Aécio: protestos desfazem o "Brasil cor-de-rosa"
Aécio Neves, presidenciável do PSDB, vê nos protestos que irrompem nas ruas do Brasil “um sentimento difuso” de insatisfação que “deve ser reconhecido e recebido com muita humildade pelos governantes.”
Falou de governantes assim, no plural. Mas espremeu os olhos para exergar Dilma Rousseff ao fundo:
“Para mim, fica claro que o Brasil cor-de-rosa, pintado e cantado em verso e prosa na propaganda oficial, do Brasil sem miséria, das empresas batendo recordes de produção, da saúde e da educação avançando, não encontra correspondência na vida real das pessoas.”
Ecoando FHC, Aécio disse:
“Esse movimento que ocorre hoje em todo o Brasil não pode nem deve ser apropriado por ninguém. Seria um grande equívoco porque não seria legítimo. É um movimento difuso, mas que encontra em certa insatisfação generalizada o seu motor, o seu combustível maior. É preciso que primeiro respeitemos o movimento.”
Lero vai, lero vem, um repórter recordou a Aécio que a encrenca começou em São Paulo. Um reajuste dos transportes públicos acendeu o pavio. A repressão policial aos primeiros protestos levou à explosão. O que acha dos que tentam transferir parte da responsabilidade para a gestão do correligionário Geraldo Alckmin?
“Acho que, se tentaram, isso não tem o menor efeito”, disse Aécio.
“Repito, acho que, obviamente, os que estão no governo têm maiores preocupações, quaisquer que sejam os partidos políticos. É isso que ocorre não apenas no Brasil, isso ocorre no mundo. As redes, hoje, a internet é um avanço do nosso tempo. Portanto, esses movimentos, que ocorrem hoje, no Brasil, ocorreram ao longo dos últimos anos em outros países do mundo. Temos que recebê-los respeitosamente…”
Como se vê, as ruas arrancaram os políticos da zona de comodidade. Não há mais espaço para lentes bifocais. O cor-de-rosa foi substituído pelo cinza nas três esferas de governo –da seara federal de Dilma Rousseff ao âmbito municipal de Fernando Haddad, passando pelo estágio estadual de Geraldo Alckmin - ou do tucano Antonio Anastasia, sob cujo bico a PM se esquece de maneirar. O resto é ilusão de ótica.
19 de junho de 2013
Josias de Souza - UOL
NOTA AO PÉ DO TEXTO
O Brasil saiu do facebook. O que trará o futuro dos movimentos que estão nas ruas, ainda é muito cedo para avaliar. Não tem cores partidárias, não pertence a partidos. É a voz rouca das ruas, cansada dos desmandos e do abandono absoluto das mais básicas políticas públicas, com saúde, educação e segurança pública, que acorda com os custos absurdos de uma Copa, verdadeira esbórnia e ladroagem.
Não adianta certas mídias tentarem reduzir a dimensão dos acontecimentos. R$ 0,20 foi a fagulha da explosão que incendiou o palco, que vem expressando algo muito claro: cansaço de esperar mudanças, frustração, desperdício.
A grande novidade é a capacidade de aglutinação das redes sociais, a força de estabelecer unidade no berro, o novo instrumento que a partir de agora deve ser incorporado a política das ruas, do povo, da democracia.
Esses partidos carcomidos e viciados não refletem mais os anseios do Brasil. Partidos sem programas de interesse público, lotados de conhecidos políticos que apenas visam interesses pessoais, interesses de poder, interesses escusos...
Esses partidos, metaforicamente podem ser definidos como figueiras secas. Nada oferecem de frutos que sirvam de alimento e de esperança para o povo.
Fica insuportável ver o cinismo de políticos retratados na mídia televisiva elogiando o movimento, reafirmando as cobranças que são feitas pelos cartazes e faixas - que expressam o desgosto e o ódio pela suja política que se pratica no Brasil - como se tivessem acabado de chegar ao poder e reconhecendo os desmandos que se praticam e praticaram.
Não se pejam de pronunciar frases do tipo "é preciso ouvir a voz das ruas", "é preciso iniciar mudanças", "renovação"... Os esforços para não serem ultrapassados, os esforços para continuarem agarrados ao poder, os esforços enfim, para continuarem a usufruir das bonanças que a vida pública brasileira propicia em mordomias para os que estão no trono político.
Não basta o exercício da hipocrisia, não bastam os escândalos de aventuras amorosas, os lobbys, a corrupção, o protecionismo. Não basta o desfile das mesmas figurinhas por anos a fio com os seus discursos caquéticos e anacrônicos, não basta o coronelismo, a dominação, o empreguismo da parentela... E vêm cinicamente perguntar o que está acontecendo...
Não é bem o que está acontecendo... É o que precisa acontecer: RENOVAÇÃO!
Que esse povo que saiu do facebook e contaminou o país, leve sua luta às urnas.
Que continue ecoando o grito de "VAMOS MUDAR O BRASIL!"
Como dizia um cartaz no meio da multidão, carregado por uma jovem: "DESCULPEM O INCÔMODO. ESTAMOS MUDANDO O BRASIL!"
Que venham mais incômodos... Eles são bem-vindos e nada têm a ver com ladrões, fascistas, desordeiros, que se aproveitam do momento para vandalizar e descaracterizar a cobrança popular por políticas decentes.
