Pastor Marcos Feliciano, virtual novo presidente do colegiado, escreveu em 2011 que amor entre pessoas do mesmo sexo levaria ao ódio e ao crime
SÃO PAULO - A lista do Partido Social Cristão (PSC) para chefiar a Comissão
de Direitos Humanos da Câmara é encabeçada pelo deputado federal e pastor Marco
Feliciano (PSC-SP).
Um acordo de lideranças fechado na quarta-feira, 27, estabeleceu que a
presidência da comissão ficará com o PSC. O PT, que tradicionalmente comanda
esse colegiado, abriu mão da vaga em favor da sigla cristã, que faz parte da
base de apoio do governo Dilma Rousseff. Feliciano afirmou no início da tarde
desta quarta-feira, 28, que seu nome seria o escolhido. Após publicação de
reportagem no estadão.com.br, o líder do PSC na Câmara,
deputado André Moura (PSC-SE), afirmou que há quatro nomes na disputa pela
presidência da comissão.
‘Papai do Céu’. Entre os projetos de lei apresentados por Feliciano, há um que institui o programa “Papai do Céu na Escola” na rede pública de ensino e outro que pretende sustar a decisão do Supremo Tribunal Federal que reconheceu como entidade familiar a união entre pessoas do mesmo sexo. Ele propôs ainda um projeto de lei para punir quem sacrifica animais em rituais religiosos, prática adotada em algumas cerimônias do candomblé.
Feliciano afirma que a comissão hoje se tornou um espaço de defesa de “privilégios” de gays, lésbicas, bissexuais e transexuais e defende “maior equilíbrio”. Ele diz ter feito um cálculo: 90% do tempo da última gestão da comissão foi dedicado a assuntos relacionados à comunidade LGBT, deixando “em segundo plano” outras minorias como índios, quilombolas e “crianças”.
O pastor afirma que sua religião “o gabarita” para fazer um bom trabalho à frente do órgão. “Se tem alguém que entende o que é direito das minorias e que já sofreu na pele o preconceito e a perseguição é o PSC, o cristianismo foi a religião que mais sofreu até hoje na Terra”, disse.
Reação. A possibilidade de Feliciano assumir a presidência da comissão causou revolta entre parlamentares. O deputado Jean Wyllys (PSOL-SP) afirmou ser “assustador” que o pastor assuma o órgão. “Ele é confessadamente homofóbico e fez declarações racistas sobre os africanos”, disse.
Para a deputada Erika Kokay (PT-DF), ex-vice-presidente da comissão, a escolha do pastor marcaria uma fase “obscura” do colegiado. Segundo a parlamentar, a conduta de Feliciano atenta contra “os princípios básicos dos direitos humanos”.
Responsabilidade. Wyllys ataca o PT e afirma que o partido é corresponsável pela entrega da comissão ao PSC. “A gente já sabia dessa articulação dos evangélicos para tomar a comissão de direitos humanos. E o PT abriu mão deliberadamente, mesmo sabendo. É um problema grave que deve ser jogado nas costas do PT”, disse. Kokay discorda que seu partido assuma o possível ônus da nomeação de Feliciano. “Tem que se responsabilizar quem o colocou lá (na Câmara)”, afirmou ela.
01 de março de 2013
Bruno Lupion e Ricardo Chapola, de O Estado de S. Paulo
Veja
também:
Divulgação
Feliciano avalia que a Comissão se tornou
um espaço de defesa de 'privilégios' de gays
Em 2011, Feliciano foi protagonista de uma polêmica
ao escrever, em sua página no Twitter, que o amor entre pessoas do mesmo sexo
leva “ao ódio, ao crime e à rejeição”. Escreveu ainda que
descendentes de africanos são “amaldiçoados”.
‘Papai do Céu’. Entre os projetos de lei apresentados por Feliciano, há um que institui o programa “Papai do Céu na Escola” na rede pública de ensino e outro que pretende sustar a decisão do Supremo Tribunal Federal que reconheceu como entidade familiar a união entre pessoas do mesmo sexo. Ele propôs ainda um projeto de lei para punir quem sacrifica animais em rituais religiosos, prática adotada em algumas cerimônias do candomblé.
Feliciano afirma que a comissão hoje se tornou um espaço de defesa de “privilégios” de gays, lésbicas, bissexuais e transexuais e defende “maior equilíbrio”. Ele diz ter feito um cálculo: 90% do tempo da última gestão da comissão foi dedicado a assuntos relacionados à comunidade LGBT, deixando “em segundo plano” outras minorias como índios, quilombolas e “crianças”.
O pastor afirma que sua religião “o gabarita” para fazer um bom trabalho à frente do órgão. “Se tem alguém que entende o que é direito das minorias e que já sofreu na pele o preconceito e a perseguição é o PSC, o cristianismo foi a religião que mais sofreu até hoje na Terra”, disse.
Reação. A possibilidade de Feliciano assumir a presidência da comissão causou revolta entre parlamentares. O deputado Jean Wyllys (PSOL-SP) afirmou ser “assustador” que o pastor assuma o órgão. “Ele é confessadamente homofóbico e fez declarações racistas sobre os africanos”, disse.
Para a deputada Erika Kokay (PT-DF), ex-vice-presidente da comissão, a escolha do pastor marcaria uma fase “obscura” do colegiado. Segundo a parlamentar, a conduta de Feliciano atenta contra “os princípios básicos dos direitos humanos”.
Responsabilidade. Wyllys ataca o PT e afirma que o partido é corresponsável pela entrega da comissão ao PSC. “A gente já sabia dessa articulação dos evangélicos para tomar a comissão de direitos humanos. E o PT abriu mão deliberadamente, mesmo sabendo. É um problema grave que deve ser jogado nas costas do PT”, disse. Kokay discorda que seu partido assuma o possível ônus da nomeação de Feliciano. “Tem que se responsabilizar quem o colocou lá (na Câmara)”, afirmou ela.
01 de março de 2013
Bruno Lupion e Ricardo Chapola, de O Estado de S. Paulo
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