Ex-presidente falou a convite de sindicato de trabalhadores da indústria automotiva norte-americana
WASHINGTON - Em discurso para uma plateia de sindicalistas americanos, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo, 3, que não morrerá "em casa tossindo, mas em um palanque ou em qualquer lugar brigando com alguém". Embora o recado possa ter recipientes atentos no Brasil, naquele momento fez parte da receita de auto-ajuda do ex-líder sindical e político ainda ativo às organizações trabalhistas dos Estados Unidos.
Lula defendeu que o movimento sindical americano não pode tolerar a imposição de empresas, como a Nissan, que rejeitam a sindicalização de seus funcionários como requisito para realizar seu investimento no país. Estimulou ainda os sindicalistas a se candidatarem a postos públicos, seguindo seu exemplo, e não esperar que políticos da elite os represente no Congresso.
"Nunca pensei em ser vereador ou síndico do prédio em que morava e cheguei à presidência do Brasil", vangloriou-se, vestido com uma jaqueta do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Automotiva e Aeroespacial dos EUA (UAW, na sigla em inglês) presenteada pelo líder dessa organização, Bob King. "Pensem no seguinte: o político honesto não está em mim. Está em cada um de vocês. Assuma a responsabilidade de ter um sindicalista, um metalúrgico, no Congresso", completou.
Lula foi calorasamente recebido pelos sindicalistas, reunidos para o Programa de Ação Comunitária do UAW, evento anual que já teve entre seus principais convidados o presidente dos EUA, Barack Obama, e Bill Clinton,quando estava no comando do país. A platéia gritava o nome de Lula e o aplaudia com entusiasmo enquanto ele contava a história do movimento sindical brasileiro a partir dos anos 80, a fundação do PT e sua trajetória política cheia de fracassos eleitorais antes de sua vitória, em 2002. Recebeu o título de filiado honorário da UAW e, Bob King, deu de presente uma camiseta 8 do Corinthians com uma dedicatória.
O ex-presidente não aconselhou apenas os "companheiros" sindicalistas americanos, mas também emitiu sua receita de exercício do poder para o governante dos EUA, empossado no último dia 21 para seu segundo mandato. Lula lembrou que, ao ser eleito, em 2002, teve a "consciência" de não poder cometer erros, sob o risco de nenhum outro operário vir a ser escolhido para presidir o Brasil. Nos EUA, eventuais erros de Obama significarão a frustração de futuras candidaturas de afro-americanos, emendou ele.
"Vocês não sabem o quanto eu torci pela eleição do presidente Obama. A eleição de um negro era necessária, como foi a de um operário no Brasil e a de um índio, na Bolívia", disse, sob aplausos efusivos da platéia. Sindicalistas, em massa, votam para os candidatos democratas nos EUA. "Peço a Deus que Obama saiba de uma coisa que está na minha cabeça: ele não pode errar porque, senão, nenhum outro negro será eleito no país porque o preconceito é muito forte", completou.
Como segundo conselho a Obama, recomendou não repetir a mesma fórmula de seus quatro primeiros anos na Casa Branca durante seu segundo mandato. Desconheceu, entretanto, a dinâmica americana, que faz o segundo e último mandato da carreira de um presidente o seu momento para entrar na História e no grupo dos líderes consagrados do país.
Lula foi além e comentou que "não queria" candidatar-se em 2006. "Eu tinha medo. O segundo mandato é tão perigoso que, se o presidente fizer o mesmo que no primeiro, ele já fracassou", afirmou, para em seguida sugerir que a agenda de desenvolvimento por ele formulada no segundo mandato será suficiente para o Brasil se consolidar como a "quinta economia do mundo até 2016".
Chávez. Com o processo sobre seu envolvimento no mensalão chegando na primeira instância da Justiça de São Paulo e sua nova estratégia para o PT eleger o governante paulista em 2014 estampada no Estadão de domingo, Lula esquivou-se de falar com a imprensa brasileiro.
Chegou a dizer-se surpreso com a vitória do Corinthians de domingo para não mergulhar em uma conversa com os jornalistas. Ele desconversou especialmente quando questionado sobre seu possível contato com o presidente eleito da Venezuela, Hugo Chávez, em sua passagem por Havana, Cuba, nesta semana.
"Eu não sei de nada", limitou-se a dizer, quando questionado sobre as condições de saúde do líder bolivariano. Sua assessoria, entretanto, confirmara ter ele conversado com os médicos de Chávez.
