Valério está condenado a 40 anos de prisão como o principal operador da lambança armada pelo PT para comprar votos de deputados e, assim, garantir maioria na Câmara para o então governo do Lula.
O simples enunciado do episódio demonstra serem absurdas as possibilidades de um representante do Ministério Público, em São Paulo, aceitar denunciar o ex-presidente por conta de acusações de um chantagista.
Será sempre bom aguardar a decisão do procurador ainda desconhecido, e depois, se necessário, do respectivo juiz de primeira instância, mas imaginar o Lula réu por conta das declarações de Valério seria o mesmo que acreditar na possibilidade de os elefantes voarem.
Não precisaria o PT ficar em polvorosa, muito menos o Lula preocupar-se. Afinal, tudo tem limites. Os elefantes não voam.
NOVA INCURSÃO SOBRE A ÉTICA?
Aguarda-se o pronunciamento de Henrique Eduardo Alves, hoje, logo depois de haver sido escolhido novo presidente da Câmara. Assim como Renan Calheiros, depois de eleito no Senado abordou conceitos de ética, seu colega deputado poderá fazer o mesmo. O diabo é cotejar as mensagens dos novos dirigentes do Congresso com as acusações feitas a eles, na imprensa e arredores.
Melhor fariam se anunciassem, sem perda de tempo, iniciativas destinadas a recuperar a imagem da instituição que passam a chefiar. Que tal marcar sessões deliberativas, nos dois plenários, para segundas e sextas-feiras, além de sábados e domingos?
Por que não proibir viagens de senadores e deputados ao exterior com despesas pagas pelos cofres públicos?
Cortar o ponto dos faltosos que não estejam comprovadamente doentes? Investigar quais os parlamentares que, direta ou indiretamente, são empresários e manipulam o poder público em favor de seus interesses financeiros? Princípios éticos existem para ser acionados.
O CAMINHO INVERSO
Chocou seus admiradores a primeira entrevista dada pelo dr. Ulysses Guimarães imediatamente divulgados os resultados das eleições presidenciais de 1989, quando ele recebeu menos votos do que o dr. Enéas. Como se estivesse reagindo inconscientemente à derrota, ele pregou a imediata mudança no sistema de governo, aderindo ao parlamentarismo. Depois, caiu em si e esqueceu a escorregadela.
Pois não é que tantos anos depois, quem faz o mesmo caminho inverso é o ex-presidente José Sarney? O país só não se tornou parlamentarista por causa dele, já que a Constituição de 88, às vésperas de ser promulgada, dispunha de um arcabouço amplamente característico do sistema parlamentar. Do palácio do Planalto, Sarney reagiu, mobilizou e, justiça se faça, graças a seus esforços o presidencialismo foi mantido, de acordo com a vontade nacional.
Como agora, ao despedir-se da presidência do Senado, ele prega o parlamentarismo? Todo mundo muda, mas certas mudanças não são fáceis de explicar…
04 de fevereiro de 2013
Carlos Chagas
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