Manifestantes de todo o país unem-se contra um sistema econômico desestruturado que vem perdendo parte dos investimentos estrangeiros, contra a corrupção e o descaso das autoridades com os sistemas de saúde e educação, entre outros. Desde o início, ficou claro que a insatisfação não se limitava ao aumento das passagens dos transportes públicos.
No que diz respeito, especificamente, à economia, a situação vem apresentando graus de desequilíbrio já apontados pela Agência de Risco Standand & Poor´s. Provavelmente, o Brasil terá sua pontuação rebaixada em virtude do grave e preocupante problema das contas públicas, fraco crescimento da economia e inflação.
O comprometimento do governo está lincado à falta de um posicionamento político em assumir responsabilidades, além de usar a contabilidade “criativa” tentando esconder debaixo do tapete a situação de endividamento do país e da balança comercial quando não reconheceu os contratos de importação da Petrobrás. Lembremos que, no final do ano, o governo procurou antecipar dividendos de estatais para fechamento de contas, gerando uma situação desconfortável causadora de impactos negativos no primeiro semestre de 2013.
O Copom dá sinais de que, neste ano, haverá novo aumento da taxa SELIC como política de reter a inflação nos patamares suportáveis. Assim, corremos o risco de empresas terem mais retração e menor competitividade, o que prejudicará o país.
De modo geral, não estamos conseguindo vencer a competitividade dos produtos importados, de forma que muitas empresas brasileiras estão trabalhando no limite do suportável. Aguardam, patrioticamente, uma atitude positiva por parte do governo como estímulo e não apenas medidas presenciais de cunho eleitoreiro. Precisam de ações definitivamente assertivas, que permitam ao investidor vislumbrar o futuro do seu negócios como sustentável.
A Agência de Risco S&P dá sinais que a nota brasileira, embora continue com grau de investimento, possa ser rebaixada. Algumas empresas nacionais, como Eletrobras e Petrobrás, também têm esse indicativo que é representado por uma política econômica fragilizada. Essa situação está afugentando os investidores estrangeiros que, sábia e naturalmente, buscam colocar seus recursos em países de economia mais estabilizada ou mesmo nos emergentes que possam garantir um adequado uso do dinheiro com maior segurança.
Essa situação foi claramente demonstrada, nos últimos dias, pela saída de estrangeiros da Bolsa de Valores, pela desvalorização do real frente ao dólar, mesmo com os leilões realizados pelo Banco Central e, como medida de precaução, a desistência de lançar as ações da Votorantim Cimentos na BOVESPA e ter dificuldades para captar os recursos.
Se não houver, por parte do governo, maior responsabilidade no tratamento dos recursos públicos, gestão mais adequada dos impostos e investimentos estruturais que possam melhorar, de forma geral, a recuperação do comércio local e internacional podemos, com certeza, vislumbrar situações dificeis já nos próximos dias.
O endividamento significativo que prejudicará, certamente, o superávit primário nos próximos meses tem diversas causas: o excesso de gasto público na manutenção de estatais que não geram resultados; abertura desenfreada de novos Ministérios e aumento no gasto público para manutenção de distribuição de renda através do Bolsa Família; além dos incentivos efetuados para as pessoas mais humildes.
A marca maior das manifestações que estão acontecendo, por todo Brasil, é a revolta da população com a falta de transparência do governo e a impunidade dos corruptos. Momento propício para pensar - e repensar - no futuro da Nação: mais atenção e cuidado com os recursos públicos e respeito pelo voto .
26 de junho de 2013
Reginaldo Gonçalves é coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina – FASM.
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