"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O SEGREDO SUJO DA EUROPA

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UE: aumentando as emissões de carbono (Fonte: Reprodução/Getty Images)
A política energética europeia gera o pior de todos os mundos possíveis

Enquanto a produção e o uso de carvão despencam nos EUA, na Europa “ocorre um tipo de era de ouro do carvão”, afirma Anne-Sophie Corbeau, da Agência Internacional de Energia. A quantidade de eletricidade gerada a partir de carvão está crescendo a taxas anualizadas de até 50% em alguns países europeus. Um vez que o carvão é de longe a mais poluente das fontes de eletricidade, com mais gases do efeito estufa produzidos por quilowatt hora do que qualquer outro combustível fóssil, esse fato está ridicularizando as aspirações ambientais europeias. Como isso aconteceu?

Leia também: Carvão competirá com petróleo como maior fonte de energia

A história começa, novamente, com o gás de xisto americano. À medida que os usos residenciais americanos passaram a serem abastecidos por gás, os mineradores de carvão americanos tiveram que procurar por novos mercados.
Eles o estavam fazendo em uma época em que uma demanda chinesa em desaceleração estava pressionando o preço do carvão para baixo, o qual caiu em um terço entre agosto de 2011 e agosto de 2010 e atualmente está abaixo de US$ 100 por tonelada.
Esses preços entusiasmam os compradores europeus. As compras europeias de carvão americano subiram em um terço nos primeiros seis meses de 2012.

Comparado aos preços minúsculos do gás nos EUA, o carvão não é tão barato assim. Mas trata-se de uma barganha comparado ao preço do gás na Europa.
Os contratos de gases europeus foram negociados há anos com a gigante do gás russa, a Gazprom, e apesar de uma onda de renegociações, os preços do gás europeu permaneceram altos.
O setor doméstico europeu de gás de xisto está muitos anos atrás dos EUA e em parte porque levará tempo até que a Europa construa uma infraestrutura para importar gás natural liquefeito em grandes quantidades.

Em reação, as empresas estão trocando o gás por carvão o mais rapidamente possível, de modo que fontes de energia renováveis como o vento e a luz do sol estão de fato substituindo o gás, mas não o carvão.
Mesmo em países europeus que não estão construindo novas usinas abastecidas por carvão, a quantidade de carvão usada como combustível está aumentando.

No momento, a política de energia da UE está incrementando o uso do combustível mais poluente, aumentando as emissões de carbono, prejudicando a reputação dos serviços públicos que dependem de eletricidade e espantando investimentos energéticos para outros lugares.

09 de janeiro de 2013
Fontes:
The Economist - Europe’s dirty secret: The unwelcome renaissance

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