A decepção com a política brasileira não é uma sensação exclusiva da população em geral. Até quem já ocupou um cargo público e já sentiu o gostinho do “poder” se diz frustrado com a complexidade do sistema.
Além disso, a exposição na mídia, geralmente negativa, e as constantes denúncias das quais são alvos obrigam muitos políticos a repensarem a vida pública.
“A desilusão que temos é o sentimento de impotência, de não conseguir fazer tudo o que a gente gostaria. A gente ainda tinha aquela visão um pouco romântica, irrealista do exercício de um mandato”, disse o ex-deputado estadual e ex-vereador da capital Amilcar Martins (na foto), do PSDB.
O tucano ocupou uma cadeira no Legislativo municipal por dois mandatos, sendo presidente da Câmara entre 1993 e 1994. Após deixar o cargo, Martins foi eleito deputado estadual. Ele ainda exerceu funções no governo do Estado e na Prefeitura de Belo Horizonte. Apesar de certa frustração, ele disse que deixou a política para se dedicar à carreira de professor na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Quem também ocupou um lugar na Câmara e, depois de derrotado nas urnas no ano passado, desistiu de disputar uma nova campanha é Alberto Rodrigues (PV). “Eu fiquei dois mandatos lá. Imaginava que era uma coisa diferente. Às vezes, a gente perde muito tempo lá com coisas sem valor”, disse o narrador, que foi vereador de 2004 a 2012.
EXPOSIÇÃO NEGATIVA
Constantes alvos de denúncias de órgãos fiscalizadores e da imprensa, os representantes também se dizem cansados com a exposição negativa. Alberto Rodrigues, juntamente com os demais 40 parlamentares da última legislatura, foi denunciado pelo Ministério Público por improbidade administrativa em função de suspeita de uso irregular da verba indenizatória.
“A gente acaba sendo combatido injustamente, entrando no mesmo balaio. Aparecem algumas coisas que deixam a gente chateado. Não é fácil fazer política”, argumentou. Apesar de negar, Alberto é cotado para ocupar algum cargo na prefeitura da capital.
Ex-deputada estadual e federal, Maria Elvira (PSB) também se distanciou das urnas depois de perder a disputa pela prefeitura da capital em 2000 e de ser derrotada como candidata a vice-governadora e a vice-prefeita em 2002 e 2004, respectivamente. “O processo eleitoral no Brasil é muito desgastante.
Não tem como fazer campanha sem recursos financeiros. A captação é um negócio desgastante”, disse ela, defendendo o financiamento público do processo. A socialista ainda participa de conselhos nas esferas federal, estadual e municipal.
15 de maio de 2013
Gustavo Prado (O Tempo)
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