"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

"A ELEIÇÃO DE RENAN CALHEIROS NÃO ME SURPREENDE"


Para tristeza daqueles que desejam um país mais benemérito e um senado que represente de forma digna os anseios da sociedade brasileira, a eleição do senador Renan Calheiros (PMDB) como presidente do Senado é um tapa doloroso em nossas faces.
 
Não é ético eleger para presidir o senado um ex-presidente do próprio, que deixou o cargo no final de 2007 por denuncias que afirmavam que o senador recebia dinheiro de lobista, para pagar pensão de sua filha. Agora eleito presidente, o senador Renan Calheiros pode virar réu em processo criminal caso o Supremo Tribunal Federal (STF) acolha a acusação apresentada pelo ministério público, por peculato, falsidade ideológica, e uso de documento falso.
 
Infelizmente não é de ética que vive o senado brasileiro, ou pior, a política brasileira. A cada situação desagradável como essa, o nosso país fica menor e o sentimento de impunidade retorna com força em um país que começa a acreditar que os corruptos serão punidos. Com certeza essa foi a principal mensagem do julgamento do Mensalão, que teve como relator o ministro e atual presidente do STF, Joaquim Barbosa.
 
Todos nós já sabíamos do desfecho final dessa votação, afinal de contas o corporativismo torpe, tem sido uma das principais marcas da política brasileira. Não generalizando, pois uma generalização desse tipo, só protege os corruptos e criam entraves para o surgimento de novos quadros, que já se apresentam sob o olhar da desconfiança.
 
A grande verdade é que o político brasileiro descobriu que nosso povo tem memória curta, sendo assim, os prejuízos não serão de longo prazo, ou melhor, nas próximas eleições já não serão lembrados e se lembrados forem os marqueteiros cuidaram disso, pois o povo é fácil de ser enganado.
 
“Talvez, para não dizer com certeza, eles nem saibam o que está acontecendo, agora fica um grupinho fazendo zoada mas logo isso passa e assim continuaremos fazendo do estado público o nosso privado.”
Certamente assim pensam alguns de nossos “representantes”.
 
Em 2009 o então presidente do senado, José Sarney, enfrentou uma serie de denúncias, foi acusado de nomear parentes por meio de atos não publicados pela instituição.
O senado registrou mais de 300 atos secretos, que resultaram em 11 pedidos de cassação do mandato de Sarney. Várias manifestações foram realizadas, o senado brasileiro entrou em crise. O que aconteceu? Todos os pedidos de cassação foram arquivados e Sarney foi reeleito presidente do senado em 2011, ou seja, a história se repete.
 
A eleição de Renan Calheiros não me surpreende justamente pelo histórico recente da política brasileira, que se confunde com a própria corrupção.
Nós temos quadros dignos em todos os partidos, me corrigindo, não sei se posso dizer todos, pois no Brasil partido político virou investimento com retorno de curto prazo.
 
Como disse o 16º presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln, a quem eu tenho grande respeito e admiração, “Um boletim de voto tem mais força que um tiro de espingarda”. Essa mensagem foi dita a mais de um século e nós ainda não compreendemos a força do voto, o maior poder de uma sociedade.
 
A política brasileira está carente de estadistas, de lideres que pensem nas próximas gerações. O que me surpreende é a falta de prioridade com a educação no Brasil, que facilita a manutenção dos corruptos no poder.
 
04 de fevereiro e 2013
Bruno Alves
NOTA AO PÉ DO TEXTO
O último parágrafo é uma contradição, considerando a explícita 'patifaria política' que se pratica no país expressa no conteúdo do post.
Ante a correta afirmação "pois no Brasil partido político virou investimento com retorno de curto prazo", mais do que evidente que nenhum político que pretenda perenizar a gandaia, apresente ou vote projetos voltados para a educação.
Seria colocar a raposa no galinheiro. Com a educação, invevitavelmente o eleitorado cativo, aprisionado 'bolsismo' e pela demagogia, alcançaria o discernimento necessário para ver que o "o rei está nu".
Não deveria surpreender que a educação não seja prioridade num país em que a validade do título de eleitor está na razão direta do analfabetismo, funcional ou não. E o IBGE pode demonstrar tal fato.
O texto é ótimo porque desvenda a farsa política que se engendra na casa do espanto.
m.americo

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