Tudo indica que Lula será no mínimo convidado a prestar esclarecimentos sobre as denúncias feitas pelo publicitário Marcos Valério, apontando-o como o verdadeiro comandante da quadrilha do Mensalão.
Ainda esta semana, o Procurador-Geral da República prometeu dar sua posição oficial sobre o caso. Sem imunidade ou foro privilegiado, Lula pode enfrentar um processo na primeira instância da Justiça Federal, embora o Supremo Tribunal Federal já tenha um procedimento investigatório número 2.474, com com 77 volumes, que tramita em segredinho judicial contra ele.
O desdobramento do Mensalão é uma preocupação apenas periférica para Lula – da qual ele aposta que continua saindo ileso. Dor de cabeça real é o Rosegate detonado pela Operação Porto Seguro.
Lula teme desgaste de imagem só em ser convidado pela Procuradoria-Geral da República (algum dia quem sabe) a prestar esclarecimentos sobre suas ligações pessoais, profissionais ou de eventuais negócios com Rosemary Nóvoa Noronha – apadrinhada dele na chefia de gabinete do escritório da Presidência da República, em São Paulo. Rose também era a acompanhante oficial de viagens internacionais de Lula.
Paira uma dúvida no ar: Gurgel realmente quer atacar Lula diretamente? A resposta clara é negativa. Gurgel vai tirar o dele da reta. Jogando o caso de Lula para a primeira instância, na prática, Gurgel nada decidirá.
Quem cuidará de denunciar ou não o ex-Presidente em função das recentes declarações de Marcos Valério é algum procurador que atue em varas federais, e que receberá o caso por sorteio. No caso do Rosegate, a procuradora do caso é Suzana Fairbanks. Ela - e não Gurgel - deverá convidar Lula a ser ouvido.
Enquanto não chega a vez do companheiro $talinácio, a bola da vez é o provável futuro presidente do Senado. Roberto Gurgel classificou como "extremamente consistente" a denúncia apresentada por ele ao STF contra Renan Calheiros.
Tudo foi fundamentado em relatórios de inteligência financeira e informações fiscais fornecidas pela Receita Federal. O inquérito contra Calheiros tramita em sigilo no Supremo. A situação dele só não é pior porque o relator do caso é o ministro Ricardo Lewandowski – que ainda não tem prazo para avaliar o processo.
Assim, Renan pode se eleger presidente do Senado, reforçando sua blindagem e transformando o problema em mais uma pretensa crise institucional entre os poderes republicanos.
A bancada do PMDB no Senado vai se reunir nesta quinta-feira à tarde para indicar oficialmente o nome de Renan. Devem concorrer com ele os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Taques (PDT-MT). A eleição será na sexta-feira. O atual presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o vice-presidente da República, Michel Temer, apoiam Renan.
A quase certa vitória de Renan Calheiros será a mais terrível derrota do senso ético, moral e de justiça necessários ao justo e perfeito ordenamento político institucional. Renan, eleito presidente do Senado e terceiro na linha de sucessão presidencial em caso de problemas, vai sacramentar a completa desmoralização da classe política brasileira – o que tira completamente a seriedade e violenta os valores democráticos no Brasil.
Bocarra
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
30 de janeiro de 2013
Jorge Serrão é Jornalista,
Radialista, Publicitário e Professor.
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