"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 20 de janeiro de 2013

A PERDA DE VIDAS HUMANAS E O CUSTO DOS ACIDENTES RODOVIÁRIOS

 

Extremamente importante, sem dúvida alguma, o estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro sobre o custo inestimável pela perda de vidas humanas e o prejuízo à economia do Estado em consequência de situação precária em que se encontram trechos da Presidente Dutra, Ponte Rio Niterói e da Rio-Juiz de Fora. Formam-se gargalos favorecendo acidentes graves.

Calcula a Federação que vão custar no espaço de tempo de nove anos a morte de 429 pessoas e prejuízos da ordem de 2,6 bilhões de reais aos preços de hoje. A Serra das Araras e a de Petrópolis são pontos críticos citados pelo estudo da mesma forma que a ponte entre Rio e Niterói. Nesses trechos, em 2012, aconteceram seis acidentes por dia.

O problema, inclusive, encontra-se também na maneira em que muitos motoristas dirigem, havendo casos de caminhoneiros que cumprem jornadas descabidamente intensas, até de 16 horas diárias. São múltiplos os fatores.
Mas a prospecção da FIRJAN fornece vigorosamente um exemplo e uma mensagem definitiva de alerta para as autoridades que são responsáveis pelo transporte. Ajam. Tomem iniciativas concretas e providências efetivas.
O panorama é trágico em todos os sentidos. São mortes, ferimentos, perdas anunciadas e previsíveis com base em estatísticas atuais projetadas no tempo.

A FIRJAN assinala que o estado das rodovias contribui para pressionar negativamente o fluxo econômico entre Rio e São Paulo, os dois principais mercados, e o fluxo do Rio de Janeiro com Minas Gerais, o terceiro.
A FIRJAN reivindica maiores investimentos, que devem abranger uma campanha publicitária dirigida às empresas de transportes, inclusive as de ônibus de passageiros, e aos motoristas profissionais e particulares. Há limites de velocidade a serem respeitados.

PREVENÇÃO

Este problema essencial é muito mais de prevenção que de repressão. Pois a repressão sucede as infrações. O mais importante é que não ocorram.
Nas três estradas focalizadas pela FIRJAN o índice de acidentes, se nada for feito, calcula a entidade, crescerá numa escala de 76% no período 2013 a 2021.
Imaginem os leitores com base na pesquisa envolvendo três trechos rodoviários o que acontece diariamente na malha rodoviária do país que possui 1 milhão e 600 mil quilômetros. Uma catástrofe.

Quantas vidas humanas se perdem? Quantos feridos perdem sua integridade física? Qual o montante dos prejuízos?

Se rodovias como a Rio-São Paulo, nas Araras principalmente, e a Rio-Juiz de Fora apresentam dificuldades gerando uma onda de reflexos negativos, é fácil projetar a dimensão do descalabro para o resto de um país como o Brasil de 8 milhões e 500 mil quilômetros quadrados. Inclusive é extremamente baixo o total de estradas pavimentadas. Quanto menor for a pavimentação, e também a conservação, maior será a escala de insegurança.

Enfim, a FIRJAN prestou uma excelente contribuição ao governo federal, aos estaduais e aos prefeitos. Retratou e traduziu fielmente um quadro dramático cujas consequências são piores e generalizadas. Sofre o velho conhecido nosso, o ser humano, como dizia Nelson Rodrigues, perdem o transporte, a indústria, o comércio, o que significa atingir o nível do próprio emprego.

Faltam condições de segurança. Sobram fatores críticos de toda ordem. Não é possível que o estudo da FIRJAN não sensibilize os quadros dirigentes. Sobretudo porque sensibiliza fortemente a consciência pública.

20 de janeiro de 2013
Pedro do Coutto

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