Reportagem de VEJA desta semana mostra que o município, a 50 quilômetros de Maceió, é privilegiado em verbas federais, mas boa parte da população ainda vive na miséria
SÓ POBREZA - Portelinha: favelados dependem da prefeitura de Remi (entre Renan, à esq., e Olavo Neto) (Manoel Marques)
Município de 27 000 habitantes situado a 50 quilômetros de Maceió, Murici frequenta com certa assiduidade o noticiário nacional por três motivos - todos lamentáveis: inundações devastadoras, escândalos de desvio de dinheiro público e o fato de sempre ter na prefeitura, em esquema de revezamento, políticos de sobrenome Calheiros.
A família domina há mais de trinta anos (21 deles ininterruptos) a administração municipal, muito embora seu filho mais famoso, o presidente do Senado, Renan Calheiros, 57 anos, só apareça por lá em campanha ou em dia de inauguração.
Chafurdado em alguns dos piores indicadores socioeconômicos do Brasil - até mesmo para os padrões alagoanos -, Murici é o resultado da velha política assistencialista, cujas raízes remontam ao coronelismo.
Um terço dos moradores não sabe ler nem escrever, 65% dependem do Bolsa Família para sobreviver e o Índice de Desenvolvimento Humano rasteja em 0,58 (numa escala que vai de 0 a 1).
Uma das maiores escolas públicas muricienses, com 560 alunos, funciona em salas de chão de terra separadas por tapumes. As crianças saem uma hora mais cedo porque a escola não oferece merenda. O problema não parece ser, nesse caso, de miséria. Um processo que aponta irregularidades nas verbas de merenda na cidade já chegou ao Supremo Tribunal Federal.
14 de abril de 2013
Gabriele Jimenez - Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário