"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 26 de junho de 2013

A PROPOSITURA DE BARBOSA

 


No momento de crise grave como o atual, a propositura de reforma via emenda constitucional seria viável?
A frase do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, proferida ontem em defesa da ideia lançada pela presidente Dilma Rousseff – e já abortada – de convocar uma assembleia constituinte, traz uma palavra que seria derrotada fragorosamente em qualquer plebiscito vocabular: propositura.

Isso existe?

Em estado de dicionário (como diria Drummond), sim, existe. Propositura é um termo cunhado em fins do século XIX como sinônimo pedante de proposição (século XIV) ou simplesmente proposta (século XVII). Significa ato ou efeito de propor e aparece no Houaiss e no Aurélio com uma ressalva: “pouco usado”.

Já se vê que estamos diante de uma daquelas palavras do juridiquês, jargão em que termos tecnicamente precisos, inevitáveis, se confundem com pernosticismos supérfluos que ajudam a tornar a justiça uma caixa preta para o cidadão comum.

Observe-se que, em sua acepção propriamente jurídica, propositura tem o sentido preciso de “proposição de ação judicial” – que não foi observado na frase de Barbosa.

26 de junho de 2013
Veja

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