A de hoje despojou-se da arrogância que ostentava naquela época, quando dava chutes desajeitados em estádios recém concluídos, superfaturados, e pagos com dinheiro público, embora, nas declarações recentes, tenha garantido que as obras são financiadas e os recursos retornarão em benefício do povo, fato que foi questionado amplamente pelos órgãos de imprensa que tiveram acesso a dados financeiros correspondentes.
Por outro lado, o tom de otimismo artificial daquele momento, deu lugar hoje a uma perplexidade desatinada, seguida do anúncio de medidas açodadas, como uma Constituinte fantasma - já desmentida. São elas completamente divorciadas do conteúdo, ainda não totalmente decifrado pela sua equipe de marqueteiros, do clamor assustador e bem vindo das ruas.
Na expectativa de ver o governo federal reconhecer a sua alienação e insensibilidade em relação ao estado de indignação que vinha se acumulando no seio da sociedade ao longo dos últimos anos e conclamar lideranças ilustres, intelectuais e políticas, sem distinção de partidos, para, num esforço comum, encontrar propostas capazes de se materializar a curto prazo, o que se viu foi a tentativa de formar pactos hipotéticos e convocar uma reunião - marcada por propostas generosas, de bolso de colete - com número de participantes proibitivamente grande, a partir da qual, pelo menos, poderia ser decidida, como primeira providência de âmbito nacional, exatamente a redução da quantidade cadeiras daquela imensa mesa cuja cabeceira localiza-se a anos-luz da outra extremidade.
No pano de fundo dessas manobras delirantes, é indisfarçável intenção de preservar a imagem da Presidente, visando à reeleição, projeto prioritário do PT para 2014.
Outro subproduto do miraculoso do despertar da sociedade foi a inquietação produzida no Parlamento que, num frisson que há muito não se via na casa, votou contra a PEC 37 - contrariando as previsões sinistras de aprovação - e se prepara para deliberar sobre outras matérias importantes que dormitavam nos gabinetes antes do recado das ruas.
Deus ajude o povo brasileiro e o mantenha acordado daqui por diante visando à higienização urgente das instituições e à elevação do padrão ético da nossa, até hoje, lamentável classe política.
26 de junho de 2013
Paulo Roberto Gotaç é Capitão-de-mar-e-guerra reformado.
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