Ex-mulher é um perigo. Veja só como um político britânico foi facilmente liquidado.
Em 2003, o carro de Chris Huhne foi detectado em excesso de velocidade numa
estrada britânica. O político liberal-democrata fez com que a mulher assumisse a
culpa.
Divórcio à inglesa
Foi o início de um caso que custou a ele primeiro o lugar de ministro, depois seu posto no Parlamento e agora a liberdade: Huhne vai cumprir uma pena de oito meses de prisão.
A agora ex-mulher, Vicky Pryce, também foi condenada a oito meses de prisão, por ter colaborado na mentira às autoridades.
O caso aconteceu em 2003, mas só foi conhecido em 2011, depois de o político ter assumido um romance com uma empregada e pedido o divórcio.
Vicky Pryce, uma reputada economista, se vingou: contou a história aos jornais, e Huhne foi acusado de mentir às autoridades. Enquanto isso, no Brasil...
(transcrito do Diário do Centro do Mundo)
Divórcio à inglesa
Foi o início de um caso que custou a ele primeiro o lugar de ministro, depois seu posto no Parlamento e agora a liberdade: Huhne vai cumprir uma pena de oito meses de prisão.
A agora ex-mulher, Vicky Pryce, também foi condenada a oito meses de prisão, por ter colaborado na mentira às autoridades.
O caso aconteceu em 2003, mas só foi conhecido em 2011, depois de o político ter assumido um romance com uma empregada e pedido o divórcio.
Vicky Pryce, uma reputada economista, se vingou: contou a história aos jornais, e Huhne foi acusado de mentir às autoridades. Enquanto isso, no Brasil...
(transcrito do Diário do Centro do Mundo)
Desembargador é condenado por ligação com bicheiro Cachoeira. A única pena é se aposentar mais cedo.
O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 18º Região, de Goiás, condenou por unanimidade o desembargador Júlio César Cardoso de Britto à aposentadoria compulsória com provimentos proporcionais por envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira. O juiz foi acusado de improbidade administrativa, corrupção passiva e exploração de prestígio.Vai se aposentar…
A ligação do magistrado com o bicheiro foi descoberta durante a operação Monte Carlo da Polícia Federal (PF), que desarticulou uma quadrilha de exploração do jogo ilegal em Goiás, além de identificar relações entre Cachoeira e governos estaduais, prefeituras e parlamentares do Congresso.
Escutas telefônicas da PF e documentos apontam que o desembargador realizava tráfico de influência para o grupo de Cachoeira e orientava advogados do bicheiro a lidar com ações no tribunal.
Segundo o inquérito policial, o magistrado teria viajado com um assessor de Cachoeira para Buenos Aires, na Argentina, com passagens pagas pelo grupo. Teria, também, pego emprestado o carro – um Mercedes – do irmão do contraventor.
O magistrado, que é ex-vice-presidente do TRT, nega as denúncias. Desde junho do ano passado, ele está afastado preventivamente do tribunal. Ao final do julgamento, o advogado Felicíssimo Sena, que defende Júlio César, disse que vai recorrer da decisão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Sena alegou a nulidade das escutas feitas pela PF, por terem sido obtidas através da interceptação de linhas telefônicas de terceiros, sem qualquer autorização judicial em relação ao desembargador Brito – como seria necessário.
NOTA DA REDAÇÂO DO BLOG - A impunidade de magistrados é uma ofensa à cidadania, uma vergonha nacional. Mostra a que ponto vai a podridão dos três Poderes. Um juiz corrupto ser condenado a se aposentar precocemente, e ainda mantendo direito a trabalhar como advogado, isso não é pena, é bonificação. E ainda querem que os jovens sejam honestos... (C.N.)
NOTA AO PÉ DO TEXTO
Há muito pouco a ser dito, de tudo que já foi lido e ouvido. Fui buscar Gregório de Mattos Guerra, a quem não faltou espírito de crítica e observação dos 'maus costumes' do seu tempo.
O que temos aí é o exemplo acabado da ruina ética a que chegamos. Comparando a situação política e moral do conteúdo de ambos, podemos avaliar o índice de nossas instituições. Podemos perceber que chegamos ao fundo do poço e agora, só falta chover para afogar o Brasil na calamidade da sem-vergonhice. Ilustro com o Epigrama de Gregório de Mattos - apenas excertos que interessam ao caso e que descrevem com o habitual sarcasmo do poeta, os crimes de sua época.
m.americo
Epigrama
Gregório de Mattos e
Guerra
I
Juízo anatômico dos achaques que
padecia o corpo da República em todos os membros, e inteira definição do que em
todos os tempos é a Bahia.
Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E no meio desta loucura?... Usura.
Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que perdeu
Negócio, ambição, usura.
(...)
Quem faz os círios mesquinhos?... Meirinhos.
Quem faz as farinhas tardas?... Guardas.
Quem as tem nos aposentos?... Sargentos.
Os círios lá vem aos centos,
E a terra fica esfaimando,
Porque os vão atravessando
Meirinhos, guardas, sargentos.
E que justiça a resguarda?... Bastarda.
É grátis distribuída?... Vendida.
Que tem, que a todos assusta?... Injusta.
Valha-nos Deus, o que custa
O que El-Rei nos dá de graça.
Que anda a Justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta.
Que vai pela clerezia?... Simonia.
E pelos membros da Igreja?... Inveja.
Cuidei que mais se lhe punha?... Unha
Sazonada caramunha,
Enfim, que na Santa Sé
O que mais se pratica é
Simonia, inveja e unha.
E nos frades há manqueiras?... Freiras.
Em que ocupam os serões?... Sermões.
Não se ocupam em disputas?... Putas.
Com palavras dissolutas
Me concluo na verdade,
Que as lidas todas de um frade
São freiras, sermões e putas.
O açúcar já acabou?... Baixou.
E o dinheiro se extinguiu?... Subiu.
Logo já convalesceu?... Morreu.
À Bahia aconteceu
O que a um doente acontece:
Cai na cama, e o mal cresce,
Baixou, subiu, morreu.
A Câmara não acode?... Não pode.
Pois não tem todo o poder?... Não quer.
É que o Governo a convence?... Não vence.
Quem haverá que tal pense,
Que uma câmara tão nobre,
Por ver-se mísera e pobre,
Não pode, não quer, não vence.
*** *** ***
Gregório de Mattos e Guerra (1633/1696), o Boca do Inferno, nascido na Bahia, foi o primeiro de nossos satíricos, homem de língua destravada e fácil veia poética. Estudou humanidades em Portugal, tendo feito o curso de leis na Universidade de Coimbra. Na terra mãe foi juiz criminal e de órfãos. Voltou ao Brasil com 47 anos, sob a proteção do arcebispo da Bahia, D. Gaspar Barata. Tantas e tais fez que não só perdeu a proteção do prelado, como ainda foi degredado para Angola. Reabilitado, voltou ao Brasil, indo para Recife, onde conquistou simpatias e viveu com menos turbulência que na Bahia. É o patrono da cadeira n.º 16 da Academia Brasileira de Letras. Além de versos satíricos e humorísticos, escreveu poesias eróticas com a maior incontinência verbal.
Texto extraído de "Antologia de Humorismo e Sátira", organizada por R.Magalhães Júnior, Editora Civilização Brasileira - Rio de Janeiro, 1957, pág. 05.
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