Lula antecipou seu discurso, para não atrapalhar a partida final do campeonato de futebol americano, o Super Bowl, e partiu para o Brasil por volta das 20h (23h, no horário de Brasília).
04 de fevereiro de 2013
Denise Chrispim Marin, de O Estado de S. Paulo
Lula defendeu que o movimento sindical americano não pode tolerar a imposição de empresas, como a Nissan, que rejeitam a sindicalização de seus funcionários como requisito para realizar seu investimento no país. Estimulou ainda os sindicalistas a se candidatarem a postos públicos, seguindo seu exemplo, e não esperar que políticos da elite os represente no Congresso.
"Nunca pensei em ser vereador ou síndico do prédio em que morava e cheguei à presidência do Brasil", vangloriou-se, vestido com uma jaqueta do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Automotiva e Aeroespacial dos EUA (UAW, na sigla em inglês) presenteada pelo líder dessa organização, Bob King. "Pensem no seguinte: o político honesto não está em mim. Está em cada um de vocês. Assuma a responsabilidade de ter um sindicalista, um metalúrgico, no Congresso", completou.
Lula foi calorasamente recebido pelos sindicalistas, reunidos para o Programa de Ação Comunitária do UAW, evento anual que já teve entre seus principais convidados o presidente dos EUA, Barack Obama, e Bill Clinton,quando estava no comando do país. A platéia gritava o nome de Lula e o aplaudia com entusiasmo enquanto ele contava a história do movimento sindical brasileiro a partir dos anos 80, a fundação do PT e sua trajetória política cheia de fracassos eleitorais antes de sua vitória, em 2002. Recebeu o título de filiado honorário da UAW e, Bob King, deu de presente uma camiseta 8 do Corinthians com uma dedicatória.
O ex-presidente não aconselhou apenas os "companheiros" sindicalistas americanos, mas também emitiu sua receita de exercício do poder para o governante dos EUA, empossado no último dia 21 para seu segundo mandato. Lula lembrou que, ao ser eleito, em 2002, teve a "consciência" de não poder cometer erros, sob o risco de nenhum outro operário vir a ser escolhido para presidir o Brasil. Nos EUA, eventuais erros de Obama significarão a frustração de futuras candidaturas de afro-americanos, emendou ele.
"Vocês não sabem o quanto eu torci pela eleição do presidente Obama. A eleição de um negro era necessária, como foi a de um operário no Brasil e a de um índio, na Bolívia", disse, sob aplausos efusivos da platéia. Sindicalistas, em massa, votam para os candidatos democratas nos EUA. "Peço a Deus que Obama saiba de uma coisa que está na minha cabeça: ele não pode errar porque, senão, nenhum outro negro será eleito no país porque o preconceito é muito forte", completou.
Como segundo conselho a Obama, recomendou não repetir a mesma fórmula de seus quatro primeiros anos na Casa Branca durante seu segundo mandato. Desconheceu, entretanto, a dinâmica americana, que faz o segundo e último mandato da carreira de um presidente o seu momento para entrar na História e no grupo dos líderes consagrados do país.
Lula foi além e comentou que "não queria" candidatar-se em 2006. "Eu tinha medo. O segundo mandato é tão perigoso que, se o presidente fizer o mesmo que no primeiro, ele já fracassou", afirmou, para em seguida sugerir que a agenda de desenvolvimento por ele formulada no segundo mandato será suficiente para o Brasil se consolidar como a "quinta economia do mundo até 2016".
Chávez. Com o processo sobre seu envolvimento no mensalão chegando na primeira instância da Justiça de São Paulo e sua nova estratégia para o PT eleger o governante paulista em 2014 estampada no Estadão de domingo, Lula esquivou-se de falar com a imprensa brasileiro.
Chegou a dizer-se surpreso com a vitória do Corinthians de domingo para não mergulhar em uma conversa com os jornalistas. Ele desconversou especialmente quando questionado sobre seu possível contato com o presidente eleito da Venezuela, Hugo Chávez, em sua passagem por Havana, Cuba, nesta semana.
"Eu não sei de nada", limitou-se a dizer, quando questionado sobre as condições de saúde do líder bolivariano. Sua assessoria, entretanto, confirmara ter ele conversado com os médicos de Chávez.
Lula antecipou seu discurso, para não atrapalhar a partida final do campeonato de futebol americano, o Super Bowl, e partiu para o Brasil por volta das 20h (23h, no horário de Brasília).
04 de fevereiro de 2013
Denise Chrispim Marin, de O Estado de S. Paulo
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