PELA EDUCAÇÃO VALE TUDO

 

O Ministério da Educação acaba de dar solução ao ensino brasileiro. Como sempre, isso só é possível via marketing que o governo petista sabe muito bem fazer, são Phd no assunto. Fazem o embrulho com muita maestria.

Essa solução, como um passe de mágica, chegou e se reuniu até com a presidente do Brasil. A solução atende pelo nome Salman Khan.

A Khan Academy, da qual Salman é fundador, vai aportar no território brasileiro a sua forma, método, de ensinar, seguido por milhões de estudantes pela internet nos Estados Unidos.

A plataforma desse método Khan de ensinar está montada em uma sociedade que não passa pelos problemas de alimentação, de base familiar consistente, de suporte financeiro, de respeito à instituição de ensino e seus quadros, de política e de ordem administrativa na área educacional. Essa cultura ideológica está presente, e com força, na base construtiva do método.

Já a nossa cultura ideológica está alicerçada nos fatos que acontecem neste País nos últimos tempos.
Congresso dando posse a condenado pela mais alta corte de justiça com justificativa de que não transitou em julgado a sentença que não há possibilidade de ser modificada.
Ex-presidente que no exercício de mandato, “despachou” seu stress com sua “amiga íntima” em pleno vôo e com direito a turismo oficial com passaporte diplomático e outros agrados, as custas do erário público.
Maioria do Congresso envolvido em ações penais.

Negociatas em todos os escalões da administração federal, até mesmo no órgão que ampara juridicamente o governo, a AGU - Advocacia Geral da União.
Senado elegendo presidente senador que renunciou por improbidade e falta de decoro. Câmara Federal fazendo o mesmo com candidato a presidente que não tem sua ficha limpa, e por aí vai.

O que se pode esperar do psicológico de nossos jovens e sua base para a Khan Academy?

Na área administrativa da Educação, o Censo Escolar divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – Inep, nos deu há pouco tempo, a notícia de que temos 51 milhões de estudantes atendidos por aproximadamente dois milhões de professores em quase 200 mil escolas em todo território nacional. Maravilhosos números se refletissem uma realidade em números e acompanhados de eficiência.

Essa proporção alunos/professores é ilusória. Até mesmo o número de alunos pode não representar a realidade.
Pela forte ação política no setor público, milhares de pessoas são contratadas para o exercício da profissão de ensinar, mesmo sem o devido diploma e até mesmo o mínimo preparo. Estão distribuídos em atividades administrativas e outra considerável parte está à disposição de algum gabinete ou mesmo no conforto de seus lares, menos em sala de aula.

É nesse cenário que aporta a tentativa da Shan Academy. Vai envolver altos custos com tablets aos professores que mal absorvem os métodos aplicados nas universidades brasileiras, no curso de pedagogia e outros. É bem verdade que não será a base da educação.

É apenas uma nova e eficiente forma de ensinar com maior aproveitamento e rapidez no aprendizado. O material não é para ser usado em sala de aula, serve de apoio.
Acontece que o modo operacional do sistema educacional americano permite que o método Khan Academy produza resultados. É todo um processo histórico da Educação americana ao longo dos anos que facilitou o desenvolvimento da forma Khan de ensinar.

Daí afirmar que vai revolucionar a educação no Brasil há um infinito caminho em razão dos pedregulhos acima mencionados. O sistema Khan de ensinar ficará restrito aos filhos de uma elite.

De consistente mesmo, para o contexto geral, não há muito, a não ser o interesse da Khan Academy de internacionalizar o sistema de ensino. “Sinto que as pessoas querem se mexer rápido. Me surpreendi com o nível de energia que encontrei”, disse Mr. Salman Khan em visita ao Brasil.
Mal sabe que essa energia tem outras canalizações que não são, com certeza, a Educação.

O interessante de tudo é perceber como o tempo agiu de forma contundente nos governantes. Anos passados, condenavam a forma americana de educar e faziam caminhadas contra os programas educacionais do Tio Sam. Hoje, pela educação vale tudo, desde que...

20 de janeiro de 2013
Rapphael Curvo
Jornalista, advogado pela PUC-RIO e pós graduado pela Cândido Mendes-RJ