"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 20 de março de 2013

EDUARDO CAMPOS MINIMIZA PESQUISA DE OPINIÃO SOBRE GOVERNO DILMA

Governador de Pernambuco, além da crítica, lançou revista com feitos do seu governo


Campos: revista de R$ 200 mil bancada pelo estado
Foto: Agência O Globo / Hans von Manteuffel
Campos: revista de R$ 200 mil bancada pelo estadoAGÊNCIA O GLOBO / HANS VON MANTEUFFEL


 
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, provável candidato do PSB à Presidência, minimizou nesta terça-feira a avaliação do feita sobre o governo Dilma.
Segundo pesquisa do Ibope feita para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 63% da população avaliam o governo como ótimo ou bom. Campos afirmou que “ninguém deve cantar vitória antes da hora”:
 
— A presidente já tinha aceitação popular. E é muito importante, em momentos decisivos como este, que os governantes tenham a confiança da população, para poder, inclusive, dar conta dos novos desafios que estão por aí — afirmou. — Que a presidente possa reconduzir o Brasil a um processo de crescimento econômico, distribuir renda, animar investimentos.
 
Campos lança revista
 
No mesmo dia em que teve questionada a transparência do governo por deputados estaduais e pela seccional de Pernambuco da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o governador Eduardo Campos (PSB) lançou uma revista com custo anual de R$ 200 mil, pagos integralmente pelo governo do estado.
 
A publicação será trimestral, com tiragem inicial de mil exemplares, e tem como público-alvo servidores, gestores e acadêmicos. E objetiva mostrar experiências exitosas da administração pública de Pernambuco e de outros estados e municípios.
A revista “Gestão Pública PE” traz em seu número inicial 14 seções, das quais pelo menos seis relatam experiências no estado, destacando o modelo de gestão premiado no ano passado pela ONU, na qual Campos aparece ao lado do hoje prefeito de Recife, Geraldo Júlio (PSB).
 
Ao lançar a revista, Campos voltou a defender a necessidade de inovação na administração pública.
 
— Não é possível que o aparelho de Estado se organize da mesma forma do século passado, muitas vezes duplicando estruturas sem necessidade — disse.
Segundo o secretário de Planejamento e Gestão do estado, Frederico Amâncio, a publicação “é uma revista científica para um debate qualificado”, aberta a “sugestões, provocações e textos”.
 
— É um espaço de discussão sobre gestão pública, com experiências também de outros estados e colaboradores do Brasil todo — frisou.
 
A transparência do governo de Campos foi questionada por deputados estaduais que pretendiam fazer uma blitz no Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe), mas foram impedidos. O fato levou a OAB-PE a emitir nota oficial ontem, na qual afirma que a medida “fere um direito constitucional: o livre acesso à informação”.
 
O incidente ocorreu na última quinta-feira com quatro deputados estaduais da oposição que pretendiam averiguar denúncias de que o Lafepe estaria operando com ociosidade e em condições sanitárias insuficientes.
Segundo os parlamentares, a direção do Lafepe não os autorizou a entrar no laboratório porque não tinha ninguém para acompanhá-los e porque o ingresso na área fabril requer programação e uma série de exigências feitas pela Anvisa.
 
O presidente do Lafepe, Luciano Vasquez, garantiu, no entanto, que “ninguém foi impedido de fiscalizar” e que os chamou para a sala da diretoria, mas que os parlamentares só tinham interesse em entrar na área industrial.
 
— Querem fazer factoide político. Não quiseram conversa, mas só adentrar na produção. Qualquer laboratório, seja público ou privado, exige pré-agendamento de visitas. Acabou-se o tempo da carteirada, de dizer que “vou entrar em qualquer lugar” — afirmou o executivo.
 
20 de março de 2013
Letícia Lins - O Globo

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