Dilma da Silva em nada recuou do golpe institucional de convocar um plebiscito sobre uma constituinte que cuidaria da “reforma política”. A Presidenta Lula Rousseff até avisou que mandará ao Congresso uma proposta sobre o tema. A Presidenta quer até que algumas mudanças (não disse quais) possam valer já em 2014 – o que denota um claro e desesperado oportunismo.
Assim, os editores dos principais jornais de hoje, que mancheteiam um eventual “recuo” da brizolista-petista, endoidaram ou querem ser mais realistas que Dilma-Lula. Quem realmente cometeu um recuo, por puro medo dos manifestantes nas ruas, foi a Câmara dos Deputados ao derrubar a PEC 37 pela goleada de 430 votos. Agora, a discussão efetiva sobre o poder de investigação pelo Ministério Público será decidida no Supremo Tribunal Federal – onde o governo tem ampla maioria...
Ontem, Brasília foi palco de um festival de demagogias. Dilma-Lula recebeu em seu gabinete o presidente do STF. Joaquim Barbosa aproveitou para criticar o esquema de conchavos e propor a criação de uma espécie de recall para políticos e autoridades que não fizerem jus aos mandatos. Quem superou o popular Barbosa foi o presidente do Senado. O impopular Renan Calheiros prometeu votar, em 15 dias, o uso do royalty do petróleo para bancar o transporte gratuito de estudantes.
Tirando mas demagogias de oportunidade, o golpismo petralha continua em pleno vigor. Assim que a poeira baixar, eles insistirão na convocação de uma assembléia constituinte. Não apenas para fazer reforma política, mas para referendar medidas de interesse dos esquemas da governança do crime organizado.
Na tal reforma política, as duas principais bandeiras do PT são o tal do financiamento público de campanha e a eleição de parlamentares obedecendo a uma lista fechada que o partido indicará. Tudo dentro do maior capimunismo tipo soviético. Pura democradura. Tese contrária à defendida pelo Barbosa – que prega uma redução de poder dos partidos, mas que, em essência, defende a tal democracia direta apregoada pela petralhada...
Releia o artigo: O Brasil é a Ditadura!
Quer que mude a Constituição?
Na entrevista após encontrar com Dilma da Silva, Joaquim Barbosa deixou no ar uma abertura para uma possível reforma constitucional.
Duas frases dele aos jornalistas deram a impressão de que defende quase a mesma coisa que a petralhada:
“Não se faz reforma política consistente no Brasil sem mudar a Constituição”,
“Está descartada reforma política consistente com lei ordinária”.
Recall
No encontro com a Presidenta, o presidente (do STF) não falou do tal recall, mas na entrevista ao deixar o Palácio do Planalto, Barbosa explicou:
“Não falei para a presidente, mas sou inteiramente favorável, acho que seria medida adequada à nossa realidade, adotar a possibilidade do recall. O que é o recall? A pessoa é eleita, claramente identificada como eleita, havendo a possibilidade de o mandato ser revogado por quem a elegeu, ou seja, os próprios eleitores. Medida como essa tem o efeito muito claro de criar uma identificação entre o eleito e eleitorado, impor ao eleito responsabilidade para com quem o elegeu. (Isso) falta ao sistema político brasileiro, especialmente na representação dos órgãos legislativos”.
Curiosamente, Barbosa não falou da possibilidade de recall para o Poder Judiciário – certamente porque os magistrados têm o dom divino e supremo da infalibilidade...
Democracia direta
No papo com Dilma da Silva, Barbosa propagandeou a chamada “democracia direta” – tão defendida pelo romantismo da esquerda praticante do manipulador assembleísmo:
“Disse (à presidente) que há um sentimento difuso na sociedade brasileira, e eu como cidadão penso assim, há uma vontade do povo brasileiro, especialmente os mais esclarecidos, de diminuir ou de mitigar, e não de suprimir, o peso da influência dos partidos sobre a vida política do país e sobre os cidadãos. Essa me parece ser uma questão chave em tudo o que vem ocorrendo no Brasil hoje. Eu sei muito bem que nenhuma democracia vive sem partidos. Mas há formas de mitigar essa influência, de introduzir pitadas de vontade popular, de consulta direta à população".
Já que a moda é democracia direta, Barbosa perdeu a chance de defender, por exemplo, o voto direto popular para a escolha dos ministros do Supremo Tribunal Federal - hoje uma imperial indicação do Poder Executivo interferindo, politicamente, no Poder Judiciário...
Direito dos avulsos
Barbosa pregou outro mecanismo que atropelaria o poder dos partidos políticos no Brasil:
“Eu não falei para a presidente, mas sou inteiramente favorável às candidaturas avulsas em diversos níveis de eleição. Por que não? Já que a nossa democracia peca pela falta de identificação entre eleito e eleitor, porque não permitir que o povo escolha diretamente em quem votar? Por que essa mediação por partidos políticos sem credibilidade? Isso contribuir para a robustez da democracia. A sociedade brasileira está ansiosa por se ver livre, pelo menos parcialmente, desses grilhões partidários que pesam sobre o seu ombro”.
Barbosa também se declarou “inteiramente favorável ao voto distrital, seja o voto distrital puro, em um turno, seja o voto distrital qualificado, ou seja, se faz um primeiro turno de votação e vão para o segundo turno apenas candidatos em cada distrito que obtiveram um percentual, digamos, de 10%, 15%”.
Fora de Presidência...
Barbosa só faltou jurar que não pretende entrar para a vida política:
“Eu não tenho a menor vontade de me lançar a presidente da República. Eu tenho quase 41 anos de vida publica. Está chegando a hora, chega”.
Falando assim, com sinceridade, Barbosa deve ter deixado a petralhada bem mais aliviada, já que o nome dele desponta nas pesquisas de opinião como favorito ao trono do Palácio do Planalto em 2014...
Caserna indiscreta
Um General quatro estrelas do EB, em conversa informal com amigos, foi indagado sobre uma aventual aventura presidencial de Barbosa.
O militar, sem meias palavras, prontamente descartou a “alternativa”:
“Esse aí não! Esse aí não...”
O durão Barbosa, que desde o julgamento do Mensalão conta com um reforço de segurança feito pela inteligência do Exército, certamente ficaria magoado se ouvisse um General falando assim...
Pelo visto, a visão militar não coincide com a visão popular, como a da foto publicada pelo jornal francês Le Monde, em reportagem sobre a onda de manifestações no Brasil...
Lenda do golpe militar
Circula, a milhão por hora, nos e-mails e redes sociais, uma informação totalmente inverídica e absolutamente louca:
“Um whistleblower brasileiro, que ainda não se assumiu publicamente, vazou ao Wikileaks, organização internacional que dá publicidade a documentos extraoficiais, um arquivo de áudio que expõe a descoberta de uma conspiração militar reacionária de Direita que visa tomar o poder no Brasil. O áudio, ainda sendo descriptografado pela equipe de Julian Assange, detalha passo a passo a ação”.
De repente, o tal golpe anunciado será a entrega da Medalha do Pacificador á guerrilheira e terrorista aposentada Dilma da Silva, no próximo Dia do Soldado...
Feíssima a coisa...
Sabedoria popular
Os gaiatos da internet não perdoam declarações polêmicas de figuras públicas e já lançam nas redes sociais pesadas piadas imperdoáveis, como esta abaixo:
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
26 de junho de 2013
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
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