"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

OPOSIÇÃO DIZIMADA: BRASIL NO CAMINHO DO AUTORITARISMO CONSENTIDO


 
Artigo do jornalista Paulo Saab no jornal Diário do Comércio de São Paulo deste domingo, que transcrevo após este prólogo, faz uma constatação há muito percebida pelos mais de 46 milhões de brasileiros que não votaram no PT nas últimas eleições presidenciais: o Brasil não tem mais Oposição. Aliás o episódio da eleição de Renan Calheiros como presidente do Senado demonstrou isso de forma concreta.

Além do mais, artigos como este de Saab também não aparecem mais na grande imprensa brasileira. O colunismo político costuma enfocar mais fofocas palacianas e, como a Oposição não dá as caras, não frequenta mais o noticiário político. Tem razão o articulista. O título do artigo resume tudo: A 'Oposição Dizimada'. A foto acima que foi publicada recentemente em O Globo, do fotógrafo Michel Filho, é emblemática. Leiam:

Ter oposição inteligente, civilizada, é sempre saudável. Só não é para quem, autoritariamente, como, por exemplo, o presidente do PT, Rui Falcão, quer ser o dono da verdade, estar sempre no poder e não precisar dar satisfações.

Mas, embora estejamos numa democracia que se consolida bem, embora o País vá aos trancos e barrancos em sua política e falta de políticas públicas, ele quase tem o que quer. Não há oposição no País.

O Brasil está dominado, comprado, anestesiado pelo esquema de poder e distribuição dos recursos públicos, por corrupção ou clientelismo.

Os partidos que não estão totalmente comprados, satisfeitos com migalhas que caem do prato, não exercem seu papel à altura dos milhões de votos recebidos e se escondem para ficar com cargos de segunda linha, num festival de fisiologismo que mostra o quanto o Brasil está carente de líderes de verdade.
Não temos oposição nem líderes.

Que líderes são Renan Calheiros, Henrique Alves, José Sarney?

Quem é líder oposicionista que represente os mais de 46 milhões de brasileiros que não votaram no PT na ultima eleição presidencial?

Quem fala em nome dos que enxergam às falácias do governo federal, as manipulações, as mentias, a enganação? Quem as denuncia?

Quem é o político com credibilidade que levanta a voz contra o mau uso da coisa pública?

A República brasileira na propaganda é uma beleza. Na ação prática é um clube de amigos onde todos querem estar. Sucumbiram.
Todos hoje querem ser amigos, aliados, do PT e seus partidos comprados de sustentação.

O ditado é exercitado plenamente: quando não puder vencer o adversário, una-se a ele. Incompetente na arte de ser oposição, sem vocação que não seja a fisiológica, até o PT assim se transformou, nossa "oposição" une-se ao poder para usufruir de benesses que passam ao largo dos interesses da nação. Servem aos interesses dos partidos e políticos.

Quem é caro leitor, em sua opinião, um oposicionista que merece respeito e fala em seu nome, se você não é um cooptado companheiro?

Renan Calheiros? Henrique Alves? Serra? (sem misturar no mesmo saco). Aécio?
Quem fala em nome dos que não se deixam levar pela enganação oficial?

Defensores de pobres, mesmo na demagogia, temos aos borbotões.

Quem defende quem não se enquadra na categoria? Quem fala em nome dos interesses efetivos do País? Das pessoas que conseguem discernir por si próprias?

A volta de Renan Calheiros à presidência do Senado, em substituição – louve-nos Deus – a Sarney, é um escárnio. Uma ofensa. Uma agressão à população brasileira. Que não está nem aí, porque é enganada o tempo todo e compra gato por lebre.

Saiu do cargo, renunciou e correu para não ser cassado por corrupção. Está sob denuncias de novo.

O Brasil é uma República que aprendeu a disfarçar. Não aparenta mais ser de bananas. Aliás, Chávez não deixaria. Ninguém o supera.

A República brasileira está se tornando, já se tornou, numa "cosa nostra". Onde os políticos, sejam de situação ou de oposição, têm uma única escolha à la Rui Falcão (favorávela existir somente ele e os companheiros, a só eles pensarem): aderir para jogar o jogo do engana-povo.

A eleição de Renan Calheiros para presidir o Senado deveria ser seguida de bandeira a meio-pau por pelo menos uma semana. Mas quem vai propor se está tudo dominado?

Vou esperar a explicação do senador Suplicy. Ser contra Calheiros, mas nele votar, é algo que nem Houdini faria.
São Paulo merece dois Suplicys no Senado. Aliás, um só. Dona Marta, que nem Suplicy mais é, trocou o voto dos paulistas por um carguinho de ministra por ter aderido à campanha na qual queria ser a candidata.
Deve passar o dia coçando o cotovelo na Esplanada.
 
04 de fevereiro de 2013
in aluizio amorim

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