"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 14 de abril de 2013

FERNANDO COELHO CONFIRMA FAMA DE TRAIDOR E APOIA DILMA CONTRA EDUARDO CAMPOS

Ministro indicado por Campos prefere Dilma. Contra planos de padrinho, Bezerra defende candidatura petista em 2014. Na Integração Nacional, ele nutre mágoa do presidenciável e se põe como pré-candidato ao governo de Pernambuco

No fim da semana, em rápida entrevista no interior da Bahia, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, defendeu a manutenção da aliança entre o PT e o PSB na corrida à Presidência.

Ou seja, o ministro indicado pelo governador Eduardo Campos para representar o PSB no governo federal defende a reeleição da presidente Dilma Rousseff e o adiamento do projeto presidencial de seu padrinho político.

À Folha, na manhã de sexta, pouco antes de se encontrar com Campos no interior do Estado, ele repetiu: "Acho que deveríamos aprofundar mais o debate e explorar a possibilidade de manter essa aliança [PT e PSB] em relação às eleições do próximo ano".

Surpreendente para alguns, essa posição de Bezerra se expõe após sua aproximação com Dilma, de quem se tornou parceiro preferencial nas viagens pelo Brasil.

O prestígio do ministro aumentou desde que Campos começou a se movimentar como candidato a presidente, viajando pelo país em busca de aliados para seu projeto.

De 14 cerimônias com a presença de Dilma, Bezerra participou de oito e, na maioria delas, discursou. Metade dos eventos foi no Nordeste, área de influência de Campos.

Em todas as falas ele anunciou obras para a seca e defendeu o governo --ao contrário de Campos, que não perde oportunidade para fazer críticas pontuais ao Planalto.

A presidente também demonstra afeição pelo ministro em temas extraoficiais --quis conhecer um dos filhos de Bezerra, que concluiu pós-graduação nos EUA.

Dirigentes petistas em Pernambuco se dizem surpresos com o destaque que a presidente tem dado ao ministro.

Políticos locais apostam que ele trocará o PSB pelo PT para se lançar candidato ao governo estadual com Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no palanque.

O histórico de Bezerra dá margem a essa sugestão. Ele passou por quatro partidos (PDS, PFL, PMDB e PPS) em sua trajetória, além do PSB.


RESSENTIMENTOS
Bezerra diz que, apesar de tantas trocas, sempre teve "um lado" e nega que esteja de mudança para o PT.

"Rumores prosperam porque todos acham que o partido precisa ter um pensamento único. Isso não é realidade dentro do PSB", afirmou.

Bezerra nutre vários ressentimentos em relação a Campos. Em 2010, ele foi preterido na disputa por uma vaga do Estado no Senado.

No ano passado, a pedido do governador, transferiu seu domicílio eleitoral ao Recife para pressionar o PT a definir seu candidato na capital, mas o governador acabou construindo a candidatura do atual prefeito, Geraldo Julio.

Além disso, o governador não se empenhou como esperado na campanha derrotada do filho de Bezerra em Petrolina, a 770 km de Recife.

O ministro já foi prefeito de sua cidade natal, Petrolina, deputado estadual e federal e secretário de Campos.

Como ministro, comanda duas das maiores obras em execução pelo governo federal: a transposição do rio São Francisco e a construção da ferrovia Transnordestina.

Mas Campos tende a optar nas eleições de 2014 por um político de perfil mais discreto, como Geraldo Julio, que não ameace sua hegemonia na política estadual.

14 de abril de 2013
DANIEL CARVALHO e FÁBIO GUIBU - Folha de São Paulo

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