Em relatório especial sobre o país, organização aponta que desigualdade era maior há 15 anos
Mesmo com o forte investimento do governo em programas de redução da pobreza nos últimos anos, o Brasil ainda é um dos países com maior desigualdade social do mundo, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Publicado nesta terça-feira, o “Relatório Territorial Brasil 2013” analisa diversos aspectos do país e revela que, apesar dos avanços significativos nos últimos 15 anos, a disparidade entre as economias dos estados brasileiros continua alta, menor apenas que a do México e duas vezes superior à média dos membros da OCDE.
De acordo com o estudo, o coeficiente Gini (que mede a desigualdade de renda) entre os estados brasileiros era de 0,30 em 2010, enquanto o do México, o mais desigual, era de 0,34. O coeficiente varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 0, menor a desigualdade. O país com melhor distribuição de renda é o Japão, com índice de 0,06.
O resultado brasileiro, no entanto, é melhor do que o registrado nos últimos anos, destaca a OCDE. O relatório aponta que o forte crescimento de regiões mais pobres foi um fator importante para a diminuição da desigualdade, que diminuiu cerca de 0,7 ponto percentual por ano entre 2001 e 2007. Nesse período, o PIB per capita de Roraima cresceu de 46% da média nacional para 72%. Já o do Mato Grosso aumentou de 82% para 103%. Apesar dos avanços, o estudo destaca os desafios que precisam ser vencidos.
ESSA NÃO! |
O relatório elogia os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, mas destaca que é importante investir em programas de inclusão social e outras medidas complementares.
“A redução da pobreza não será sustentável sem a criação de empregos locais e sem crescimento. As políticas sociais devem, portanto, vir acompanhadas de políticas voltadas à criação de empregos e crescimento endógeno”, ressalta o documento.
Ainda a respeito da desigualdade, a organização critica a concentração de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo o documento, cerca de 65% dos recursos do PAC são destinados às regiões Sul e Sudeste, as mais ricas do país.
Estrutura institucional brasileira é complexa, diz relatório
Para o secretário-geral da OCDE Angel Gurria, que assina o estudo, a superação dos desafios depende de uma melhor governança. A estrutura institucional brasileira é considerada “complexa” pelo estudo. De acordo com o relatório, os problemas mais graves de governança estão na esfera municipal. O documento aponta que há excesso de instituições atuando sobre os municípios, criando “superposições, ineficiências e aumento dos custos operacionais”.
— A boa governança vai ser fundamental para que o Brasil consiga usar conquistas anteriores para alcançar suas metas de desenvolvimento. Incentivo o governo a reunir ministérios e autoridades regionais para garantir que essa oportunidade não seja perdida — disse o secretário-geral, em nota.
20 de março de 2013
Marcello Corrêa - O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário