Neste fim de semana, completam-se 30 anos desde a morte de um dos maiores craques da história do futebol: Manuel Francisco dos Santos, o Mané Garrincha. A reportagem especial de Renato Ribeiro relembrou a genialidade do jogador que fez um drible ser tão empolgante quanto um gol.
A imagem era em preto e branco, só por um ângulo, e até hoje deixa todos perplexos.
“Garrincha não teve a felicidade de conviver com o videoteipe”, comenta o jornalista e autor da biografia de Garrincha, Ruy Castro.
Ah, se Garrincha tivesse os privilégios dos craques de hoje, com tantas câmeras e tantos ângulos que a bola parece colada ao pé, imprevisível. Impossível para um drible? No mundo e no Brasil, celebramos a habilidade.
Aos fãs mais jovens de Messi e de Neymar, hora de lembrar do pai, ou seria do avô do drible?
“Garrincha continua sendo um craque para quem o viu jogar. Eu, infelizmente, não tive essa oportunidade, mas vi vídeos”, conta o atacante do Santos Neymar.
Camisa 7 do Botafogo. Na seleção, começou com a 11, na Copa de 1958. Em 1962, foi o craque do Mundial. Mané é um jeito informal de chamar alguém de bobo, de inocente, até de menos inteligente. Mas, no futebol, Mané ganhou outro significado: é sinônimo de gênio.
O bobo, nos campos, ganhou outro nome: João, como eram chamadas as vítimas do Mané. E foram muitos Joões. Pernas tortas que entortavam os adversários. Podemos dizer até que Garrincha era previsível: todos sabiam o que ele iria fazer. E ainda assim era o mesmo drible e ninguém conseguia pará-lo.
“De certa maneira, ele não estava interessado em vencer a partida, em ser campeão, em receber o bicho da vitória ou o prêmio pela conquista do título. Ele estava interessado em jogar futebol e driblar, ir até a linha de fundo e fazer gols, como se o futebol fosse uma grande brincadeira”, comenta Ruy Castro.
Ao longo dos tempos, foram aparecendo herdeiros de Mané.
“Hoje, quem me lembra muito o Garrincha é o Neymar”, diz
“Para mim, é uma alegria, uma satisfação muito grande uma pessoa tão próxima a ele poder falar essas coisas, pela alegria de jogar e viver”, devolve Neymar.
“Talvez um dia o Neymar seja o novo Garrincha”, compara Ruy Castro.
Neste domingo (20) serão 30 anos sem Garrincha. O futebol jamais teve alguém como ele.
Mas enquanto dribladores estiverem pelo mundo, deixando mais Joões pelo caminho, Mané de algum jeito estará vivo, para lembrar os fãs mais velhos – e mais jovens – que um drible pode ser tão festejado quanto um gol.
20 de janeiro de 2013
JORNAL NACIONAL - TV Globo
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