Há muitos e muitos anos atrás, eu era noivo de uma moça. Um dia, na empresa em que eu trabalhava, que tinha refeitório, minha ex-secretária, que era minha amiga, e trabalhava em outro departamento, ligou-me perguntando se eu tinha vale de almoço. Respondi que sim, e ela me disse o seguinte:
– Traga um vale extra, que eu só tenho um e minha prima está aqui comigo. Ela veio fazer um teste e eu só tenho um vale. Fomos almoçar.
Coincidentemente, minha mãe estava em Santos, e naquele dia eu iria buscá-la. Disse à prima da minha amiga que eu lhe daria uma carona, porque também ela morava em Santos e não tinha automóvel. Levei-a, peguei minha mãe e voltei a SP. Na noite seguinte, quando fui encontrar a noiva, contei-lhe a história.
Ela teve uma crise de ciúmes e desmanchou o noivado. No dia seguinte, minha amiga ligou dizendo que sua prima tinha conseguido o emprego. Como ela trabalharia no sábado, eu a convidei para levá-la em casa.
À noite, fomos jantar na ilha Porchat, em São Vicente, SP, onde havia muitas boates. Eu ainda estava chateado pela perda, e então ela me consolou com a seguinte história, que lhe foi contada por outro primo, médico.
Enquanto o tratava, o jovem médico quis saber o motivo da sua pressa e ele disse que precisava ir a uma Casa de Idosos tomar o café da manhã com sua mulher que estava internada lá há bastante tempo.
Sua mulher sofria do “Alzheimer” em estágio bastante avançado.
Enquanto terminava o curativo, o médico perguntou-lhe se ela não ficaria assustada pelo fato dele estar atrasado.
– “Não – disse ele – Ela já não sabe quem eu sou. Há quase cinco anos ela nem me reconhece”. Intrigado, o médico lhe pergunta:
– “Mas se ela já nem sabe quem o senhor é, porque essa necessidade de estar com ela todas as manhãs”?
O velhinho sorriu, deu uma palmadinha na mão do médico e disse:
– “É verdade… ela não sabe quem eu sou, mas eu sei muito bem quem ela é! Enquanto ele saía apressado, o jovem médico sorria emocionado e pensava:
– “Esta é a qualidade de amor que eu gostaria de ter em minha vida. O Amor não se reduz ao físico, ao romântico. O Amor verdadeiro é a aceitação de tudo o que o outro foi, de tudo o que o outro é, de tudo que o outro será”…
A prima hoje é minha mulher. E só me custou um vale de almoço, há 35 anos atrás…
11 de janeiro de 2013
Magu
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