Em artigo publicado na Folha de São Paulo, edição de terça-feira 29, a jornalista Eliane Catanhede, com o brilho e a objetividade de sempre, esgotou as contradições entre o que deveria ter sido feito da boate Kiss, em Santa Maria, e o que foi feito. Fogos lançados por um figurante do show e um teto de espuma inflamável. Risco absoluto.
A vistoria estava com seu prazo vencido. Não havia saída de emergência para a hipótese de incêndio.
Resultado – cenas dantescas registrando mais de duzentas mortes e a situação de risco em que se encontram muitas das pessoas internadas. Há, ainda, ameaça envolvendo outras não internadas mas que podem apresentar sintomas de intoxicação.
O caso da boate Kiss vem acrescentar a vários outros que o antecederam. Incêndios terríveis como o do circo de Niteroi, os dos edifícios Andraus e Joelma em São Paulo, o do Bateau Mouche, o desabamento do edifício Liberdade no centro do Rio.
A repercussão mundial da boate Kiss, de enorme dimensão, tornou-se maior que as tragédias que antecederam em decorrência da divulgação imediata pelas redes sociais.
As cenas surgiram praticamente em tempo real e tal característica amplia consideravelmente a dimensão. É a comunicação de hoje.
Hábitos de ontem contribuem para alargar o quadro terrível que as telas da Internet, das emissoras de televisão e, no dia seguinte, as páginas dos jornais destacaram em manchetes.
Um dos hábitos de ontem: o de não haver sido comunicada a situação de extrema emergência aos seguranças que trabalhavam. Estes supuseram que o movimento desesperado era uma farsa para que não pagassem as contas.
PRISIONEIROS
Os donos e responsáveis pela casa noturna não se lembraram de avisá-los que os prisioneiros da desgraçada incompreensão estavam apenas e desesperadamente tentando escapar das chamas que se alastravam e de densa fumaça que os asfixiava.
Faltou uma simples orientação. Mais importante ainda era o que falta numa série de casas noturnas a existência de sinalização clara apontando as saídas cujo número tem que ser compatível com a capacidade de público que oferecem. Havia superlotação.
Enfim estava tudo errado. Um erro, isolado, já pode levar a uma tragédia. Imagine-se o acúmulo de vários deles.
O resultado aí está: Morte, desolação, desespero. Os principais responsáveis foram presos, mas o país tornou-se cenário de uma tragédia dantesca. Toda sociedade foi atingida. As chamas assassinas queimam e sufocam a consciência coletiva.
A imprevidência, a omissão e atitudes absurdas, como o comportamento dos seguranças, deixou nosso país e tantos outros perplexos. Foi uma derrota da vida, uma derrota da existência humana.
30 de janeiro de 2013
Pedro do Coutto
Resultado – cenas dantescas registrando mais de duzentas mortes e a situação de risco em que se encontram muitas das pessoas internadas. Há, ainda, ameaça envolvendo outras não internadas mas que podem apresentar sintomas de intoxicação.
O caso da boate Kiss vem acrescentar a vários outros que o antecederam. Incêndios terríveis como o do circo de Niteroi, os dos edifícios Andraus e Joelma em São Paulo, o do Bateau Mouche, o desabamento do edifício Liberdade no centro do Rio.
A repercussão mundial da boate Kiss, de enorme dimensão, tornou-se maior que as tragédias que antecederam em decorrência da divulgação imediata pelas redes sociais.
As cenas surgiram praticamente em tempo real e tal característica amplia consideravelmente a dimensão. É a comunicação de hoje.
Hábitos de ontem contribuem para alargar o quadro terrível que as telas da Internet, das emissoras de televisão e, no dia seguinte, as páginas dos jornais destacaram em manchetes.
Um dos hábitos de ontem: o de não haver sido comunicada a situação de extrema emergência aos seguranças que trabalhavam. Estes supuseram que o movimento desesperado era uma farsa para que não pagassem as contas.
PRISIONEIROS
Os donos e responsáveis pela casa noturna não se lembraram de avisá-los que os prisioneiros da desgraçada incompreensão estavam apenas e desesperadamente tentando escapar das chamas que se alastravam e de densa fumaça que os asfixiava.
Faltou uma simples orientação. Mais importante ainda era o que falta numa série de casas noturnas a existência de sinalização clara apontando as saídas cujo número tem que ser compatível com a capacidade de público que oferecem. Havia superlotação.
Enfim estava tudo errado. Um erro, isolado, já pode levar a uma tragédia. Imagine-se o acúmulo de vários deles.
O resultado aí está: Morte, desolação, desespero. Os principais responsáveis foram presos, mas o país tornou-se cenário de uma tragédia dantesca. Toda sociedade foi atingida. As chamas assassinas queimam e sufocam a consciência coletiva.
A imprevidência, a omissão e atitudes absurdas, como o comportamento dos seguranças, deixou nosso país e tantos outros perplexos. Foi uma derrota da vida, uma derrota da existência humana.
30 de janeiro de 2013
Pedro do Coutto
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