Obama não tem nada a ver com Lincoln. Ele quer se vender como o Lincoln negro, mas é festivo demais para sê-lo. Ele é um Carter que tem a sorte de ser negro.
Obama é um presidente fraco, demagogo e oportunista. O
Chávez dos EUA (apesar de que Chávez tem mais “cojones” do que Obama).
Compará-lo a Lincoln é uma piada.
Obama está mais para Bono Vox, que ganha muita grana com
fotos de crianças da África, dizendo coisas “legais” para gente que tem uma
visão de mundo de 12 anos de idade — coisa em voga hoje.
Lincoln foi um presidente que levou os Estados Unidos a uma
guerra que matou cerca de 2 milhões de americanos, uma “sangueira patriótica”,
como dizia o crítico Edmund Wilson. A Guerra de Secessão, o Norte contra o Sul,
não foi uma disputa ao redor da abolição da escravidão nos EUA. O que estava em
jogo não era a escravidão acima de tudo, era o Sul querer sair da União. Era o
Sul querer ser livre para seguir seu modo de vida pré-moderno. Mesmo se os
confederados (o Sul) tivessem aberto mão dos escravos, Lincoln os teria
devastado, porque o que estava em questão era o controle político e militar do
território e a expansão do modo moderno de economia e
sociedade.
Incrível como o pensamento público cai nesse papo de
Lincoln “liberal”. Ser abolicionista na época não era ser liberal; no Brasil, o
conservador Joaquim Nabuco foi abolicionista. A “inteligência liberal” deve
deixar Lênin, Stálin e Fidel, nada festivos, muito irritados.
Lincoln está mais para Bibi Netanyahu, primeiro-ministro de
Israel, do que para Obama. Lincoln invadiria os territórios palestinos e os
anexaria. A guerra foi o modo pelo qual o Norte, industrializado, capitalista,
cético, materialista, portanto, moderno, invadiu e destruiu a civilização
aristocrática, rural, tradicional, pré-moderna sulista. Os “ianques” (o Norte)
conquistaram o Sul, assim como espanhóis, portugueses, ingleses e franceses
conquistaram as Américas e a África. Os confederados queriam a independência.
Lincoln disse “não, o Sul também é nosso”, e levou os EUA à guerra que fez do
país definitivamente uma nação moderna.
Lincoln era um cabra macho. Os “ianques” massacraram o Sul,
roubaram suas terras, mataram seus homens, violentaram suas mulheres. Soldado
sempre foi para guerra para ganhar dinheiro e violentar as mulheres dos
vencidos. Foi nessa guerra que inventaram a metralhadora, para matar mais gente
de modo mais eficaz.
Obama não seria capaz disso porque ele gosta de coquetel
beneficente e falar para jovens sobre música afro-americana. Ele jamais tomaria
uma decisão como essa, ele é fraco demais (paralisou os EUA no Oriente Médio),
preocupado em agradar o marketing liberal americano (“liberal” é “progressista”
nos EUA) e passar para a história como o cara mais legal da América. O máximo
que ele faria seria levar os americanos para um show do Bono
Vox.
Se Obama não fosse o primeiro presidente negro da história,
não teria sido reeleito, e depois de 48 horas do término do seu mandato seria
esquecido na lata de lixo da história. Sua relação com Lincoln é a ideia de que
ele seria um presidente a deixar uma América “liberal”, assim como Lincoln. Mas
Lincoln não era “liberal”, ele não queria que os EUA perdessem território e
grana.
Acho importante que as pessoas sejam iguais perante a lei,
pouco importa se são héteros ou homos. Minha crítica ao Obama não está em seu
possível legado “progressista” (que não é dele, mas dos Kennedy) em termos
políticos, mas sim a sua ideia errada de que os EUA devam seguir um modelo
europeu centralizador.
Os EUA são o que são porque nunca foram centralizadores,
e o governo nunca esmagou o cidadão comum fazendo dele um retardado mental
econômico e moral como no Estado de bem-estar social europeu.
O problema com Obama é sua têmpera “liberal”. Esta têmpera,
cozida em campus acadêmico, gosta de festa, greves de estudantes e professores
(ninguém está nem aí para esse tipo de greve porque a sociedade no seu dia-a-dia
passa muito bem sem alunos e professores universitários) e boa vida.
01 de março de 2013
Luiz Felipe Pondé
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