"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 20 de março de 2013

DAWKINS: "FETO HUMANO TEM MENOS VALOR DO QUE UM PORCO".


          Artigos - Cultura 
As opiniões de Richard Dawkins, ou de outro burro qualquer, não me incomodam. Sempre existiram burros, e como escreveu C. Cipolla, a percentagem de estúpidos em circulação é sensivelmente idêntica em todas as sociedades de todas as épocas.

O que me incomoda é caixa de ressonância dos me®dia: algumas das vezes acrítica, porque entre os pasquins — como, por exemplo, o jornal Público — a percentagem de estúpidos é superior ao normal; outras vezes propositada quando alinhada com um certo niilismo ético de uma política cultural de “terra queimada”.
 
Quando dizemos que “aquele animal sente dor”, essa nossa constatação é intuitiva.
Do ponto de vista estritamente do método científico positivista, nenhum cientista pode verificar e confirmar que um animal sente dor.
O cientista pode inferir a dor de um animal, mas essa inferência tem origem intuitiva, e não uma origem estritamente científica no sentido de verificação empírica e positivista.

A presumível dor de um ser não é um critério científico — em sentido estrito do método científico — para estabelecer razões para o aborto ou para a eutanásia. A constatação da dor de um qualquer ser é intuitiva, e por isso, do domínio da ética, e logo, do domínio da filosofia.

Quando a ciência diz que “um feto humano não sente dor”, incorre em um grave erro e abuso metodológicos.
 
Por isso é que Richard Dawkins é burro, porque ele deveria estar concentrado na biologia em vez de se meter pela filosofia adentro.
Porém, para além de burro, é estúpido, porque ele consegue intuir a dor de um animal qualquer, mas já não consegue intuir a presença de um ser humano num feto humano.

20 de março de 2013

Orlando Braga

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