Pane administrativa – Transferir aos moradores das áreas de risco a responsabilidade pela nova tragédia ocorrida em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeira, é tarefa simples quando se está hospedado em um dos melhores hotéis da capital italiana sob as expensas do contribuinte brasileiro.
Foi exatamente isso o que a presidente Dilma Rousseff fez ao falar sobre os deslizamentos de terra ocorridos nas encostas da histórica cidade fluminense, que até agora fizeram 27 vítimas fatais.
No primeiro momento Dilma disse que era preciso retirar à força as famílias desses locais, mas não é assim que se trata um ser humano que é diuturnamente ignorado pelas autoridades.
O verão está em seu capítulo final e os governantes em breve não mais se lembrarão de que medidas precisam ser adotadas para que dentro de um ano a cena se repita e confirme a secular falha do Estado como um todo.
Em janeiro de 2011, logo após assumir a Presidência, Dilma abusou do discurso e prometeu entregar 6 mil novas residências às famílias afetadas pelas chuvas que caíram na serra fluminense, mas até agora nada saiu do papel.
Essa situação degradante comprova que a inoperância do governo é criminosa, uma vez que pessoas inocentes são vítimas de autoridades inescrupulosas. O adensamento populacional em muitas cidades e a ocupação ilegal de áreas de risco decorrem da política urbana equivocada que reina no País.
Ninguém decide morar no limiar da morte porque gosta de viver perigosamente, mas porque a tão propalada distribuição de renda é um balela pura e as políticas sociais são meramente eleitoreiras.
Os salários pagos no Brasil à extensa maioria da população não permite que o cidadão viva em um local minimamente seguro, mesmo que humilde. Com R$ 678, valor do salário mínimo, consegue-se ao máximo alugar um barraco na favela, que custa perto de R$ 400, e comprar algo para comer. O restante, luz e água, consegue-se a partir dos famosos “gatos”.
Tão logo ocorreu a tragédia de 2011, em Petrópolis, as autoridades anunciaram a liberação de um auxílio que foi batizado de “aluguel social”, cujo valor é insuficiente para garantir uma moradia temporária. Sem perspectiva, as pessoas atingidas pelas chuvas retornaram às áreas de risco. Isso comprova de maneira inquestionável o fracasso do programa “Minha Casa, Minha Vida”, outro ufanismo que funciona muito bem como ferramenta de campanha.
Enquanto os palacianos não compreenderem que governar um país exige doses mínimas de planejamento, o Brasil continuará sendo palco de tragédias de todos os tipos.
20 de março de 2013~
ucho.info
Nenhum comentário:
Postar um comentário