Quem sou eu para pedir ao presidente do Supremo Tribunal Federal que tome mais cuidado com as palavras?
Palavras inadequadas são tudo o que os mensaleiros condenados e os caríssimos advogados desejam ouvir de Joaquim Barbosa. Em contraste com o silêncio de pedra de quem mais falou no julgamento histórico: Lewandosky.
Este espera, como o paciente crocodilo à beira da lagoa, que chegue a hora do almoço. Será o próximo presidente da Corte.
Joaquim Barbosa coleciona, em poucos meses, episódios que podem distanciá-lo de seus pares.
E isto é tudo o que “god” e asseclas desejam. Seria a desconstrução de um trabalho brilhante. E essencial à cidadania.
O destempero com um jornalista (negro) que foi acusado por Barbosa de perguntar o que não devia, com um “até você? Desta cor?” que não faz justiça ao ministro.
O “chafurdar o lixo” para outro jornalista é, na melhor das hipóteses, uma demonstração de inabilidade que algumas aulas com Ayres Brito talvez ajudem a conter.
Proibir que juízes tenham advogados no círculo de amigos é de um primarismo absurdo. A amizade, por si só, não é crime. Isso ocorre quando a amizade se transforma em relação promíscua. Nesses casos, basta aplicar a lei. A proposta esdrúxula esboçada pelo presidente do Supremo agride a lógica e a sensatez.
O excesso de virtude pode ser pecado. Mesmo quando não se quer ser pecador.
Joaquim Barbosa já entrou para a história do Supremo. Pela porta da frente. Pelo exemplo.
Que ─ em nosso nome, que precisamos de juízes como ele ─ seja mais contido nas palavras. E que não deixe brechas para quem é especialista em atacar, caluniar e alterar a história. Este é o receio.
Pega leve, Joaquim!
20 de março de 2013
REYNALDO ROCHA
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