Santos foi designado para viabilizar tal tarefa. Mas ao chegar à empresa verificou que se tratava de um absurdo total e, com base nas informações do corpo técnico, passou a se opor à ideia. A proposta de venda de Furnas, a maior operadora hidrelétrica brasileira, calculava um preço, denunciou na época, dez vezes menor do que seu ativo.
Isso sem considerar sua importância econômica, responsável, como é até hoje, pelo fornecimento e transmissão de 41% da energia consumida no país e por 63% da produção industrial brasileira. São quinze hidrelétricas, duas térmicas, vinte mil quilômetros de linhas de transmissão. Espinha dorsal do sistema elétrico nacional, como há pouco classificou o atual presidente da empresa, Flávio Decat.
A luta em que se empenhou não foi fácil. Ao contrário. Enfrentou e superou fortes pressões, sobretudo com o ex-presidente do BNDES e que exercia também a presidência do Conselho Nacional de Desestatização, Pio Borges.
A diretoria atual de Furnas, em comunicado oficial, destacou o respeito de que era credor, frisando que será sempre lembrado por sua ética e capacidade de mobilização. Ajudou Furnas a se tornar o que é hoje, um dos principais agentes do desenvolvimento brasileiro.
UM POLÍTICO DE VALOR
Vereador, deputado estadual, deputado federal, administrador, seu curriculum é dos mais amplos. Foi filiado ao Partido Democrata Cristão, ao PFL, finalmente ao PMDB. Na Câmara Federal, tornou-se relator de grande número de projetos de extrema relevância para o país como foi caso da Reforma do Poder Judiciário e do Código de Defesa do Consumidor. Nos últimos tempos encontrava-se afastado das atividades políticas e administrativas.
Assumindo a presidência de Furnas em 99, permaneceu no cargo até 2002. Compreendeu o papel de Furnas, valorizou a participação da empresa no sistema elétrico. Em 2002, elegeu-se deputado federal para o que seria o último mandato de sua carreira e de sua vida.
Sua morte consternou a atual diretoria e o quadro funcional da empresa, que hoje poderia, não fosse sua atuação, encontrar-se fora da rede estatal e portanto não integraria a holding da Eletrobrás.
Santos compreendeu a importância de seu papel e exerceu o cargo com eficiência, independência, dignidade.
A direção de Furnas e os funcionários destacaram que o Brasil será eterno devedor desse grande ser humano. Perfeito. Luis Carlos Santos foi um administrador notável, um ser humano excepcional. A frase, embora tão repetida ao longo do tempo e em várias situações, no caso de Luiz Carlos Santos, se aplica integralmente: o país muito deve a ele.
Furnas, hoje, é uma potência ainda maior do que era. A sobrevivência da empresa, no final do período FHC, garantiu a continuidade que hoje todos a reconhecem, admiram e exaltam como exemplo de eficiência e progresso.
03 de fevereiro de 2013
Pedro do Coutto
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