes investimentos em infraestrutura.
O problema de Dilma é que o chefão Lula não colabora, considerando que a saída de Mantega representaria uma derrota pessoal. Nos bastidores, Lula faz questão de deixar claro que é ele quem manda ainda no governo. Tanto que já deixou claro às principais lideranças do PT que vai comandar, pessoalmente, a campanha reeleitoral de Dilma. Brevemente, Lula pretende até dar uma entrevista para assegurar que não disputará o Palácio do Planalto em 2014, para afastar definitivamente especulações sobre o eventual retorno.
Lula vai continuar fazendo o que sabe: cuidar dele mesmo. Por isso, vai reeditar suas caravanas pelo País afora para, na versão marketeira do Instituto Lula, “ressaltar os feitos de seu governo que tem continuidade e progresso com Dilma”. Na verdade, Lula pretende conter o desgaste de sua imagem, no pós-julgamento do mensalão e do ainda vivo escândalo que envolve sua melhor amiga e apadrinhada assessora Rosemary Nóvoa Noronha, na Operação Porto Seguro.
O tempo vai dizer se a estratégia de Lula dará certo. Para 2014, além de apoiar a reeleição da refém Dilma, Lula pode lançar sua candidatura ao Senado por São Paulo – como o Alerta Total já antecipou. Além de ter chances de ser eleito senador, o grande encenador Lula, em campanha pelo estado mais rico da federação, pode ajudar o PT a roubar a jóia da coroa do PSDB. O objetivo político ecológico de Lula é extinguir os tucanos, para sacramentar de vez o projeto petista de 20 anos no poder, principalmente tomando de assalto São Paulo. A capital ele já ganhou com o poste Fernando Haddad...
O problema é que uma vitória do PT em 2014 sacramenta o atraso no desenvolvimento do Brasil. Até agora, nas três gestões de Lula, o País só cresceu (mesmo assim aquém do necessário) graças à conjuntura internacional favorável e não por méritos internos. Como Lula não tratou dos fundamentos da economia – e só fez promessas e bravatas -, investidores internacionais não mais apostam seu dinheiro no Brasil. Assim, o País não vai crescer – até porque não faz poupança interna para isto, com o desperdício da máquina pública.
A gestão econômica de Lula-Dilma tem a incerteza das apostas em um cassino global. O governo baixou os juros, mas continua refém do modelo de especulação, com uma dívida interna trilionária. O crédito (para produção ou consumo) ainda é caro e escasso. Os investimentos em infraestrutura engatinham ou não saem do papel no tempo certo. O câmbio mata os exportadores e não barateia as importações produtivas. Para piorar, a reforma tributária fica apenas na conversa fiada. A alta impostura inviabiliza o crescimento e o desenvolvimento do Brasil, mas financia o capimunismo do Estado gastador e corrupto.
Não existe perspectiva de mudanças para melhor da conjuntura política no Brasil. O quadro institucional tende, inclusive, a aprofundar a própria crise, com o pior dos cenários: tudo ficar como está, com a mesma ineficiência, incomPTência e corrupção sistêmica. Não existe uma alternativa visível e viável de oposição ao esquema petista no curto e médio prazos. A continuidade deles no poder – bastante possível - dificulta ainda mais qualquer possibilidade de mudança pela atual via institucional.
O Governo do Crime Organizado só é combatido virtualmente nas redes sociais. O Executivo gerencia a roubalheira, o Legislativo tira proveito dos esquemas, e o Judiciário ainda é muito lento e ineficiente para coibir os desmandos e assaltos ao patrimônio público. O fato de o Brasil não ter povo com mentalidade cidadã e focado na moralidade e no interesse público inviabiliza transformações para melhor. Assim, a massa ignara com direito a voto a cada dois anos – facilmente influenciada pelos clientelismos e pela marketagem eleitoreira – tende a dar continuidade ao petismo no poder.
Antipremiar Lula com o Troféu Algemas de Ouro tem o efeito simbólico de apontar que ele lidera, com pleno domínio dos fatos, todo um sistema de corrupção capimunista. No entanto, na verdade, quem fica algemado a Lula e seus esquemas é o próprio Brasil – um país sempre na mais avançada vanguarda do atraso, onde poucos privilegiados tiram o melhor proveito do paraíso, enquanto a maioria se conforma com a vidinha de gado, até o dia do abate final.
Lula segue em frente até o dia em que Deus (talvez Ele) apareça para fazer Justiça de verdade. Até lá, dificilmente, alguma coisa vai mudar para melhor no Brasil – nação condenada a ser a grande e rica colônia de exploração mantida na miséria pelos esquemas globalitários. A não ser que, por pré-condições históricas milagrosas e ainda não viabilizadas, seja formulado um projeto de Nação que defina, claramente, o que o Brasil e os brasileiros realmente querem da vida...
Mais provável é que isso aconteça no dia 30 de fevereiro de algum ano antes do fim do mundo...
22 de janeiro de 2013
Jorge Serrão, jornalista, radialista, publicitário e professor
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