Abaixo o Brasil cor-de-rosa!
m.americo
Falou de governantes assim, no plural. Mas espremeu os olhos para exergar Dilma Rousseff ao fundo:
“Para mim, fica claro que o Brasil cor-de-rosa, pintado e cantado em verso e prosa na propaganda oficial, do Brasil sem miséria, das empresas batendo recordes de produção, da saúde e da educação avançando, não encontra correspondência na vida real das pessoas.”
Ecoando FHC, Aécio disse:
“Esse movimento que ocorre hoje em todo o Brasil não pode nem deve ser apropriado por ninguém. Seria um grande equívoco porque não seria legítimo. É um movimento difuso, mas que encontra em certa insatisfação generalizada o seu motor, o seu combustível maior. É preciso que primeiro respeitemos o movimento.”
Lero vai, lero vem, um repórter recordou a Aécio que a encrenca começou em São Paulo. Um reajuste dos transportes públicos acendeu o pavio. A repressão policial aos primeiros protestos levou à explosão. O que acha dos que tentam transferir parte da responsabilidade para a gestão do correligionário Geraldo Alckmin?
“Acho que, se tentaram, isso não tem o menor efeito”, disse Aécio.
“Repito, acho que, obviamente, os que estão no governo têm maiores preocupações, quaisquer que sejam os partidos políticos. É isso que ocorre não apenas no Brasil, isso ocorre no mundo. As redes, hoje, a internet é um avanço do nosso tempo. Portanto, esses movimentos, que ocorrem hoje, no Brasil, ocorreram ao longo dos últimos anos em outros países do mundo. Temos que recebê-los respeitosamente…”
Como se vê, as ruas arrancaram os políticos da zona de comodidade. Não há mais espaço para lentes bifocais. O cor-de-rosa foi substituído pelo cinza nas três esferas de governo –da seara federal de Dilma Rousseff ao âmbito municipal de Fernando Haddad, passando pelo estágio estadual de Geraldo Alckmin - ou do tucano Antonio Anastasia, sob cujo bico a PM se esquece de maneirar. O resto é ilusão de ótica.
19 de junho de 2013
Josias de Souza - UOL
NOTA AO PÉ DO TEXTO
O Brasil saiu do facebook. O que trará o futuro dos movimentos que estão nas ruas, ainda é muito cedo para avaliar. Não tem cores partidárias, não pertence a partidos. É a voz rouca das ruas, cansada dos desmandos e do abandono absoluto das mais básicas políticas públicas, com saúde, educação e segurança pública, que acorda com os custos absurdos de uma Copa, verdadeira esbórnia e ladroagem.
Não adianta certas mídias tentarem reduzir a dimensão dos acontecimentos. R$ 0,20 foi a fagulha da explosão que incendiou o palco, que vem expressando algo muito claro: cansaço de esperar mudanças, frustração, desperdício.
A grande novidade é a capacidade de aglutinação das redes sociais, a força de estabelecer unidade no berro, o novo instrumento que a partir de agora deve ser incorporado a política das ruas, do povo, da democracia.
Esses partidos carcomidos e viciados não refletem mais os anseios do Brasil. Partidos sem programas de interesse público, lotados de conhecidos políticos que apenas visam interesses pessoais, interesses de poder, interesses escusos...
Esses partidos, metaforicamente podem ser definidos como figueiras secas. Nada oferecem de frutos que sirvam de alimento e de esperança para o povo.
Fica insuportável ver o cinismo de políticos retratados na mídia televisiva elogiando o movimento, reafirmando as cobranças que são feitas pelos cartazes e faixas - que expressam o desgosto e o ódio pela suja política que se pratica no Brasil - como se tivessem acabado de chegar ao poder e reconhecendo os desmandos que se praticam e praticaram.
Não se pejam de pronunciar frases do tipo "é preciso ouvir a voz das ruas", "é preciso iniciar mudanças", "renovação"... Os esforços para não serem ultrapassados, os esforços para continuarem agarrados ao poder, os esforços enfim, para continuarem a usufruir das bonanças que a vida pública brasileira propicia em mordomias para os que estão no trono político.
Não basta o exercício da hipocrisia, não bastam os escândalos de aventuras amorosas, os lobbys, a corrupção, o protecionismo. Não basta o desfile das mesmas figurinhas por anos a fio com os seus discursos caquéticos e anacrônicos, não basta o coronelismo, a dominação, o empreguismo da parentela... E vêm cinicamente perguntar o que está acontecendo...
Não é bem o que está acontecendo... É o que precisa acontecer: RENOVAÇÃO!
Que esse povo que saiu do facebook e contaminou o país, leve sua luta às urnas.
Que continue ecoando o grito de "VAMOS MUDAR O BRASIL!"
Como dizia um cartaz no meio da multidão, carregado por uma jovem: "DESCULPEM O INCÔMODO. ESTAMOS MUDANDO O BRASIL!"
Que venham mais incômodos... Eles são bem-vindos e nada têm a ver com ladrões, fascistas, desordeiros, que se aproveitam do momento para vandalizar e descaracterizar a cobrança popular por políticas decentes.
Abaixo o Brasil cor-de-rosa!
m.americo
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