"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 1 de março de 2013

BRADLEY MANNING SE DECLARA CULPADO POR CASO WIKILEAKS

Objetivo do soldado seria ‘abrir um debate’ sobre a guerra

 
Foi a primeira vez que o soldado americano admitiu diretamente o vazamento de documentos


Bradley Manning chega ao julgamento em Fort Meade, nos EUA, na última quarta-feira Foto: AP/Patrick Semansky
Bradley Manning chega ao julgamento em Fort Meade, nos EUA, na última quarta-feiraAP/Patrick Semansky
 FORT MEADE, EUA — Falando rapidamente e com pouca emoção, o soldado americano Bradley Manning, de 25 anos, se declarou culpado nesta quinta-feira por dez das 22 acusações imputadas pelo Exército americano, por fornecer documentos secretos para o site WikiLeaks. Foi a primeira vez que Manning admitiu diretamente o vazamento de material.

A estratégia da defesa - aceita pela juíza Denise Lind - de que seu cliente se declare culpado por parte das denúncias, garante a Manning uma pena de 20 anos de prisão, mas pode evitar que ele seja condenado à prisão perpétua - caso o tribunal o considere culpado por ajudar o inimigo, a mais grave das acusações, e na qual ele se declarou inocente.

Sentado diante de uma juíza militar nesta quinta-feira, o franzino soldado de Oklahoma leu uma declaração de 35 páginas por mais de uma hora. Ele insistiu que foi ao site por “vontade própria” e sem “sofrer pressões” de nenhum tipo. E considerou que as informações causaram mais vergonha que dano ao país.

- Eu acreditava que, se o público em geral, especialmente o americano, tivesse acesso a este tipo de informação, isso poderia desencadear um debate nacional sobre o papel dos militares e sobre a nossa política externa em geral. (...) Ninguém associado à WikiLeaks me pressionou a enviar mais informações. Assumo total responsabilidade - disse.

Além de milhares de documentos confidenciais, a acusação diz que Manning enviou mais de 250 mil telegramas diplomáticos ao site, especializado em publicar informações secretas, enquanto trabalhava como analista de inteligência em Bagdá, entre 2009 e 2010. Para o governo americano, o vazamento de informações ameaçou fontes militares e diplomáticas, além de abalar as relações com outros governos.

Manning afirmou ainda que não achava que as informações poderiam prejudicar os EUA e decidiu enviá-las porque estava incomodado com o comportamento americano das guerras no Afeganistão e no Iraque e com o descaso aparente das tropas com as vidas de cidadãos comuns.

O soldado contou ainda, diante da surpresa dos jornalistas presentes na audiência, que antes de oferecer os documentos ao Wikileaks tentou passá-los aos jornais “New York Times” “Washington Post“. Nenhum dos dois o levou a sério.

A juíza Lind ainda não aceitou formalmente a admissão de culpa. Procuradores militares podem ainda acusar o soldado de mais 12 crimes.

01 de março de 2013
O GLOBO
Com agências internacionais

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