"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 15 de maio de 2013

BOLSA FAMÍLIA: O FIASCO TRATADO COMO SUCESSO

Nos últimos 10 anos, de cada 100 famílias atendidas pelo programa 88 continuam na faixa da miséria e da pobreza extrema. Os dados são do próprio governo.

 
bolsa familia dilma Bolsa Família: o fiasco tratado como sucesso

Assim que percebi a turminha do DCE do Tuíter™ repassando uma notícia positiva sobre o Bolsa Família, fui aos números e vi o truque. Em vez de abordar percentual de êxito, a manchete alardeada trazia um número desvinculado do total de atendidos pelo programa.
 
A vitória aparece de maneira gritante: “mais de 1.6 milhão de casas abriram mão do benefício”. Muito? Um milhão e meio de famílias, sem dúvida, formam um número razoável se visto de maneira absoluta. Mas seria algo a ser comemorado diante do total de atendidos? Não, nunca.
 
Isso porque esse montante corresponde a cerca de 12% dos beneficiários do “Bolsa Família”, uma taxa de êxito pra lá de ridícula, exígua, praticamente uma prova cabal de que o programa não teve eficácia nesses dez anos.
 
Troquem “Bolsa Família” por qualquer outro exemplo da vida prática, sei lá, um remédio para tratar determinada doença. Se apenas 12% dos pacientes são curados, esse remédio não funciona, e os 88% de pacientes sem cura são prova cabal da ineficácia.
 
E falamos aqui de DEZ ANOS de “Bolsa Família”, não de alguns meses. Já teria dado tempo – como de fato deu, para alguns – de tirar mais famílias da faixa da miséria, CASO FOSSE MESMO um programa efetivo. Mas não é. A grande maioria permanece miserável (88%!)
 
Podemos dizer que foram dez anos desperdiçados num programa assistencialista que praticamente não resolveu nada. Os números dizem isso, gritam isso, apontam isso de forma inescapável – por mais que se tente pegar como “exemplo de sucesso” uma taxa de acerto péssima.
 
Vale lembrar que o “Bolsa Família” atende casos extremos: R$ 140 de renda MENSAL por pessoa. Temos, portanto, que 88% dos beneficiários continuam ganhando MENOS do que isso mesmo após os DEZ ANOS de implantação do programa. Não se trata de sair da faixa de pobreza, mas de um fiasco quanto a tirá-los da faixa da MISÉRIA.
 
Mas ainda acredito na ingenuidade de parte da turma do DCE das redes sociais, pois não é uma galera conhecida pelas habilidades em ciências exatas. De todo modo, os números são esses: de cada 100 famílias atendidas nos últimos dez anos, 88 continuam miseráveis. Aceitem: deu errado. Reconheçamos: é preciso repensar esse programa.
 
Falta fiscalizar contrapartidas? Faltam ações de fomento às economias locais? Cabe ao governo estudar e implantar as medidas necessárias, mas obviamente a forma atual do “Bolsa Família” é um fracasso, agora registrado em números pela própria administração federal.
 
Usar a exceção como se fosse regra pode funcionar como propaganda partidária, mas é contraproducente quanto à melhora da situação dos miseráveis – a menos, claro, que se queira manter o quadro atual. Parece que há quem queira.
 
15 de maio de 2013
Gravatai Merengue

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